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Ideias

2017-04-14 às 06h00

Margarida Proença Margarida Proença

Notícias estranhas, num mundo que vai parecendo cada vez mais estranho. Em finais de março, e de novo a 7 de abril, voltaram a ser usados meios de transporte como armas de ataque a pessoas que seguiam pela rua; em Londres, morreram seis pessoas, em Estocolmo outras quatro, para além de muitos feridos. O ainda mais recente ataque ao autocarro do Borussia Dortmund, ainda que não seja muito clara a motivação.

Entretanto, no Egito, e apenas a três semanas da visita que o Papa fará lá, houve dois atentados sucessivos com bombas em igrejas copta em Alexandria e Tanta, quando se celebrava a missa de Domingo de Ramos. Morreram 44 pessoas, para além de mais de uma centena de feridos. Os coptas são uma minoria cristã muito antiga, a mais numerosa no Médio Oriente; representam 10% da população do Egito, e dei por mim a pensar que teria acontecido à Mona, ao tempo uma jovem copta, de grande inteligência, cultura e sensibilidade, amiga e colega no doutoramento em Economia muitos anos atrás.

E de novo armas químicas lançadas sobre uma cidade (e se tivesse nascido na Síria?), a imprevisibilidade política de Trump, o início do processo do Brexit, a inoperabilidade real do G7, o grupo dos países mais ricos e industrializados do mundo em grande parte explicada pela ausência de verdadeiros líderes, as eleições em França que se aproximam num contexto de grande preocupação - a lista poderia continuar… Ouvindo estas notícias, a minha neta, que tem sete anos, dizia-me : “Avó, ainda bem que vivemos em Portugal!” .

O INE acaba de rever em baixa o défice em 2016, que passou a ser de 2% do PIB. O volume de negócios nos serviços cresceu em fevereiro 5,6%, mais do que tinha já acontecido em janeiro deste ano; evolução análoga verificou-se, nesse setor, no emprego, nas remunerações e na horas trabalhadas. No 1º trimestre de 2017, as exportações aumentaram 13,3% e as importações 14,7% face ao período homólogo; apesar do aumento no défice da balança comercial, o acréscimo das importações não se ficou a dever a bens de consumo, mas a combustíveis e lubrificantes, e a produtos primários.

A economia parece, portanto, estar a recuperar da profunda recessão dos últimos anos, ainda que a gravidade dos problemas do setor bancário, ainda muito longe de estarem ultrapassados, e a necessidade de reformas judiciais que se traduzam, na prática, por uma maior eficiência na resolução de litígios civis, nomeadamente nos processos de insolvência contribuam para níveis de investimento baixos, ainda demasiado baixos para permitir um crescimento sustentável.

O relatório sobre Portugal, da OCDE, chama a atenção para esses problemas, mas volta a chamar a atenção para a importância do acréscimo das qualificações enquanto chave para mais prosperidade e bem estar. Conforme refere, apesar de um extraordinário salto que se verificou, na verdade , o abandono escolar é muito elevado, a taxa de reprovações é demasiada, muito cara e comprovadamente ineficaz, os resultados da aprendizagem traduzem uma significativa associação às origens sócio económicas dos alunos .

Sendo inegável a qualidade da maior parte das nossas escolas e dos nossos professores, tenho vindo a pensar cada vez mais na necessidade de reforçar , de forma significativa, a formação dos nossos estudantes ao nível das chamadas soft skills , a par dos hard skills. Ou seja, não colocando em causa a transmissão de conhecimentos básicos e a aquisição de competências técnicas que venham a permitir o desempenho de uma dada profissão, por exemplo em engenharia ou medicina (os hard skills) , o mundo quem que vivemos exige hoje, e virá a exigir cada vez mais, outro tipo de competências - soft skills como ética, paciência, comunicação, flexibilidade, empatia, organização, coordenação, entre outras, que do ponto de vista cognitivo e sócio-emocional lhes irão permitir ter sucesso em contexto de desafios e mudanças, mantendo comportamentos éticos, responsáveis e exigentes. No seu conjunto, trata-se de valores e atitudes , conhecimentos técnicos e habilidades , e comportamentos coerentes.

O que se passou com os estudantes portugueses em Espanha, menos grave até do que foi sucedendo em anos anteriores, reproduzindo muitas outras histórias de aventuras semelhantes, indicia a necessidade de reforçar este tipo de competências. Neste caso, todos estiveram mal. Agências de viagens que fazem erros na escolha dos alojamentos (no caso, o hotel indica uma quase especialização em seniores), que comercializam viagens para jovens na sua primeira saída a sós com bar aberto, educadores que aceitam tal , hotéis que pressupõem taxas de lucro significativas dada a quantidade de clientes em época baixa, contratos que porventura contraem despesas em serviços alimentares prestados.

Jovens estudantes que incumprem as regras e os calendários estabelecidos, que mantêm comportamentos de grupo de agressividade e excessos. E educadores que tudo justificam , esquecendo que são jovens pré-universitários que daqui a três, quatro anos serão profissionais, construtores do futuro.

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