Há 50 anos as mulheres em Portugal celebraram o Dia Internacional da Mulher, pela primeira vez, sem medo da prisão. Com um cravo na mão gritaram “somos livres, não voltaremos atrás” e iniciaram assim o processo de transformação do estatuto das mulheres no nosso país.
O caminho para a igualdade começava a ser trilhado com a luta e a força inabalável das mulheres, e foi muito o que conquistámos neste meio século que tem a nossa democracia!
Hoje não queremos aceitar o agravamento das condições de vida e de trabalho e das múltiplas violências que nos afectam na família, no trabalho e na sociedade.
As mulheres continuam justamente a lutar pela igualdade, direitos, justiça social e paz, precisamente porque sabemos o quanto custou chegar até aqui, sabemos o valor do nosso trabalho, sabemos o que queremos e o que não podemos aceitar.
Já não suportamos o peso das desigualdades e discriminações, do trabalho precário e mal pago, do desemprego, da falta de equipamentos e apoios sociais, das violências que não têm fim e da falta de reconhecimento do contributo que damos para o desenvolvimento do país e do mundo. Não queremos continuar a ser reconhecidas como a maioria das vítimas, das pobres e das excluídas. Somos sim a maioria capaz de transformar a nossa sociedade tornando-a mais justa, equitativa e solidária.
Como há 50 anos as que vieram antes de nós fizeram, hoje também lutamos pelo direito a sermos quem somos, a sermos reconhecidas e valorizadas na sociedade. Lutamos pelo direito à educação de qualidade, ao trabalho, pelo aumento geral dos salários, pela progressão na carreira e por reformas dignas. Lutamos pelo direito ao tempo livre, pela diminuição da jornada de trabalho para as 35 horas, por 25 dias de férias anuais para todos, pelo direito a vermos os nossos filhos crescer, a podermos acompanhar o seu desenvolvimento. Lutamos pelos nossos direitos sexuais e reprodutivos, por um melhor acompanhamento da saúde feminina no Serviço Nacional de Saúde, pelo acesso de todas a produtos de higiene menstrual.
Este ano, apelamos à participação de todas mulheres, no dia 8 de Março, na Manifestação Nacional de Mulheres promovida pelo Movimento Democrático de Mulheres, às 14h30 na Praça da República – Arcada, em Braga, para celebrar tudo os que as mulheres já conquistaram neste 50 anos, dar combate às forças retrogradas que pretendem empreender retrocessos na vidas das mulheres do nosso país, e exigir que se concretize a igualdade na vida.