Entre decisões e lições: A Escola como berço da Democracia
Ensino
2025-05-07 às 06h00
Quando perguntam qual é a profissão mais importante do mundo, muitos hesitam. Alguns dizem médicos, outros engenheiros, cien- tistas... Mas esquecem-se que por trás de cada um deles houve alguém que ensinou a ler, a escrever, a pensar. Houve um professor.
A docência é um ventre invisível — silencioso, mas fértil. Antes de alguém empunhar um bisturi, resolver uma equação ou redigir um poema, precisou de aprender o “bê-á-bá” com alguém que, muitas vezes, nem sequer teve seu nome lembrado.
É curioso como a sociedade exige tanto da educação, mas valoriza tão pouco quem a carrega nos ombros. A docência é feita de giz, de paciência, de olhos atentos. É feita de fé — aquela fé teimosa que acredita que todo aluno, mesmo o mais inquieto, tem um universo inteiro por descobrir.
Ser professor é ensinar, sim, mas também é escutar, acolher, motivar, criar pontes entre mundos diferentes. É plantar sementes num solo incerto, sem saber se verá a colheita. Ainda assim, planta.
Mas passemos agora ao ensino superior... em tempos de desinformação, ensinar é um ato de resistência; em tempos de pressa, ensinar é um exercício de presença; em tempos de tantos “inputs”, ensinar tem demasiada concorrência a combater... O professor é, portanto, o alicerce invisível de toda civilização. A docência é, sim, a mãe de todas as profissões — e como toda mãe, muitas vezes é esquecida, subestimada, mas nunca, jamais, dispensável.
Mas, ser mãe de todas as profissões tem um custo alto. Espera-se que ensine conteúdo, dê conta da indisciplina, compreenda contextos sociais, emocione, inove e sorria. É fácil emocionar com um discurso de 20 minutos para o qual se teve uma preparação de 5 horas... mas, manter viva a chama no ensino durante horas e horas, semanas e meses... num ambiente que, às vezes, mais apaga do que alimenta, é um grande desafio.
O professor universitário não pode parar nem se conformar com teorias... Tem uma responsabilidade enorme, social e económica porque sabe que a transformação começa ali, nele, naquele pequeno gesto de explicar de novo, naquele olhar que identifica um talento escondido, naquela escuta que acolhe o silêncio de um aluno que precisava de ser ouvido, naquele que tem milhões de perguntas….
Sim, o professor está cansado — e com razão. Mas está ali. Por vocação, por teimosia, por amor ou por necessidade. Às vezes, por tudo isso junto. Ao professor do ensino superior, não lhe chega ler mais livros ou participar em mais fóruns, tem de saber muito mais daquilo que comunica, tem de ter feito na prática aquilo que ensina na sala de aula, ou a mensagem não passará…
Talvez seja hora de pararmos de dizer que a educação é prioridade — e finalmente tratá-la como tal. De reconhecermos que nenhuma nação cresce de verdade sem investir, com seriedade, nos seus educadores. Porque uma sociedade que não valoriza os seus professores, na verdade, está a desvalorizar-se a si mesma.
A docência é a mãe de todas as profissões. E está na hora de cuidarmos dela como ela cuida de nós: com respeito, dedicação e esperança.
09 Abril 2025
26 Março 2025
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