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O Natal e a Luz da Paz de Belém

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O Natal e a Luz da Paz de Belém

Escreve quem sabe

2018-12-14 às 06h00

Carlos Alberto Pereira Carlos Alberto Pereira

No primeiro domingo do Advento (2.dez), começou o tempo litúrgico de preparação para o Natal. O Papa Francisco, na recitação do “Angélus”, convidou os cristãos a: «durante estas quatro semanas, nós somos chamados a deixar um modo de viver resignado e costumeiro e alimentar esperanças e sonhos para um futuro novo», afirmando que «O Advento convida-nos a um compromisso de vigilância, olhando para fora de nós mesmos, alargando a mente e o coração para nos abrir às necessidades dos irmãos e ao desejo de um mundo novo: é o desejo de tantos povos martirizados pela fome, pela injustiça e a guerra; é o desejo dos pobres, dos fracos, dos abandonados». Neste contexto o papa declarou: «Neste momento, gostaria de tomar como minha a esperança de paz das crianças da amada Síria, martirizada por uma guerra que dura há já 8 anos» desafiando todos os cristãos a associar-se, com ele a uma iniciativa solidária da fundação pontifícia “Ajuda à Igreja que Sofre”, ao acender uma vela, num gesto repetido em vários países do mundo por crianças sírias e comunidades católicas.
Este desejo ou voto de Natal do Papa Francisco, enforma todo o espírito da cerimónia da Luz Paz de Belém, este ano sob o tema: Uma Luz que marca cada Partilha, que se realiza, neste tempo de Advento e que consiste na distribuição da luz da gruta da natividade (Belém) nas nossas comunidades, na nossa sede e na nossa casa, representando, por isso, uma forte mensagem de Esperança e Paz. Este ano, esta Luz, vinda diretamente da Igreja da Natividade, será distribuída, a todos os Núcleos e Agrupamentos, no Santuário de São Torcato, em Guimarães, no dia 19 de dezembro de 2018, pelas 21:30h.
O desejo implícito do Papa Francisco para que o Natal não seja só aquele dia ou esta quadra, mas que seja todos os dias da nossa vida e recordei alguns poemas de vários autores que nos falam do Natal:
a) De Ary dos Santos, Natal é quando um Homem quiser!, colocando a pessoa como o protagonista que é do ser em comunidade: «Natal é em Dezembro / Mas em Maio pode ser / Natal é em Setembro / É quando um homem quiser»;
b) De Vitorino Nemésio, Natal Chique, apontando, como Francisco, na direção dos mais frágeis: «Valeu-me um príncipe esfarrapado / A quem dão coroas no meio disto, / Um moço doente, desanimado… / Só esse pobre me pareceu Cristo.»;
c)De Manuel du Bocage, Natal, sublinhando o ponto central da mensagem do Nascimento do Deus Menino: «Vejo na palha o Redentor chorando, / Ao lado a Mãe, prostrados os pastores, / A milagrosa estrela os reis guiando.» e «Vejo-O morrer depois, ó pecadores, / Por nós, e fecho os olhos, adorando / Os castigos do Céu como favores.»;
d) De Mário de Sá-Carneiro, A Noite de Natal, focando a alegria das crianças que recebem os seus presentes: «Em a noite de Natal / Alegram-se os pequenitos; / Pois sabem que o bom Jesus / Costuma dar-lhes bonitos.»;
e) De Miguel Torga, Natal Divino, recordando, com tristeza e nostalgia, os natais de infância: «Natal divino ao rés-do-chão humano, / Sem um anjo a cantar a cada ouvido. / Encolhido / À lareira, / Ao que pergunto / Respondo / Com as achas que vou pondo / Na fogueira. / O mito apenas velado / Como um cadáver / Familiar... / E neve, neve, a caiar / De triste melancolia / Os caminhos onde um dia / Vi os Magos galopar...»;
f) De Eugénio de Andrade, Último Poema, vivendo a solidão de Natal, que bem pode ser também a do quotidiano: «É Natal, nunca estive tão só. / Nem sequer neva como nos versos / do Pessoa ou nos bosques / da Nova Inglaterra. / Deixo os olhos correr / entre o fulgor dos cravos / e os dióspiros ardendo na sombra. / Quem assim tem o verão / dentro de casa / não devia queixar-se de estar só, /não devia.»;
g) Finalmente de David Mourão-Ferreira, Voto de Natal, embebido pelo Espírito Natalício, personalizado no Amor e na Esperança: «Acenda-se de novo o Presépio no Mundo!

Acenda-se Jesus nos olhos dos meninos!
Como quem na corrida entrega o testemunho,
passo agora o Natal para as mãos dos meus filhos.
E a corrida que siga, o facho não se apague!
Eu aperto no peito uma rosa de cinza.
Dai-me o brando calor da vossa ingenuidade,
para sentir no peito a rosa reflorida!
Filhos, as vossas mãos! E a solidão estremece,
como a casca do ovo ao latejar-lhe vida...
Mas a noite infinita enfrenta a vida breve:
dentro de mim não sei qual é que se eterniza.
Extinga-se o rumor, dissipem-se os fantasmas!
O calor destas mãos nos meus dedos tão frios?
Acende-se de novo o Presépio nas almas.
Acende-se Jesus nos olhos dos meus filhos.»

P.S. Aproveito, irmanado no Espírito Natalício dos diversos autores, para redistribuir aos leitores e colaboradores do Correio do Minho votos de uma Santo Natal e de um Feliz Ano Novo.

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