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7, o número da (im)perfeição

Os perigos do consumo impulsivo na compra de um automóvel

Ideias

2017-10-03 às 06h00

João Marques João Marques

Foi este o número de vereadores eleitos, no passado domingo, pela Coligação Juntos por Braga (JpB), num resultado extraordinário e que roça máximos históricos no concelho. O que esta marca demonstra é um reforço assinalável da confiança dos bracarenses na gestão de Ricardo Rio e restantes vereadores, tanto mais que ela é acompanhada por uma descida significativa no principal partido da oposição. Tinha razão Miguel Corais quando dizia que o PS iria ser a surpresa da noite eleitoral, enganou-se apenas no prognóstico…e não foi por poucochinho.

Haverá aqueles que mantiveram o sentido de voto das autárquicas de 2013, entendendo que valeu a pena mudar e que o rumo é para manter, e há os restantes, nada negligenciáveis, que aderiram à ideia de mudança que se iniciou no mandato passado, engrossando as fileiras de apoiantes do edil bracarense. O balanço a fazer não pode escapar ao reconhecimento de um retumbante sucesso, sobretudo se olharmos para os resultados apurados para a assembleia municipal e para o panorama das juntas de freguesia, ambos na mão da Coligação JpB, o que constitui uma outra novidade de enorme relevância.

O que sobra então para a oposição bracarense? Em primeiro lugar há que reconhecer e destacar o reforço de votos na CDU, onde o candidato Carlos Almeida amealhou os ganhos de quatro anos de trabalho sério e empenhado. Não chegou, é certo, para a conquista de um segundo vereador, mas a verdade é que se tornou indesmentível que é ele o líder de facto da oposição em Braga. A carga ideológica, a ortodoxia comunista e a aversão histórica que o norte do país continua a cultivar por um partido e quadrante político contrário ao capitalismo e à economia de mercado, tal como a conhecemos, condena o PCP (ainda que travestido de CDU) a um resultado na casa dos 10%.

Já para o B.E., que se vai (ou não) apresentando a eleições autárquicas consoante os ventos eleitorais (nacionais) lhe sopram de favor, julgo que há uma lição muito clara a tirar do escrutínio de domingo. O constante recurso a insinuações torpes, nunca concretizadas, sempre no limbo da difamação ou calúnia, e a manifesta preocupação em colar Ricardo Rio aos “neoliberais” só vieram pôr a nu as insuficiências de um discurso que se autolimita na ação, descredibiliza no teor e contradiz no confronto com a realidade.

Quanto aos independentes do partido “Nós cidadãos” (?!), julgo que, sem correr o risco de despromover a justíssima ambição de quem entenda concorrer e participar na vida pública da cidade, posso considerar que se tratou de um ato falhado. Creio, até, que a verdadeira mobilização de cidadãos independentes se orientou para o voto em Ricardo Rio, reconhecendo-lhe o enorme trabalho de abertura e auscultação das populações e associações que se movem no espaço público bracarense.

Foram sete, como dizia inicialmente, os vereadores eleitos e este é, como se sabe, o número bíblico da perfeição. Se aceitarmos as premissas do livro sagrado e o transpusermos para o profano mundo da política, teremos que Ricardo Rio “construiu” o mundo novo a que se propunha com 6 vereadores, com os resultados positivos que se conhecem. Mantendo-nos no seguimento da leitura literal das escrituras, teremos, então, agora o risco de, como Deus, Ricardo Rio ser tentado, ao sétimo (vereador), a descansar. E se esse era um privilégio a que Deus se podia permitir, tal não ocorre com o Presidente da Câmara Municipal. Com a eleição de João Rodrigues, presidente da JSD, o que se lhe irá exigir é mais ação, mais criatividade e mais resultados. Até porque se conhecem as capacidades do novo vereador e não há desculpas para que se faça um trabalho ainda melhor.

Com o reforço da equipa da vereação, o líder da autarquia tem agora perfeitas condições para proceder a alguns afinamentos pontuais na distribuição de pelouros, bem como a possibilidade de criar novas pastas, porventura ligadas à aceleração do futuro tão bem defendida durante a campanha eleitoral. Se a isso somarmos as obras em infraestruturas críticas como o PEB ou o mercado municipal, temos a receita certa para o mandato mais que perfeito que este quadriénio poderá trazer.

É, no entanto, esta possibilidade imensa que coloca maiores riscos. As altas expectativas de 2013 parecem não ter caído, mas antes sido revigoradas e incrementadas com o resultado histórico alcançado. Foi a capacidade de afirmar Braga pela positiva, de ouvir e reagir perante os anseios e críticas dos cidadãos e concretizar programas eleitorais ambiciosos, mas realistas, que deram a Ricardo Rio não a possibilidade, mas a obrigação de fazer mais e melhor pelo concelho. E é esta a beleza e a imperfeição de um resultado quase perfeito: é na revolução no pensamento e expectativas dos cidadãos que a Coligação Juntos por Braga encontra o seu mais confortável regaço, mas também a sua mais inóspita tribulação. É na certeza de que está a criar bracarenses permanentemente críticos, livres, atentos e ciosos da sua cidade que Rio triunfa na marca histórica que legará, sempre sabendo que nela reside, ao mesmo tempo, a ameaça maior e o estímulo supremo à manutenção da palavra dada e da sua linha de ação. Uma ameaça com que seguramente vive bem e um estímulo que certamente não dispensará.

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