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25 de Abril e o caso de Manu(el) Gonçalves

Entre decisões e lições: A Escola como berço da Democracia

25 de Abril e o caso de Manu(el) Gonçalves

Ideias Políticas

2025-05-03 às 06h00

Sofia Travassos Alcaide Sofia Travassos Alcaide

Passaram 51 anos desde o 25 de Abril de 1974. O dia que devolveu a liberdade, a igualdade, a segurança e a sensação de justiça a todos os que viviam e que vivem em Portugal. Há 50 anos atrás, realizavam-se as primeiras eleições livres e, sobretudo, igualitárias – sem discriminações baseadas no género, na literacia, no rendimento, na propriedade, na raça.
Pela primeira vez, em 25 de Abril de 1975 realizaram-se as primeiras eleições livres, abertas a todos os maiores de 18 anos. E temos de celebrar, obrigatoriamente, estas duas datas: 51 anos de liberdade, 50 anos de podermos ser ouvidos e de a nossa decisão nas urnas ser soberana.
E estes festejos adquirem maior dimensão e importância num contexto europeu e mundial em que os extremismos ganham força; o radicalismo exacerba-se; a intolerância ganha espaço. E não podemos ceder à tentação de cair em discursos vazios, que apelam ao extremar de posições; a discursos que apontam para a intolerância, sendo misóginos e racistas; e, ao mesmo tempo, discursos que não apontam ideias para o país e para o nosso futuro coletivo, como um todo agregador.
É aqui, neste ponto, que o caso de Manuel Gonçalves, mais conhecido por Manu, merece atenção e cuidado. É absolutamente de lamentar a perda da vida de Manuel e todo o sucedido que circunda - até ver - o caso. A partir daqui, eu e a Concelhia de Braga da JSD endereçamos as mais sentidas condolências à família e amigos.
E devem-se questionar o que fez a JSD não se ter pronunciado até ao momento, a par de outras juventudes partidárias. O infeliz sucedido não deve servir como gincana política, nem como bandeira eleitoral. Merece respeito e, sobretudo, três reflexões que consideramos fundamentais:
1) O sucedido não deve servir como fundamento para discursos racistas e xenófobos. Sobretudo, há que relembrar que o todo não deve ser visto, nem olhado, nem julgado, pela parte. Relembremos que somos um país tradicionalmente de emigrantes – o Observatório da Emigração, que no início de 2024 publicava o Atlas da Emigração Portuguesa, mostrava que só nos últimos 20 anos, Portugal tinha visto sair mais de 1,5 milhões de cidadãos. Certamente, nenhum de nós gostaria de ver o povo português julgado por um infeliz exemplo. Não podemos cair nas generalizações baratas e populistas – sem prejuízo de podermos concordar com uma política de imigração controlada, segura e, sobretudo, com dignidade para quem chega e para quem recebe. Além de que tudo o que é veiculado na comunicação social deve ser lido de forma cautelosa e sob um juízo crítico, uma vez que várias das informações não foram – até ao momento – confirmadas. Além do mais, devemos ter igual cautela na propagação dessas mesmas notícias que não têm confirmação judicial, sob pena de se criar ruído e, até, por essa via, as investigações serem perturbadas;
2) Devemos permitir que as investigações sejam levadas a cabo, sem criação de suspeições infundadas. Uma das conquistas de Abril também foi a Justiça – através da sujeição de todos a uma lei igualitária. Mas temos de deixar a Justiça fazer o seu trabalho, no seu tempo, sem que se crie contrainformação ou ruído em torno das investigações a efetuar;
3) Reivindica-se o reforço do policiamento nas zonas envolventes à Universidade do Minho e nos bares académicos- reivindicação esta que tem já mais de uma década por parte da JSD Braga. Em março de 2012, era noticiado que Hugo Soares tinha submetido na Assembleia da República um requerimento parlamentar dirigido ao Ministério da Administração Interna onde questionava se havia conhecimento da necessidade de reforço policial nesta zona. Desde então, temos pugnado pelo reforço do policiamento, tendo-se inclusivamente proposto a construção de um posto de polícia nas imediações da Universidade. Reivindicação que a JSD Braga mantém, até aos dias de hoje.
O que pretendemos aqui transmitir é que não ousamos contribuir para o ruído em torno do caso; que não lançaremos mão do infortúnio de uns para o utilizarmos como fonte de propaganda ou exemplo político, e muito menos como angariação de votos à custa da dor alheia.
Pugnamos pela descoberta da verdade; e também pugnamos – porque o tema veio, inevitavelmente, para o centro da discussão pública – por uma política de imigração controlada, com dignidade e segurança para todos os envolvidos. Mas não contem connosco para retirar dividendos políticos deste triste acontecimento.
Celebremos a Liberdade, que tanto custou conquistar. É nossa responsabilidade não nos deixarmos levar por discursos radicalistas e extremistas.
À Justiça o que é da Justiça; à Política o que é da Política.

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