A responsabilidade de todos
Ensino
2019-01-16 às 06h00
A violência e os abusos entre pares na infância e adolescência são cada vez mais fatores de preocupação da sociedade atual. A consequência para quem pratica e para quem sofre de bullying pode, caso haja continuidade das ações na vida adulta, chegar a extremos como a delinquência (para quem pratica o bullying) ou suicídio (para quem sofre de bullying). É sabido da importância que o desporto tem na socialização, na integração e aceitação entre os pares, na influência sobre a autoestima, sobre a confiança, sobre as atitudes e valores, sobre o saber estar e acima de tudo, sobre o respeito. Esta influência é apresentada pela história real que apresento, começando, tal como uma boa história começa, com um “Era uma vez” (para garantir o anonimato do rapaz em questão, não será atribuído qualquer nome nem a modalidade praticada):
Era uma vez um menino de 13 anos que começou a ser o alvo preferido dos colegas para as brincadeiras pelas suas caraterísticas físicas fora dos padrões normais para um rapaz daquela idade. A brincadeira foi-se acentuando e quando inicialmente eram duas a três crianças a exercer abusos essencialmente psicológicos, rapida- mente passaram a ser nove ou dez.
O menino, que já se sentia diferente de todas as outras, via a sua diferença como um meio para o atingirem, para o reprimirem, para o deprimirem, para o desrespeitarem. Com o agravar da situação, este menino começa a ser acompanhado por especialistas, mas sem grande sucesso. Durante várias consultas, uma das funcionárias operacionais foi acompanhando todo o processo até que viu uma oportunidade para este menino ingressar num clube desportivo de forma a potenciar as suas caraterísticas físicas. Com alguma relutância, a mãe deste menino e o próprio menino acedem ao conselho e vão “experimentar” o desporto.
No primeiro treino, um olhar tímido e sem confiança foi o que sobressaiu, mas um sorriso de orelha a orelha surgiu, quando viu que afinal ele não era diferente dos outros, porque naquele desporto ele era apenas mais um.
A partir desse dia, este menino começou a treinar quase diariamente, começou a sorrir, começou a interagir, começou a integrar-se, começou a socializar, começou a ser criança novamente. O olhar tímido rapidamente desapareceu, os ombros encolhidos deram lugar a um peito aberto, os olhos rebaixados deram lugar a um olhar em frente com o queixo bem levantado, a passada frágil deu lugar a uma passada firme, a vergonha deu lugar à confiança. O desporto transformou uma criança.
Neste momento, e num espaço de 2 anos, esta criança já com 15 anos, representa a seleção nacional da modalidade que, apesar de não ter sido ele a escolher, foi a modalidade que o acolheu.
O desporto, para além do carater competitivo que lhe está inerente, deve ser considerado como um dos principais meios de socialização entre as crianças e jovens, porque, na verdade, dos milhares de crianças que praticam desporto, as que realmente chegam à elite é uma percentagem muito reduzida. Assim, dado o carater abrangente do desporto na sociedade, importa pensar o desporto como meio de desenvolvimento pessoal e social.
14 Março 2024
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