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25 de novembro | Nem mais uma mulher

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25 de novembro | Nem mais uma mulher

Ideias Políticas

2024-11-26 às 06h00

Inês Rodrigues Inês Rodrigues

A violência contra as mulheres é uma epidemia que atravessa gerações, culturas e diferentes estratos sociais sociais, e os mais recentes números, divulgados pela APAV, são um grito de alarme que não pode ser ignorado: o número de mulheres vítimas de violência cresceu quase 9% em face ao ano anterior. Este aumento é um reflexo alarmante de uma realidade que continua a marcar a vida de milhares de mulheres em Portugal e de um sistema que ainda não conseguiu erradicar esta doença. Para nós, é imperativo agir com firmeza e urgência.
A violência contra as mulheres não é um fenómeno isolado ou espontâneo, resulta, aliás, de estruturas sociais que perpetuam a desigualdade de género e normalizam comportamentos abusivos. Os números avançados pela APAV podem ter várias análises. Se por um lado o aumento dos número de vítimas apoiadas pela APAV é um indicador de que há mais mulheres a procurarem ajuda, por outro, é também um sinal preocupante de que o problema não só persiste como se alastra.
Portugal dispõe de um quadro legislativo robusto no combate à violência de género, mas os números mostram que a legislação, por si só, não é suficiente. É urgente reforçar as medidas de prevenção, melhorar os mecanismos de proteção e aumentar os recursos para o apoio às vítimas. Mais do que números em relatórios, estas mulheres representam mortes e/ou vidas marcadas pela dor, pelo medo e pela insegurança, muitas vezes sem uma rede de suporte adequada para acabar com o ciclo de violência.
O apoio dado por organizações como a APAV ou a UMAR, por exemplo, é fundamental, mas não pode depender exclusivamente do esforço da sociedade civil. O Estado tem a responsabilidade de assumir um papel mais ativo, garantindo financiamento contínuo, formação especializada para profissionais que lidam com vítimas e uma rede de acolhimento acessível e eficaz. Não é aceitável, nos dias de hoje, as mulheres, terem ainda de enfrentar diversas barreiras para denunciar situações de violência, seja por medo, por falta de apoio ou pela desconfiança no sistema judicial.
A solução passa também pela prevenção e essa começa na base, base essa que é a educação. O esforço de combate da violência contra as mulheres passa por implementar, desde cedo, uma educação para a igualdade de género e para o respeito mútuo. O machismo, a misoginia e a normalização de comportamentos abusivos são vistos e reproduzidos em ambientes familiares, escolares e sociais e, infelizmente, digitais. E é essencial que as escolas, enquanto espaços de formação, sejam um terreno fértil para promover uma cultura de não violência e de igualdade. E é aqui que a disciplina de Cidadania ganha um papel central na construção de uma sociedade mais igualitária, com mais respeito e empatia, ao educar para a igualdade de género, para os direitos humanos e para a prevenção da violência. Só com educação conseguimos aprender a desconstruir comportamentos abusivos.
Contudo, nem todos os partidos políticos colocam o combate à violência contra as mulheres como prioridade. O Chega, por exemplo, propôs recentemente cortar fundos destinados à igualdade de género para os alocar às forças de segurança e ex-combatentes, promovendo a segmentação de lutas e ignorando que o investimento em igualdade é também uma forma
eficaz de prevenir a criminalidade. Mas, tanto a JS como o PS, desde a sua fundação, têm um compromisso profundo com a construção de uma sociedade onde as mulheres podem viver sem medo, sem discriminação e sem violência. Esse compromisso traduz-se em exigir mais do Estado, mas também em sermos parte ativa da mudança.
A transformação social começa agora, com um compromisso firme de todos os setores da sociedade. É tempo de colocarmos a igualdade de género e o combate à violência no centro da agenda política, não apenas como uma prioridade ocasional, mas como uma luta contínua e intransigente.
Nem mais uma mulher!

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