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Histórias de vida que convidam a conhecer pessoas singulares com desejos comuns
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Histórias de vida que convidam a conhecer pessoas singulares com desejos comuns

“O favoritismo é 50/50”

Histórias de vida que convidam a conhecer pessoas singulares com desejos comuns

Braga

2019-12-05 às 06h00

Paula Maia Paula Maia

‘Foi, é, Será’ é o nome do espectáculo que os utentes do Instituto Novais e Sousa protagonizam esta sexta e sábado e que nos conduz numa viagem reflectiva sobre os seus percursos de vida, as suas vivências e as suas aspirações para o futuro.

Citação

É uma viagem que vos propomos.
Um antes, um agora e um depois.
Um foi, um é e um será.
Um tempo que conta como as coisas são, que serão e que foram.
Acompanhem-nos, sigam-nos!Sejam as nossas costas e nós seremos o vosso olhar.

Este é um dos textos que serão declamados pelos utentes do Instituto Novais e Sousa que esta sexta-feira e sábado protagonizarão um espectáculo único no Museu dos Biscainhos, no âmbito da comemoração do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.
‘Foi, É, Será’, que tem já as suas sessões praticamente lotadas, é o tema escolhido para esta performance que nos convida a a uma viagem, uma espécie de peregrinação, no tempo e no espaço pela vida destes jovens com vidas singulares, mas com desejos e perspectivas comuns a todos os cidadãos.

Assistir a esta performance - que conjuga diferentes vertentes artísticas como a música, a dança e o teatro - é como que espreitar o percurso das suas vidas, “corpos com gente dentro”, “gente que vive um presente, mas que já teve passado”, sem que em momento algum se esqueça de sonhar como poderá ser o futuro.
Este é já o terceiro espectáculo que o instituto apresenta à cidade no âmbito na comemoração do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, mas a sua génese é completamente distinta dos anteriores. “A nossa intenção é que viesse de dentro para fora e não de fora para dentro como aconteceu nos anteriores”, diz-nos Eduardo Dias, encenador desta performance, explicando que os textos que serão apresentados são baseados na própria história de vida dos utentes, as suas vivências e os seus anseios. São memórias que prometem aflorar os sentimentos dos espectadores, obrigando-os a uma reflexão, a um olhar atento para estes cidadãos que pretendem ser vistos como “corpos com gente dentro”, embora com limitações.

‘Foi, É e Será’ conjuga o melhor que se faz no Instituto Novais e Sousa em todas as suas vertentes: a artística e a humana.
“Juntámos aos bombos a dança o teatro que tem uma dimensão para o grande público. Para eles é determinante actuar para um público vasto para que as pessoas percebem que eles são tão capazes como qualquer um de nós”, explica Lucinda Vilaverde, directora da instituição.

Habituados a trabalhar em grupo ao nível musical e da dança, o teatro é um vertente artística relativamente nova para estes utentes. E os resultados são surpreendentes. “Eles transcendem-se e nós ficamos verdadeiramente surpreendidos”, assegura Lu cinda Vilaverde, acrescentando que a motivação que estes jovens colocam no teatro os ajuda a derrubar barreiras. “O teatro é uma forma de motivar, de integrar, de os tornar pessoas, de os desenvolver no seu todo, inclusive numa parte que muitas vezes não estamos atentos: a linguagem e a memorização”, continua a directora da instituição bracarense.
A mestria e a entrega desta gente singular surpreendeu toda a equipa que com eles trabalham. “O espectáculo diz muito sobre o que eles pensam, a percepção que têm e o que gostavam que fosse, o que será deles. É uma introspecção”, adianta ainda Lucinda Vilaverde.

“As artes contribuem muito para a qualidade de vida destes utentes”

Através do espectáculo ‘Foi, É, Será, o espectador poderá sentir o pulsar de uma comunidade que se entrega de corpo e alma para ‘trabalhar’ a diferença. A música e a dança tem sido dimensões trabalhadas no Instituto Novais e Sousa que tem demonstrado que estes utentes são “corpos com gente dentro”.
“A música e a dança são áreas com que trabalhamos há muito tempo. Agora despertámos também para o teatro que é um complemento fantástico”, diz Susana Oliveira, psicóloga da instituição, garantindo que as artes contribuem sobremaneira para a qualidade de vida destes jovens, quer ao nível da motivação, da responsabilidade, do empenho e da inclusão na sociedade.
“O?teatro é a dimensão que consegue unir todas as outras. É o elo de ligação, o elemento aglutinador que os liga também ao mundo”, acrescenta Jorge Rodrigues.

À dimensão artística junta-se a dimensão humana, composta por um conjunto de profissionais que fazem da sua sensibilidade um argumento imprescindível para vivenciar experiências com pessoas singulares. “Nada disto seria possível sem uma equipa unida e coesa que trabalha para objectivos comuns”, adianta a propósito o encenador Eduardo Dias.
“Estamos munidos de gente que se entrega a esta causa de uma forma apaixonada”, confirma Lucinda Vilaverde, acrescentando que o trabalho desenvolvido não se esgota no espectáculo que a instituição leva a cabo esta sexta e sábado.“Às vezes surge o conceito de que para o?Dia Internacional da Pessoa com Deficiência tudo se faz e tudo se mostra. Este é o nosso trabalho efectivo, diário. Só não tem esta visibilidade”, assegura a directora da instituição que agradece também à comunidade bracarense todo o apoio dado à causa do Instituto Novais e Sousa. “O ano passado tivemos o Theatro Circo cedido pelo município de Braga. Este ano tivemos o Museu dos Biscainhos”, assegura.

A um dia da grande estreia, a ansiedade é enorme não só entre as quatro centenas de jovens que participam neste espectáculo, mas também de toda a comunidade do Novais e Sousa.
Os protagonistas dizem-se preparados para surpreender tudo e todos. Mas, na fila da frente estarão aqueles a quem dedicam de forma especial este trabalho: a família. É nela que buscam a valorização.
“A verdade é que eles comportam-se como profissionais. Este não é um ‘espectaculuzinho’. É um espectáculo com qualidade”, garante a psicóloga Susana Oliveira, acrescentando que estes têm sido dias intensos “para todos nós”.
António José Coutinho, carinhosamente conhecido por Tozé, será um dos participantes em palco. “Sinto-me nervoso, mas o primeiro espectáculo foi mais difícil”, confessa o jovem que se mostra orgulhoso do trabalho que preparou para esta actuação.

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