Correio do Minho

Braga, quinta-feira

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800 m2

Entre a vergonha e o medo

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Ideias

2018-03-20 às 06h00

João Marques João Marques

São mais de 10 hectares de terreno os que a nova cidade desportiva do SC Braga ocupa em favor de um projeto de futuro que se espera ser de sucesso. Não há dúvida alguma que o clube com o nome da cidade tem sido um dos maiores embaixadores internos e externos do nosso concelho dando corpo a uma ideia de poder, ao mesmo tempo, concêntrico e excêntrico de Braga no contexto nacional e internacional. É muito positivo que assim seja e é cada vez mais interessante verificar que os bracarenses apoiam o clube e só o SC Braga. Digo-o de forma tranquila e “imparcial” porque eu próprio, nado e criado em Braga, mas benfiquista confesso, reconheço não só o carinho que a equipa vai gerando na sociedade, mas também o desempoeiramento com que se vai assumindo a marca, a heráldica e as múltiplas valências desportivas do universo SC Braga.

Todos conhecemos os anos negros por que passou o clube. Foram várias e sucessivas as delapidações patrimoniais, as interferências políticas e a confusão, não entre o Braga e Braga, mas entre o Braga e o poder. Seguramente que nem todas as ingerências “paradesportivas” foram motivadas por má-fé ou por um desejo sinistro de prejudicar o clube, mas o certo é que, até ao início da primeira década deste século, o futuro do SC Braga parecia incerto e a perspetiva de descidas de divisão e definhamento financeiro era mesmo uma possibilidade muito séria.

Não há que esconder o inegável mérito de António Salvador no ressurgimento do clube como uma potência desportiva de grande relevância dentro e fora de portas, com o futebol de onze à cabeça, mas sem esquecer as modalidades amadoras. Este projeto de crescimento assentou em bases financeiras sólidas, em opções estratégicas de médio e longo prazo e numa clarividência assinalável na gestão desportiva. Hoje (e a atual temporada não é uma anormalidade) o SC Braga está, ainda, na luta pelo título nacional. Por muito que não dependa apenas de si, é o único clube para lá dos chamados 3 grandes que matematicamente pode lá chegar. Todos sabemos que não será tarefa fácil, mas as competições europeias são praticamente certas e, agora, o Braga só pode mesmo melhorar na classificação. Não vale a pena alongar-me sobre as demais modalidades e o extraordinário trabalho que por lá se faz, gerando-se campeões na terra, na água e no asfalto.

Todo este introito laudatório serve para manifestar alguma perplexidade com a recente polémica da cidade desportiva, relativa à cedência (ou não) de 800 m2 para que os bracarenses pudessem usufruir de uma ínfima parte do investimento, muito relevante e ambicioso, que o SC Braga efetuou e que o concelho apoiou de forma igualmente empenhada.
Não quero fazer um histórico exaustivo do processo que levou à concretização da cidade desportiva do SC Braga, mas não será preciso grande esforço de memória para recordar que nunca tínhamos visto, até ao estalar desta polémica, qualquer declaração do SC Braga contrariando a existência desta contrapartida ou reagindo publica e negativamente quanto à sua inserção nos contratos a assinar com o município.

Tendo o processo decorrido em total tranquilidade e num espírito de profunda cooperação entre as partes, com o executivo municipal e a assembleia municipal a avalizarem por larguíssima maioria o projeto da cidade desportiva e o SC Braga a assumir contrapartidas exigentes mas não desproporcionadas face ao benefício colhido com a cedência dos terrenos do parque norte.
Continuo a achar que não há razão nenhuma para este processo não terminar a contento de todas as partes, mas não deixo de estranhar que a direção do SC Braga possa não querer, sequer, discutir uma alternativa de igual utilidade para usufruto de todos os munícipes. Admitindo que “o corpo estranho” (os bracarenses que não fazem parte do clube enquanto atletas ou profissionais e que possam vir a usufruir das novas instalações) a que o SC Braga se refere na missiva que enviou ao município possa causar constrangimentos excessivos na gestão da cidade desportiva, não vejo porque é que compensar a comunidade com uma alternativa válida possa ter-se por uma substituição das funções do município.
Como dizia, no início, são mais de 10 hectares de terreno cedidos ao SC Braga para prossecução dos seus objetivos desportivos, mas também financeiros. Seria verdadeiramente incompreensível que fossem 800 m2 a manchar um projeto comum, partilhado e assumido por bracarenses e braguistas.

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