Correio do Minho

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A Escola e o Sucesso Escolar

Os bobos

Voz às Escolas

2014-04-10 às 06h00

Luisa Rodrigues Luisa Rodrigues

A existência de evidências científicas que provam que o nível de desempenho escolar dos alunos tem um forte impacto no seu percurso académico, e que este, por sua vez, condiciona o seu futuro, o que, aliás, não levanta dúvidas, sustenta o investimento da escola no campo da procura de 'receitas milagrosas' que invertam o sentido dos resultados.

Convém, no entanto, não esquecer que o desempenho escolar de um número significativo de alunos, em crescendo, saliente-se, depende de uma variedade de fatores, alguns dos quais em áreas de intervenção extremamente complicadas e em que o papel da escola é diminuto.
As condicionantes de ordem social e económica assumem, na atual conjuntura, um peso acentuado, podendo, mesmo, ser consideradas como factor número um na elencagem das causas do insucesso escolar.

Talvez a situação assuma contornos mais graves em meios em que a taxa de desemprego tem vindo a aumentar e em que, exista ou não uma correlação direta, a desagregação das famílias tem tido um crescimento preocupante.

Por outro lado, os vícios decorrentes do subsidiarismo, por falta de uma política de retaguarda que obrigue à prestação de contas, constitui um dos grandes inimigos com que a escola tem que se confrontar, na tentativa de encontrar a melhor forma de impor regras de conduta e de defesa de valores que favoreçam aprendizagens de sucesso.

Há, contudo, em todo o processo, uma responsabilidade que cabe à escola, e a que ela não se furta. Há comportamentos passíveis de ser alterados, pelo que a escola, consciente de que a melhoria das condições de ensino e aprendizagem tem repercussões decisivas no desempenho escolar dos alunos, reinventa estratégias para suprir as lacunas do facilitismo instalado, promovendo uma panóplia de atividades de compensação, a que se designou chamar de Medidas de Promoção do Sucesso Escolar.

Ou seja, existindo um conjunto de evidências que sugere que os esforços de melhoria das condições oferecidas aos alunos, pelas escolas, resultam em melhoria dos seus resultados escolares, e que é possível realizar-se uma intervenção mais incisiva no sistema educativo, no sentido de se otimizar os percursos académicos dos alunos, temos vindo a assistir ao aumento significativo de práticas inovadoras no campo do reforço do currículo.

Coloca-se, então, a questão de saber até que ponto serão as escolas capazes de continuar a enfrentar desafios desta natureza quando os recursos escasseiam, os alunos resistem, a família se desresponsabiliza e os resultados continuam a ser avaliados com a frieza que só os números comportam.

Em consciência, todos sabemos que, cada vez mais, o sucesso não depende só da escola. A montante, prevalece a velha questão da necessidade de coerência entre o que se ensina e o que se deve ou não exigir. Questão que preocupa os profissionais de educação e que continua sem resposta, pelo menos uma resposta que tenha um princípio, um meio e um fim.

A eficácia na Educação, que passou a ser um domínio a merecer uma crescente atenção, carece de uma política sustentável em que todos os intervenientes, desde a família ao MEC, se comprometam, através da definição de um currículo sequencial com coerência, materializado em programas articulados que potenciem a melhoria das práticas, ao encontro do sucesso que a escola persegue e nem sempre atinge.

Por outro lado, e atendendo aos fatores externos que comprometem o sucesso de um número significativo de alunos, há necessidade de estabelecer prioridades, ao nível dos recursos, e dotar as escolas de um corpo técnico especializado que assuma a intervenção na área social e no acompanhamento de comportamentos desviantes, deixando aos professores tempo e espaço para reinventar a escola e atingir o tão propalado sucesso.

Porque todas as escolas são de sucesso, o sucesso é que tem que ser analisado conjugando uma diversidade de variáveis.

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