Um interessante estudo sobre a compra de livros em Portugal referente ao ano de 2022, realizado pela empresa de estudos de mercado GFK para a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), foi apresentado na conferência Book 2.0, evento organizado por esta associação. Esta conferência (Book 2.0), integrada na Festa do Livro em Belém e realizada pela primeira vez com o objectivo de discutir questões relacionadas com o futuro da educação, do livro, da leitura e so- bre a diversidade e sustentabilidade, teve lugar nos dias 31 de Agosto e 1 de Setembro, no Picadeiro Real do Museu Nacional dos Coches.
Este estudo, intitulado “Mercado do Livro e Hábitos de Compra em Portugal” revela que mais de metade (62%) dos portugueses compraram livros no ano passado, sendo 82% para consumo próprio e 53% para oferecer. Ou seja, 6 em cada 10 portugueses compraram livros em 2022. Deste estudo, ressalta o crescimento de compras na faixa etária entre os 15 e os 34 anos, que corresponde a 28% do total das compras realizadas e a um aumento de 44%, o que é um dado animador para o mercado do livro em Portugal. Na distribuição geográfica das compras, este estudo revela uma subida em Lisboa (5%) e no Sul do país (12%) enquanto no Porto se verificou uma diminuição (10%).
Interessante verificar que os livros mais comprados (69%) são romances, seguindo-se (52%) o romance histórico e (50%) os livros infantis/juvenis, mantendo-se a preferência pelos livros em formato físico em papel (99%) com um ligeiro aumento do formato digital (8% dos inquiridos compraram e-books). De salientar, também, que 47% dos portugueses compraram a mesma quantidade de livros enquanto 23% acabaram por comprar mais, num mercado que disponibilizou 21.115 novos títulos. As compras foram realizadas essencialmente em lojas físicas (88%), na livraria tradicional, contudo o hábito de comprar online também tem vindo a aumentar.
De acordo com os dados apresentados neste estudo, o mercado livreiro em Portugal corresponde em 2022 a cerca de 175 milhões de euros. Este valor, também é interessante e permite verificar a recuperação do mercado após a pandemia Covid, pois, em 2019 o mercado livreiro valia 154 milhões de euros, descendo em 2020 para 129 e subindo em 2021 para 150 milhões de euros.
Podemos afirmar que a maioria dos portugueses mantém o hábito de ler livros. Para o presidente da APEL, Pedro Sobral, «foi muito interessante perceber a importância que os livros continuam a ter nas camadas mais jovens, que representam actualmente a faixa etária onde mais se compra livros. Num país com os índices de leitura mais baixos da Europa, estes números trazem-nos esperança no futuro, fazem-nos acreditar que é possível mudar hábitos para as gerações futuras. Talvez se chegue agora aos livros de forma diferente, por exemplo através das redes sociais».
Já no 1º trimestre deste ano de 2023, a compra de livros aumentou 13% face ao mesmo período do ano passado. Os livros infanto-juvenis continuam a liderar as opções de compra. É um indicador muito bom para o actual mercado livreiro português que vem a crescer de forma mais significativa relativamente à quebra generalizada das vendas em toda a Europa em 2022, segundo análise da GFK ao comportamento do mercado em 8 países (Portugal, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha e Suíça), apesar de ser o país onde o preço médio dos livros mais cresceu, situando-se o seu valor em 13,75 euros, e onde os livros de não ficção (16,3 euros) e de ficção (15,6 euros) são os que apresentam os valores mais altos.