De alunos para alunos no Conselho EcoEscola da ESMS
Ideias
2020-03-01 às 06h00
Nos últimos tempos, por razões de natureza académica e profissional, tenho estado em contacto com algumas megatendências incontornáveis, com que estamos confrontados à escala mundial. Num contexto em que as fronteiras do tempo, entre o presente e o futuro são cada vez menos percetíveis, e que balançam entre as certezas e as crescentes incertezas, que estão a envolver todo o ecossistema político, social, cultural, económico e académico. Desafios e problemas para que estamos todos a ser chamados, a encontrar as melhores respostas e soluções de curto, médio e longo prazo e de elevado sentido estratégico centrado no pensamento global.
Temáticas que, tendencialmente, se sintetizam em buzzwords encimadas pela internacionalização, inovação, digitalização, pela criatividade e, sobretudo, pela sustentabilidade e economia circular. Uma dinâmica centrada na procura de novas respostas e modelos, que estão dependentes da assertividade das políticas públicas, da liderança das organizações públicas e privadas, da simplificação dos processos de organização, dos resultados investigação científica, da eficácia da transferência de conhecimento e tecnologia para o ecossistema produtivo, do desenvolvimento da inteligência artificial e da evolução da especialização inteligente.
A economia mundial tem sido construída com base num modelo linear de negócios, que agora está sob ameaça por causa da disponibilidade limitada de recursos naturais. A verdade é que, a forma e a velocidade com que usamos os recursos naturais são insustentáveis, consumimos mais recursos do que o que planeta consegue produzir. Um desafio que requer um enquadramento social e institucional, baseado em incentivos e valores, e representa um estímulo à criatividade na redução de custos, fomenta a criação de emprego e implica uma mudança de mentalidade das pessoas, com as pessoas e para numa redução dos impactos ambientais e sociais para as pessoas. Em dezembro de 2012, a Comissão Europeia publicou, a este respeito, um documento intitulado "Manifesto para uma Europa Eficiente de Recursos”, no qual se refere com muita clareza que “... num mundo com crescentes pressões sobre os recursos e o ambiente, a UE não tem escolha a não ser ir para a transição para uma economia circular eficiente dos recursos. Neste propósito, a transição de um modelo linear de produção de bens, com base na extração de matéria-prima, produção, uso e descarte dos produtos, para um modelo circular, onde os mate-riais são devolvidos ao ciclo produtivo através da reutilização, recuperação e reciclagem”.
Neste contexto assistimos, atualmente, a uma mudança estruturante de paradigma socioeconómico, da economia linear para um novo modelo de produção e consumo, fundado na sustentabilidade pelo que em pretender ser exaustivo, vou centrar a minha breve reflexão na economia circular. A economia circular emerge do historial de medidas de incentivo à mudança de paradigma económico assente na erosão de capital natural, para um sistema restaurador e regenerativo, procurando preservar a utilidade e valor dos recursos materiais e energéticos, salvaguardando os ecossistemas, o capital financeiro das empresas e o bem-estar social. O motor desta transição assenta no incentivo e desenvolvimento de modelos de negócio, estratégias colaborativas, produtos e serviços centrados no uso eficiente de recursos. Desde as reduções na importação de matérias-primas ao contributo direto para objetivos ambientais internacionais para melhorar a competitividade da economia. Gerando iniciativas com forte potencial de exportação e impacto local, através da criação de instrumentos políticos que promovam o uso eficiente dos recursos. Produzindo conhecimento sobre as melhores práticas, casos de estudo, oportunidades de financiamento, e promovendo o desenvolvimento de modo a valorizar iniciativas que contribuam de modo efetivo, nomeadamente, através de projetos setoriais e intersectoriais nesta matéria.
A Economia Circular ultrapassa o âmbito e foco estrito das ações de gestão de resíduos e de reciclagem, visando uma ação mais ampla, desde o redesenho de processos, produtos e novos modelos de negócio até à otimização da utilização de recursos. Visa assim o desenvolvimento de novos produtos e serviços economicamente viáveis e ecologicamente eficientes, radicados em ciclos idealmente perpétuos de reconversão. Numa conjugação de esforços de uma multiplicidade de atores, incluindo as organizações não-governamentais, o setor empresarial privado, as instituições de ensino superior, os parceiros sociais e restantes membros da sociedade civil.
A governança e o território, nomeadamente o metabolismo urbano e regional, a consciencialização, o desenvolvimento de competências e de ferramentas, constituirão a base para que a EC deixe de ser apenas uma buzzword, e passe a ser uma prática global e uma aposta da sociedade. Nesta perspetiva, uma nova dinâmica deverá ser adotada pelo nosso país, em que esta mudança representa, na sua plenitude, uma oportunidade de valor social sustentável
21 Janeiro 2021
21 Janeiro 2021
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