Nevoeiro soprado, verão sem mergulho adiado
Ideias
2025-06-22 às 06h00
UM PAÍS QUE AINDA NÃO SABE
A DATA DA SUA FUNDAÇÃO…
E EU NÃO VOU DESISTIR
ATÉ QUE SAIBA.
Portugal é um país de História. De conquistas. De feitos que mudaram o mundo. E se temos orgulho do nosso passado, como devemos ter, então temos também o dever de o conhecer, preservar e, acima de tudo, celebrar com verdade.
Afinal, que país somos nós, que reconhece tantas datas simbólicas da sua História, mas continua sem afirmar, com clareza e coragem, o dia da sua própria fundação?
A resposta está diante dos nossos olhos há séculos: 24 de junho de 1128. Foi nesse dia que se travou a Batalha de São Mamede, em Guimarães. Um jovem Afonso Henriques, ainda príncipe, enfrentou as forças lideradas por sua mãe, Teresa de Leão, e rompeu de vez com a tutela galego-castelhana. Venceu. Afirmou-se. E deu início ao caminho que nos levaria, anos mais tarde, à independência formal de Portugal.
Este momento é amplamente reconhecido pelos historiadores como o ato fundacional da nacionalidade portuguesa. Foi o primeiro passo firme, corajoso e decisivo na construção de Portugal enquanto Estado soberano. Um marco não apenas militar ou político, mas civilizacional. Um ponto de viragem na História da Penín-sula Ibérica e da própria Europa medieval.
Até a Inteligência Artificial sabe. Fiz a pergunta a uma das plataformas mais avançadas do mundo: “Qual é o dia da fundação de Portugal?”, e a resposta foi imediata: 24 de junho de 1128. Se até a tecnologia reconhece o que os nossos próprios representantes políticos teimam em ignorar, que mais é preciso?
Hoje, o 24 de junho é apenas feriado municipal em Guimarães. Mas devia ser mais. Muito mais. Devia ser o Dia Um de Portugal, celebrado com orgulho por todos os portugueses. Tal como o 1.º de Dezembro assinala a Restauração da Independência, e o 5 de Outubro a procla- mação da República, o 24 de junho deve marcar o início de tudo.
Pergunto: como pode um país orgulhoso da sua História continuar a deixar esta data fora do calendário nacional?
Não é por falta de reconhecimento. O Papa Alexandre III reconheceu oficialmente Portugal como reino independente em 1179. E o Tratado de Zamora, em 1143, formalizou a nossa soberania. Mas sem a Batalha de São Mamede, nenhuma dessas etapas teria acontecido.
Há 365 dias escrevi um artigo de opinião sobre este tema. Passou um ano. Nada mudou. E por isso volto a escrevê-lo. Porque não vou desistir.
Enquanto tiver voz, continuarei a escrever, a falar, a defender, a insistir, ano após ano, mês após mês, até que este país saiba honrar a sua origem como merece.
O Presidente da República já reconheceu publicamente a importância da data. Mas e a Assembleia da República? O que está à espera para dar este passo simbólico, mas absolutamente essencial para a afirmação da nossa identidade nacional?
Portugal não nasceu por acaso. Nasceu da coragem, da resistência, da vontade de um povo em afirmar-se. E essa história começa a 24 de junho de 1128, em Guimarães. Num país que se quer coeso, informado e orgulhoso das suas raízes, não podemos continuar a ignorar o princípio de tudo.
Enquanto isso não acontecer, falta-nos um pedaço da nossa identidade coletiva. Um povo que não sabe quando nasceu, está condenado a perder-se no tempo.
É tempo de escrever certo o primeiro parágrafo da nossa História.
24 de junho de 1128. Dia Um de Portugal. E eu não vou descansar até que o seja.
11 Julho 2025
11 Julho 2025
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