A Primavera começa com o chorrilhar dos pássaros, o canto dos pombos bravos, rolas, cuco, poupa e andorinhas, embora agora raras as espécies do cuco e poupa, mas ainda as oiço por estes lados. É bom verem os homens e mulheres do campo, nas fainas agrícolas, já de mangas arregaçadas, porque o sol da Primavera assim o exige. Sou filho de lavradores/caseiros e também gosto do campo e seus afazeres. Fui, nos anos 70, criado a servir, ganhando 100 escudos por mês, num lavrador já falecido, em São Julião de Passos. E, aproveito este momento, para lhe prestar uma justa homenagem. Chamava-se Tio Constantino. Ele e a Tia Ana trataram-me e acolheram-me tão bem... não havia diferenças entre os filhos e o ‘criado’. Ainda hoje mantenho uma relação de amizade com eles já que os visito uma vez por ano; na Páscoa, ou no Natal. Foi esta a minha escola de vida e aquela que me fez crescer para o mundo.

Falando um pouco de Morreira e Trandeiras, as pessoas vivem mais da agricultura uma vez que o comércio e a indústria são poucos, porque o poder local nunca nos apoi-ou no tecido empresarial, não obstante haver muitos terrenos e quintas abandonadas, pois a distância entre Morreira e Trandeiras é só de sete, oito quilómetros, com boas vias de acesso e variantes.
Como autarca cheguei a sugerir um parque industrial, assim como a cidade desportiva entre o campo de Trandeiras e a Quinta da Boavista (hoje Pousada da Morreira) e Quinta Vilar do Meio, assim como uma piscina de água quente para servir toda a população à sua volta e aí sim... cresceríamos como as freguesias vizinhas.
Aproveito para desejar a todos uma boa Páscoa.