A responsabilidade de todos
Voz às Escolas
2019-02-28 às 06h00
Atualmente, a sociedade portuguesa recebe e aceita uma espécie de diagnóstico anual sobre o desempenho de cada unidade educativa do país, com base em resultados finais que se entrelaçam entre resultados internos e externos, estes últimos conhecidos por exames nacionais.
Desde o início, sempre se questionou a “mistura”, e passo a explicar: por que razão se hão-de comparar dois processos incomparáveis? Há interesses particulares? O que move este estudo analítico anual comparativo? Quem promove este trabalho? Para Quê?
Sensatos, poderíamos dizer, compara-se dentro do comparável!
Nesta digressão discursiva, é de bom tom apontar para o futuro próximo, apelando a que não mais apareçam nas páginas dos jornais quadros comparativos onde estejam ensino privado e ensino público como se estivéssemos a falar de coisas assentes no mesmo patamar.
Toda a Sociedade portuguesa sabe que os privados escolhem os seus professores e os seus alunos e o seu capital económico, social e cultural, pois também aí, nesse patamar particular há idiossincrasias de classe.
Para o setor público, a grande maioria, resta acolher os seus promissores futuros da nação, sem escolha à entrada da escola de proximidade. Daí, considerar-se ser demasiado penalizador estar constantemente a comparar-se o incomparável.
É pertinente abordarmos a questão do castigo e o da recompensa. Em educação as punições ocupam maior destaque que as recompensas. Elas são mais extensas mais variadas quanto ao modo de administração, mais frequentes e os problemas que levantam são mais difíceis de resolver e até de equacionar. Este paradigma leva-nos ao resultado académico e às suas injustiças, ao ponto de censurarmos esta ou aquela classificação atribuída por esta ou aquela escola, e por aí fora.
Seguindo em frente, numa apologia positiva do bem estar dos nossos jovens aprendentes, sugere-se que para bem da nação, para bem de todos os envolvidos no processo educativo, devemos promover, cada vez mais, uma educação assente na responsabilidade. A criança deve aprender que os seus atos o comprometem pessoalmente. A sua colaboração deve estar enraizada no capital Família e no capital Socialização entre pares, pois só assim teremos o mínimo de condições para operar no desenvolvimento das competências previstas para cada nível etário.
É cada vez mais premente a transformação do clima familiar, lugar onde os progenitores devem incutir nos seus descendentes valores e ações de responsabilidade sobre a escola, como o sentido de responsabilidade, de amizade, de colaboração, de participação, de envolvimento, de respeito pelos outros e de compromisso para com o seu país.
Nos tempos que correm, pede-se ao profissional da educação que faça da sua ação um momento educador e formador e sempre que possível recompensador para ambas as partes.
Para tal, a afetividade deve estar presente no ato ensino –aprendizagem, promovendo a dita recompensa tão importante no sucesso de cada aluno. Compreende-se bem que é preciso ajudar os nossos jovens, não lhes pedindo mais do que aquilo que podem fazer .No final esperamos que se tornem , a par e passo, responsáveis de si próprios.
Em síntese, é preciso ajudá-los a forjar, tão depressa quanto possível uma consciência realista, que se decidam na escolha entre o bem e o mal, não em função de punições ou recompensas, ver os Rankings, com as quais os pais e a Sociedade sancionam os seus atos , mas sim em função dum absoluto que encontrarão em si com a ajuda daqueles.
Termino com uma aparente acalmia, junto ao Atlântico Norte que não para de exaltar os que o olham.
A concorrência é, na verdade, viva!
Não renunciemos ao culto dos verdadeiros heróis como meio educativo. Compete-nos apresentá-los aos nossos alunos com carácter eterno sem os impor. Trata-se de uma questão de sedução útil e necessária para conseguir que as gerações atuais que os nossos jovens representam, juntamente com a forte componente digital ao seu dispor, continuem a sonhar com uma Humanidade serena e consciente do seu percurso universal.
14 Março 2024
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