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1000 milhões de Euros….

Um batizado especial

1000 milhões de Euros….

Ideias

2022-06-11 às 06h00

Pedro Madeira Froufe Pedro Madeira Froufe

…. para cada uma das três universidades galegas. 1000 milhões de Euros será quanto o PRR espanhol disponibilizará para – repita-se – cada uma das universidades galegas. Será muito? Será pouco? Tudo depende das opções políticas que estiverem na base dessa afetação de recursos de proveniência europeia. Mas para termos uma pequena ideia, dimensionando o projetado impacto que o PRR espanhol terá, em especial, no que respeita ao desempenho dessas três Universidades (Vigo, Corunha e Santiago de Compostela), podemos pensar no seguinte: cada uma das três referidas universidades galegas, por si só, terá à sua deposição uma verdadeira “bazuca”, comparada com as espingardas de pressão de ar ou mesmo fisgas que as suas congéneres portuguesas terão. Com efeito, o PRR português afeta a verba de 252 milhões de Euros para TODAS as universidades portuguesas. Pelo menos, será essa a verba alocada inicialmente pelo governo português, no âmbito dos programas envolvendo as instituições universitárias portuguesas, ou seja, o “impulso Jovens STEAM” e o “Impulso adultos”.

É certo que, segundo informações veiculadas na imprensa, trata-se de uma verba inicial, seja lá o que isso queira significar realmente e em termos finais. De todo o modo - e para que não restem dúvidas – provavelmente também logo inicialmente, uma só universidade galega terá à sua disposição, em termos de plano de resiliência e de recuperação, quase o triplo daquilo que todas as universidades portuguesas, em conjunto, receberão. Fico surpreendido, sobretudo, quando não vejo as reações, debates e notícias que, do lado português e no que a este ponto da distribuição do PRR respeita, creio ser expectável existirem! De resto, em rigor, surpreende-me que pouco se discuta a distribuição do PRR, os resultados esperados e/ou projetados da sua aplicação. É estranho que haja relativamente pouco interesse mediático com o modo como será aproveitado este impulso reformista que, para muitos, será a última hipótese de verdadeira modernização e avanço estrutural, para Estados membros como Portugal. Claro que vivemos uma guerra que, quer queiramos, quer não, tem implicações a prazo no nosso “modo de vida europeu”. Debatemo-nos com um quadro inflacionista pós-pandemia, acelerado pela guerra, que condicionará a vida das populações. É certo que o Banco Mundial, esta semana, reviu em baixa (em baixa acentuada) a previsão de crescimento económico para o próximo ano. No entanto – talvez mesmo por tudo isso, pelos tempos difíceis que se avizinham – creio que, com propriedade, o envolvimento da opinião pública, da comunicação social, da população em geral, deveria ser muito maior. No fundo, o esforço europeu dará ou não frutos consoante as opções políticas nacionais, ou seja, a distribuição e aplicação das benesses europeias dependerá das escolhas políticas dos vários governos e poderes de decisão nacionais e regionais, existentes nos Estados membros. E, por isso mesmo, a transparência e a boa-governação e o sentido de responsabilidade e de empenho na integração europeia, imporiam uma quase obrigatoriedade de motivar toda a população para se inteirar dessas escolhas/opções políticas. Não quero particularizar o caso da investigação e das Universidades, porém, gostaria de saber o que motivou a opção política que, em sede de distribuição do PRR, nesse ponto, foi feita por Portugal. Sobretudo, em comparação com a opção galega.

E não deixo de notar o seguinte: a opção galega, nesta e noutras matérias relativas à utilização da “bazuca” europeia, passou pelo respetivo governo galego. Pelo poder político regional, democraticamente eleito e democraticamente legitimado para, em primeira linha, tomar decisões políticas e reclamar aquilo que define como sendo o respetivo interesse das comunidades que diretamente o elegeram. Portugal, em clara e assumida violação da sua própria Constituição, não dispõe de regiões administrativas. Não é regionalizado (de resto, é dos pouquíssimos casos, na Europa integrada, de Estado não regionalizado). E não quero pensar que a impressão que tenho de que pouco se fala e quase nada se discute e/ou explica sobre estes assuntos, essas opções políticas (boas ou más, justificadas ou não…) também tem a ver com o facto de os principais responsáveis interessados e aplicadores, no dia a dia e no terreno, da “bazuca” (ou da fisga, consoante a perspetiva!) terem que se relacionar com o governo central na lógica da reclamação ou do pedido, devendo, compreensivelmente, ser simpáticos e pouco incómodos para obterem alguma coisa do que querem!
Não quero pensar que a diferença entre 3 biliões e 252 milhões de Euros, também passa (ou só passará?!) pela existência ou inexistência de um poder regional, democraticamente legitimado!
“Post Scriptum” – Acho que este seria um ótimo assunto para ser falado no dia de ontem (no dia de Portugal)

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