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A construção do poder Transatlântico-Médio Oriental

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A construção do poder Transatlântico-Médio Oriental

Escreve quem sabe

2025-06-28 às 06h00

João Ribeiro Mendes João Ribeiro Mendes

Na madrugada do passado domingo, às 03:00 (hora da Europa Central), o Presidente dos EUA anunciou que as forças norte-americanas – incluindo a Força Aérea e a Marinha – lançaram ataques contra alvos nucleares estratégicos no Irão: a fábrica de enriquecimento de combustível de Fordow, as instalações nucleares de Natanz e o centro de conversão de urânio de Isfahan. Estas estruturas constituem elementos vitais do programa nuclear iraniano, que envolve pelo menos mais uma dezena de lugares em todo o país. Foram usadas Foi usada cerca de uma dúzia de bombas guiadas de precisão com quase 14 toneladas cada – as GBU-57A/B MOP ou “bunker buster” – transportadas pelos singulares bombardeiros furtivos Northrop B-2 Spirit, assim como mísseis de cruzeiro Tomahawk disparados de submarinos.
O objetivo último desse ataque cirúrgico foi duplo: terminar com as ambições nucleares bélicas do Irão e acelerar o fim do conflito Irão-Israel, que perdura desde 13 de junho. O tempo mostrará a medida do seu sucesso ou insucesso.
Ele revelou que os EUA se consolidaram como a única superpotência geopolítica da Terra, exercendo domínio incontestável nas esferas militar, económica, política, tecnológica e cultural, com impacto decisivo na ordem mundial.
Do mesmo modo, tornou claro que Israel ascendeu à condição de potência hegemónica no Médio Oriente. A sua influência estratégica abrange igualmente essas cinco dimensões, reconfigurando o equilíbrio regional e estendendo-se para além das fronteiras vizinhas.
Essa operação militar deixou manifesto, em terceiro lugar, o robustecimento da aliança entre as duas nações, forjada em décadas de cooperação militar, inteligência partilhada e uma visão comum de segurança regional, que transcende os meros interesses estratégicos. Washington e Jerusalém afirmam-se hoje como um eixo geopolítico coeso, cuja solidez redefine os equilíbrios de poder.
E como lidaram, entretanto, outros poderes(?) geopolíticos perante a situação?
A União Europeia fez aquilo que invariavelmente faz: reuniu, almoçou, reuniu, jantou, reuniu, ceou. Muito protocolo, muita cerimónia, nenhuma ação. A UE afirma-se, sem margem para dúvidas, como um ator irrelevante na cena geopolítica mundial. Reputação que tem consolidado pela forma como tem lidado com o ataque bárbaro da Rússia à Ucrânia: sempre a reboque dos acontecimentos, com inúmeras hesitações, divisões internas, promessas de ajuda para remediar estragos e um desfile de pseudossanções.
A Rússia, por seu turno, manifesta-se por intermédio do seu porta-voz – uma entidade quase fantasmagórica, resumida a uma fotografia com a etiqueta “Peskov” – regurgita ameaças vagas sobre ações indefinidas, em momento incerto, por meios que nem ele parece conhecer.
A China, seguindo caminho semelhante, repete o seu repertório de frases feitas – “não subestimem a China”, “defendemos a paz” — ao mesmo tempo que evita, a todo o custo, envolver-se militarmente além-fronteiras. Sem essa capacidade, cada vez mais duvidosa, dificil- mente poderá rivalizar com os Estados Unidos – ou mesmo com Israel.
O Irão, fiel ao seu registo teatral, alterna entre ameaças “proporcionais” a Israel e delírios “desproporcionais” contra os EUA, consoante o humor do dia. Promete fechar o Estreito de Ormuz, mas soa mais cansado do que convincente. Quanto aos seus amiguinhos – Síria, Hezbollah, milícias iraquianas, Hamas e Jihad Islâmica – todos optam por um silêncio prudente, deixando o ruído para uma fação Houthi no Iémen, que, num ímpeto masoquista, ainda promete destruir o “grande Satã”.

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