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25 minutos de nada ou 4 horas de tudo?

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25 minutos de nada ou 4 horas de tudo?

Ideias Políticas

2024-02-20 às 06h00

Inês Rodrigues Inês Rodrigues

Longe estão os tempos dos debates de 4 horas, acompanhados de um SG Gigante e de um Português Suave, forçados a terminar por falta de bobines.
Quando ouvimos falar em debates, é impossível não recordar o “pai de todos os debates portugueses”. Corria o ano de 1975. Mário Soares e Álvaro Cunhal sentam-se para um debate de flexibilidade horária nunca antes vista: “Hoje, o programa, como diz a imprensa, não tem limite de tempo. Mas também não poderemos estar aqui por muito mais do que, no máximo, vá lá, duas horas”, informava José Carlos Megre. A realidade é que o mesmo durou 3 horas, 40 minutos e 52 segundos.
Atualmente, o debate dura 25 minutos em que 20 deles são marcados por gritaria e insultos e os restantes 5 de propostas, interrompidas por mais gritaria e insultos. A realidade é que cada debate deixou de ser um espaço de apresentação e contraposição de ideias, mas sim um espaço de excelência para o soundbite ou para cada candidato retirar trechos das suas tiradas para as redes sociais.

Não é fácil debater com uma personagem que não tem medo de dizer nada. Para além de não ter o peso da responsabilidade governativa, usa o jargão “dizer as verdades”, ao mesmo tempo que mascara que quer acabar com o Serviço Nacional de Saúde, Educação Pública e um Estado Social que sustenta milhões de portugueses.
Desde que a extrema-direita apareceu na cena política, estes momentos de esclarecimento da população foram substituídos por uma qualquer discussão de futebol mais acesa. Simplesmente não dá para argumentar quando estamos sempre a ser interrompidos ou quando nos chamam uma dezena de “vezes” “hipócrita” ou “frouxo”.

Mas é imperativo que todos os líderes partidários saibam desmontar e desconstruir a extrema-direita e as suas propostas de um bafio dos tempos da “outra senhora" encapotadas sob uma capa de inovação. Não se pode criar a imagem de que quem grita mais alto, defende mais os portugueses e o País.
Mais caricato é, após estes momentos de debate de 25 minutos, ou avançamos imediatamente para o Grande Irmão ou para a novela, ou avançamos para programas onde os comentadores passam horas a fazer a sua análise, atribuindo pontos às mentiras, gritos e a uma ou outra proposta.

Concluíram-se ontem os debates “um-a-um” e mais do que as ideias que ficaram por ouvir ou debater, importa reter que é urgente rever este modelo de debates. Com uma sociedade cada vez mais descontente, urge aproveitar estes momentos de visibilidade nacional para apresentar propostas que mudem o país real, sendo igualmente importante, definir claramente o modelo de avaliação pós-debate.
Foram semanas marcadas pelo grito, pelo pulsómetro, pelas pontuações, mas aquilo que era essencial, ninguém discutiu. Vejam lá, que nem houve tempo para discutir a fundo, o que nos trouxe a estas eleições: a justiça.
Dia 23 de fevereiro, os jornalistas e os líderes políticos têm outra oportunidade. Espero que não falhem, a bem da democracia.

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