Correio do Minho

Braga, quinta-feira

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Um ano exigente, imprevisível, marcado pelo optimismo

Os bobos

Escreve quem sabe

2018-01-07 às 06h00

Manuel Barros Manuel Barros

Perspetiva-se um excelente ano de 2018. Apesar do mau tempo no canal de passagem dono velho para o ano novo. Um preâmbulo que não tem nada de original. Não fora a causa da instabilidade da atmosfera política, provocada por uma insólita alteração à lei do financiamento dos partidos Políticos, centrada na isenção do IVA. Detonada pelos processos pendentes a partir do regime de aplicação deste imposto, por razões de discordância de alguns dos interessados e, simultaneamente, autores da respetiva iniciativa legislativa.
Todos foram responsáveis, mesmo os que denunciaram a situação. Participaram no processo legislativo gerado no silêncio da cumplicidade parlamentar em torno deste assunto. Um necessita, ardentemente, de equilibrar as suas contas e saldar uma dívida polifacetada e de dimensão muito considerável. Outro pela vantagem consubstanciada na manutenção do financiamento não fiscalizado e encapotado, que resulta da organização de uma festa, que não deixando de merecer o nosso respeito pela sua notoriedade cultural, não deixa de incorporar uma constelação de negócios, cujas mais-valias devem ser tributadas.
Outros ficaram a assobiar para o lado, votando favoravelmente a sua aprovação. Dando o dito por não dito na hora da contestação, e quando se começou a adivinhar o veto do Presidente da República.
Brad Smith responsável pelos assuntos legais da Microsoft, defensor da segurança dos cidadãos em relação aos ataques cibernéticos e da defesa de sua privacidade online, considerando-as como nova dimensão da organização política das sociedades modernas, afirmou a este respeito que, “a democracia é o grande bastião da Humanidade, e temos de ter a certeza de que vai perdurar no futuro”. Dando conta do que atualmente, a ação política já não é um monopólio dos partidos, tornando essa responsabilidade extensiva a outros atores sociais, com especial destaque para as empresas tecnológicas. Apesar de reconhecermos e defendermos, que os partidos continuam a desempenhar um papel estruturante na construção dos sistemas políticos modernos, como afirmam em unanimidade, os responsáveis dos setores mais influentes da nossa sociedade.
Recaindo sobre a sua responsabilidade e missão, constitucionalmente legitimada, a responsabilidade do exercício do poder legislativo, assente nos princípios da transparência, da ética e dos limites das funções que exercem no Governo e no Parlamento, nos seus mais diversificados estatutos e circunstâncias. De forma a defenderem os interesse de um povo, que espera ansiosamente por um modelo de desenvolvimento, que responda à melhoria das suas condições de vida, que promova um efetivo equilíbrio entre o litoral e o interior, e de um sistema de governação mais organizado, mais justo e igualitário.
Numa altura, em que se fala da reinvenção do país, da consolidação da economia, da reconstrução do interior molestado pelas catástrofes e esquecido, de forma reincidente, pelos sucessivos governos. Um interior dotado de boas estradas, que têm sido construídas para facilitar a fuga das pessoas, sobrecarregando os grandes centros, onde a qualidade de vida é cada vez mais difícil de assegurar, deixando em pânico uma população envelhecida, que está a aumentar vertiginosamente, abandonada à sua própria sorte.
Apesar de tudo, o ano de 2018 está a inspirar uma forte esperança e um grande otimismo. Com mais ou menos reservas, são partilhados por um vasto leque de líderes políticos, universitários, empresariais, sociais, culturais e desportivos. A avaliar pelos depoimentos publicados pelo Jornal de Negócios, são realçadas expectativas fortes, de melhoria da qualidade de vida dos portugueses, e na nossa capacidade de regeneração e de esperança no futuro.
No entanto, chamam à atenção para o facto de Portugal, apresentar números ainda pouco sustentáveis, na retoma do crescimento e na descida do desemprego. O sector imobiliário deverá continuar a crescer, o que poderá aumentar a exposição ao risco pelos bancos e famílias. A ausência de reformas estruturais, assim como a facilidade de acesso ao crédito, a manutenção dos baixos rendimentos e o excesso de endividamento das famílias e do país, continuam a ser fatores de risco.
O potencial de instabilidade social, associado às exigências sindicais e de diversos grupos corporativos, estão a criar uma ressonância explosiva na dinâmica de interação política, cada vez mais sujeita a maior à pressão pelos seus parceiros parlamentares, em contraponto com as políticas de contenção orçamental.
Um ano que começa com o Governo em alta, as famílias num estado de euforia consumista, quando temos as melhores condições para fazer diferente, e preparar um futuro risonho. Fazendo de 2018 um ano exigente e imprevisível, que tanto pode ser a consolidação do trabalho de recuperação económica, como descambar por via da instabilidade política e social, de divergência com a União Europeia, na possibilidade de uma nova intervenção externa, se os atores políticos com responsabilidades governativas, optarem olhar para o umbigo para comprarem a simpatia e o voto dos cidadãos.
Reitero com otimismo, a esperança num excelente ano de 2018, para todos!

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