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Cultura plena

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Ideias Políticas

2018-12-11 às 06h00

Carlos Almeida Carlos Almeida

Nas últimas semanas, nem sempre pelos melhores motivos, é verdade, Braga tem sido notícia pela sua dinâmica e pelas opções no plano cultural.
Comecemos então pelo positivo:
É conhecida há algum tempo a pretensão de Braga se tornar Capital Europeia da Cultura em 2027. Tendo esse objectivo no horizonte, o município apresentou na passada semana a equipa que está desde há alguns meses a trabalhar numa estratégia cultural a que chamaram de Braga Cultura 2030, lançando para o efeito um sítio na internet com o mesmo nome. Ainda que o processo esteja no período preparatório, e portanto, nesta fase, seja ainda difícil perceber propriamente qual será a estratégia, não quero, de todo, desvalorizar o espírito de abertura e o esforço de auscultação em desenvolvimento. Pelo contrário, entendo que esse é um óptimo sinal, que, aliás, devia replicar-se noutras áreas de acção municipal. O envolvimento dos cidadãos, agentes culturais, associações e colectividades é, sem margem para dúvidas, um bom caminho a percorrer. Obviamente, não é condição única, mas quando se começa por aí, a expectativa fica elevada perante uma estratégia cultural há muito reclamada pelos bracarenses.

No mesmo sentido positivo, ontem mesmo, foram aprovadas pelo executivo municipal duas propostas que podem vir a representar um avanço significativo na programação artística e na salvaguarda do património cultural do concelho.
Por um lado, a alteração aos estatutos do Teatro Circo – Empresa Municipal, alargando as suas competências de gestão e programação de espaços culturais, que abre um campo de possibilidades muito interessante, permitindo maior articulação e planeamento, bem como melhor gestão de meios e recursos.
Por outro, a aprovação de uma adenda ao protocolo de colaboração entre o município e a Universidade do Minho tendo em vista a concretização do projecto de valorização, musealização e adequação à visita da área arqueológica das Carvalheiras, que possibilita, finalmente, o arranque de um programa de salvaguarda patrimonial para aquele quarteirão.

Tinha tudo para ser um dia feliz para a cultura e defesa do património local, não fosse a teimosia do governo da Câmara Municipal no processo relativo à fábrica Confiança. Tal como previsto, ontem foi também dia da visita da Comissão de Cultura da Assembleia da República às antigas instalações da Confiança. Os deputados vieram conhecer de perto o valor patrimonial deste imóvel, propriedade do município, mas não puderam contar com a desejável hospitalidade e acompanhamento por parte do edil bracarense. Um mau sinal, neste caso, representativo de uma visão ambígua e incoerente sobre o conceito de defesa e valorização do património cultural da cidade. O que, na verdade, não se percebe, desde logo porque contrasta com o que, aparentemente, são os pressupostos de uma nova estratégia cultural, que identifica como necessários novos espaços e equipamentos, tendo em vista a democratização da produção e fruição culturais e um apoio mais permanente e consistente ao movimento associativo cultural.

Neste contexto, parece-me um absurdo que o município, aspirante a Capital Europeia da Cultura, desperdice uma oportunidade de requalificação de um exemplar único do seu património industrial, a pretexto de interesses economicistas imediatos.
Não fosse a cultura, por si só, - quer pela regeneração do espaço público, quer pela criação de emprego nos sectores criativos e culturais, ou ainda através do apoio a projectos na área da inovação e do conhecimento - uma via estrutural para o desenvolvimento urbano, turístico e económico da região.

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