Até este sábado, Guimarães recebe mais de duas mil pessoas no “Education Summit”, um evento que Portugal acolhe pela primeira vez e que reúne especialistas nacionais e internacionais para discutir os desafios e as oportunidades do setor.
Organizado pela Associação “Nova Escola”, o encontro tem sido pródigo sobre a forma como a Educação será abordada no futuro, nomeadamente, o modo como vamos aprender, bem como as competências que os professores terão de ter no futuro na exigente missão de… ensinar.
E, antes de mais, vão ter de aprender a lidar com o fenómeno crescente da Inteligência Artificial (IA) na Educação. Os professores serão sempre insubstituíveis. Isso julgo ser ponto assente. No entanto, a IA pode melhorar os resultados de aprendizagem e fornecer experiências de aprendizagem mais eficazes e, ao mesmo tempo, mais envolventes.

Uma das últimas ferramentas da IA aplicadas ao ensino, que está a merecer uma profunda reflexão no Multiusos de Guimarães, é a Meta Aprendizagem (Meta Learning), um instrumento criado com o objetivo de melhorar os processos de aprendizagem. Por outras palavras, “aprender sobre aprender” para se desenvolver o conhecimento de estratégias que melhoram ou aperfeiçoam a aprendizagem dos conteúdos.
O ideal será os profissionais da educação estarem preparados para lidar com esses desafios, mantendo-se atualizados sobre as melhores práticas e diretrizes em relação ao uso da IA. Porque a importância do professor vai continuar a ser central. A IA apenas oferecerá a possibilidade de um acompanhamento mais individualizado e alinhado com os interesses e necessidades de cada estudante.
Não se julgue que a escola tradicional está a conhecer os últimos dias. Mas tenderá a ser superada por episódios de inovação que vão transformar o modelo clássico, transformando-a! Será tudo uma questão de tempo, até porque a IA já desempenha um papel significativo em várias áreas da nossa sociedade.

No ensino, é já cada vez mais utilizada por alunos e professores para automatizar processos considerados repetitivos e que, por consumirem muito tempo, libertam os utilizadores da IA para o que realmente importa.
Por agora, prevalece uma dicotomia sobre o impacto da Inteligência Artificial, também na Educação. Há uma tendência para cair em extremos: a IA encarada como uma ameaça que vai devastar o ensino ou a IA vista como uma solução mágica que resolverá todos os problemas.
Fiquemos pela moderação e pelo bom senso. A integração da IA no processo educativo promoverá a personalização do ensino, adaptando-o ao ritmo, estilo, interesses e necessidades individuais de cada aluno. Já para os professores, oferecerá valiosas ferramentas para enriquecer as práticas pedagógicas da comunidade docente.
Se a IA pretende ser uma extensão das intenções humanas, então não pode transformar os seus utilizadores em meros peões numa interação padronizada. Se for observada como uma solução inevitável para todas as atividades, corre-se o risco de se desvalorizar tudo o que nos torna seres humanos.

E, no processo educativo, em particular, o uso indiscriminado desta tecnologia vai desumanizar a geração de conteúdos e de ideias, podendo conduzir à uniformização de conhecimento que não refletirá as diversidades individuais, comprometendo a criatividade e a capacidade de inovação.
Como em tudo na vida, a utilização doseada não é fundamental. É imperativa! Seja IA ou outra ferramenta digital, as novas tecnologias têm de ser vistas como um potenciador das nossas capacidades, um “braço armado” na construção de uma sociedade que valorize o verdadeiro potencial das pessoas.