Os perigos do consumo impulsivo na compra de um automóvel
Ideias
2024-12-24 às 06h00
Sentimos uma mudança no ar, algo parece ir numa direção que desconhecemos e não controlamos.
Regressamos aos tempos de incerteza. Do otimismo, passamos ao pessimismo. Do avanço das democracias, ao regresso das ditaduras. Da globalização, para os nacionalismos protecionistas. Das expetativas revolucionárias da tecnologia digital, às cautelas e aos medos que nos podem surgir dos avanços da Inteligência Artificial e do mau uso da informação digital sem rosto. As Guerras e as atitudes dos países mais poderosos do Mundo, assustam-nos.
A realidade volta a colocar-nos no chão das desilusões. Os nossos jovens olham para os seus pais e avós num misto de inveja e esperança pelas oportunidades que eles tiveram em fazer-se alguém, com a má sorte que lhes cabe agora, sentindo a insuficiência dos proventos necessários a uma vida independente, apesar dos seus esforços de trabalho e maior capacitação. Desanimados entram em vontades de rotura e no descrédito no que lhe é oferecido. Já não é suficiente dizer-lhes que o Mundo era bem pior ainda há menos de 100 anos. Que a Democracia trouxe a liberdade e os avanços sociais., roubados pelas ditaduras. A história foi submersa pelas redes sociais e pelo saber de tudo dos telemóveis. O futuro vai-lhes fugindo e é isso que lhes importa. A desesperança vai-se instalando e a revolta vai crescendo. O mal dizer vai ocupando cada vez mais o espaço público procurando-se culpados. Atiramos sobre a Política e sobre a Governação pública queixando-nos de se terem esquecido dos nossos objetivos e das suas promessas. A culpa é deles. Achamos as nossas lideranças fracas, e maus os nossos políticos. Todos eles nos parecem medíocres, sem nos darmos conta que cada um deles é parte de nós, da nossa comunidade e geração. Entramos no tempo em que todos ralham. Todos apontam diagnósticos. Ninguém soluções. Muitos querem a mudança. Ela esta a acontecer, será que vai em bom caminho?
Em dois séculos a Humanidade multiplicou-se descontroladamente. Somos biliões no mesmo Planeta, um espaço com recursos escassos que vão sendo explorados intensivamente para atender a muitos. Desejamos a todos uma vida boa. O direito a usufruir do consumo insaciável mantém a promessa do sucesso económico, reforçando o modelo da produção permanente e crescimento contínuo da economia. O consumo que hoje é atribuído a uma pessoa que tenha um estilo de vida da do tipo ocidental exige recursos e energia que nunca antes foram atingido. Só a título de exemplo: conseguem recordar o Mundo há 50 anos atrás? O número de automóveis existentes e quem a eles tinha acesso? Quem consumia bens importados? Hoje temos à nossa porta, todos os dias, o que foi produzido no outro lado do Mundo. Quem é que tinha tempo e dinheiro para viajar em lazer pelo Mundo? Agora milhões movem-se diariamente usando milhares de aviões de grande porte. Milhões têm automóveis. Milhões a consumir toneladas de alimentos. Não acredito ser possível dar a todos este modo de vida. Em algum lado este modelo de vida moderno terá que abrir brechas. É isto que já está a acontecer, mas como dizer basta, ou tentar afastar outros dessa ambição?
Já foram dados sinais. O dinheiro não chega a todos. Os trabalhadores da industrialização do século passado estão a ficar esquecidos e sem futuro. Os milhões de pessoas que deram origem à designada “classe média”, a mesma que constitui a base dos eleitores em Democracia, estão a ser preteridos no novo Mundo Digital. A mão-de-obra está a ser substituída por máquinas e robôs, com a Inteligência Artificial a ameaçar fazer o mesmo aos cérebros mais capacitados. Dizem-nos que não haverá perda de postos de trabalho, mas apenas uma readaptação de protagonistas. Não é de todo verdade. Há milhões a ficarem de fora. A economia dos “serviços” não cria emprego de substituição direta, nem os “donos” das máquinas e do Mundo Digital disponibilizam a sua imensa riqueza para a redistribuírem por quem não tem espaço de trabalho nesta nova economia. A riqueza serve muito, a poucos. O receio e medo vão-se transformando numa vontade de mudança radical. Para onde iremos?
Demasiado pessimismo? Talvez. Na verdade o modelo de vida que temos ainda não acabou. A riqueza ainda cresce, mas vai diminuindo o ritmo positivo na sua evolução. Países que lideravam a economia, que representam ainda o modo de vida livre, veem-se numa situação de crise, com uma regressão da sua riqueza e ao aumento das suas dívidas e os seus défices públicos, indicadores que apontam estarmos a colocar em perigo o modelo do Estado Social que as Democracias criaram. Já sabemos quem começou a perder. Já não é possível esconder toda esta insatisfação. A revolta abre portas a novas formas de fazer Política. A Democracia vacila.
Surgem outras forças e formas de fazer política com vontade desmesurada em aceder ao Poder, e governar, tentando apresentar-se como a solução para todos os males. É isto que vem acontecendo a olhos vistos. Crescem os demagogos que nos alimentam os azedumes, afagando-nos as dores com promessas que limparão maleitas. Já não recebem apenas o apoio dos que protestam, mas de todos os que deixaram de acreditar no Sistema Político vigente. Desejam-se lideres fortes. É a vez dos mais audazes, dos menos educados, dos mais atrevidos e desbocados, dos que sabem que o Poder nunca se deixa ficar só. É o tempo do crescimento da mediocridade geral, da entronização dos duros, dos ditadores, daqueles que expõem os seus peitos de coragem para castigar o Sistema. É o tempo de novos profetas dos que se apresentam sob uma capa de um Mundo Melhor. A esperança nunca morre.
O Natal está aí. Aproveitemos e agradeçamos. Nesta quadra anual de Advento, esqueçamos por momentos os medos. Faz-nos falta a alegria.
Que os abraços que trocamos se transformem em carinho e em amor. São as melhores prendas que oferecemos aos amigos e familiares. Partilhemos este momento bom, repondo a esperança que nunca devemos abandonar.
Festas Felizes.
15 Junho 2025
15 Junho 2025
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