Correio do Minho

Braga, terça-feira

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A farsa

A Economia não cresce com muros

Ideias

2010-11-12 às 06h00

Borges de Pinho Borges de Pinho

Há já uns bons anos que vem estando em cena uma pantomina liberal-socialista que de simples peça teatral burlesca se transformou ano após ano numa incontornável tragédia e com um desfecho mais do que funesto, até porque os ocasionais incidentes cómicos entretanto ocorridos de modo algum nos permitem falar, pelo seu desenlace, em mera tragicomédia.

Uma farsa, note-se, que vem no seguimento das muitas outras peças de teatro burlesco, revisteiro, pantomineiro e de fantoches com que temos sido “mimoseados” desde Abril de 74, sendo facto insofismável haver já “personagens” e “papéis” enraizados no tempo e de acção e representação repetitivas, sempre a coberto de ideias e princípios lunáticos e em obediência aos ditames e interesses dos partidos, já que vimos vivendo uma “gorda” e “gulosa” partidocracia. Com múltiplos actores, diga-se, mas num quadro concreto muito circunscrito em vivência, interpretação e formação, com todos eles a “ler a mesma cartilha” e a adoptar similares gestos, posturas e poses.

E a verdade é que não têm faltado Piriricas nesta farsa que ao longo de 36 anos vem infestando o nosso país e vida política, com muitos desses “actores” ainda no activo e outros já a viver “gordas reformas” ou “asilados“ nos altos quadros de administração de certas empresas e banca, enquanto o povo, alarvemente, e de todo papalvo e otário, vem assistindo na “plateia” a todo um teatro de pantominas, burlas, mentiras e falsidades, pateticamente até “aplaudindo” e reverenciando os “esgares” e “caretas” de fingida inteligência e fictício sofrimento que tais actores exibem. Aqui bolçando palavreados balofos, ali deixando “escorrer” sorrisos de circunstância e conveniência “embrulhados” em “vómitos” de presunção e arrogância, acolá “avançando” com culpas e responsabilidades alheias, e mais além ainda, com o ar mais pesaroso do mundo, “invocando” situações de “urgência e 'necessidade”.

Entretanto nada muda, a farsa continua e tudo fica na mesma. Ultrapassado o problema do orçamento com a “mãozinha comprometida” de certa oposição, e gorada que foi a intenção de Sócrates de uma saída “em beleza” e com “boa imagem” por a “culpa” ser de quem o não deixava governar, subsistem contestações, problemas, a crise, um “gordo”descontentamento e toda uma miséria de vida num país em descalabro e a caminho da bancarrota. Com os habituais “boyzecos”, de todo inúteis, a “medrar” nos serviços do Estado, autarquias e empresas públicas e a “roer” os dinheiros públicos, quando de todo se impunha uma séria desinfestação e total “desratização” de tais predadores que vêm engrossando as despesas tão só graças a “arranjinhos”, “compromissos” e promessas.

E, o que é insofismável, nesta dolorosa farsa que nos forçam a viver os “papéis” e “personagens” têm tiques de sucessão “monarquizada”, passando de pais a filhos, parentes e compadres, com a “comedoria” a escorrer de geração em geração.

Aliás, se olharmos aos nomes dos actores-intérpretes nas múltiplas peças teatrais exibidas ao longo dos últimos anos no grande “Coliseu” circense em que se transformou este país, seja no governo, assembleia, institutos, fundações, entidades reguladoras, altas autoridades, empresas públicas, governadores, autarquias, etc., há a concluir que neste sistema político dito republicano se vêm sufragando princípios monárquicos em termos de “sucessão”. Até porque os lugares de assessor, secretário, consultor, auditor e administrador se vêm ajustando aos “boyzecos”, parentes, amigos e “recomendados” pelo partido, naturalmente garantindo emprego, projecção, segurança e futuro, ainda que avolumando o já avantajado número de “ratos” e demais “predadores”.

Claro que na actual crise conjuntural é de todo útil haver partidos, até porque um futuro inseguro e incerto cada vez mais “aconselha” apressadas inscrição e militância na juventude política melhor posicionada para assim se obter uma colocação, concluir o curso ou entrar na vida política, uma “coisa” sempre rentável, de projecção pública e com o pequeno “pormenor” de um dia se poder ascender a primeiro ministro ou presidente da República. O que nem é difícil pois não são necessários especiais saber, conhecimento, experiência ou particular aptidão para tais cargos, bastando a cidadania, paleio, uns banais requisitos constitucionais e apoios partidários ( curioso é não ser exigível peculiar inteligência, ombridade, sensatez, sentido das responsabilidades e seriedade).

Uma realidade que os tempos vêm sinalizando, como aliás flui da experiência de vida “democrática” nos últimos 36 anos e emana naturalmente de algumas projectadas candidaturas a pretensos “heróis”, “chefes” e “salvadores da pátria”.
Aliás descendo-se à triste realidade dum país de farsantes, encenadores e outros actores, forçoso é concluir que já chega de tanto teatro político e de tantos pantomineiros, muitos deles sempre “botando” faladura e “projectando” duvidosa inteligência neste “reality show” onde campeiam o secretismo, a mentira, a pouca vergonha e a miséria, aliás de mãos dadas com compadrios, aproveitamentos, negociatas e jogadas do poder. Na verdade impõe-se de todo a coragem de se fazerem ouvir de vez umas oportunas e necessárias vaias e pateadas para que os “actores” percebam que têm de pôr fim a toda uma “representação” e que não há mais lugar para “encenações”, mas tão só para trabalho, sacrifício, esforço colectivo, verdade e um sentido profundo da realidade da vida. Cortando-se com tudo o que é inútil, utópico e supérfluo e pondo-se fim imediato a festanças, comemorações e projectos de fachada ou megalómanos.

Mas para tal, sublinha-se, há que pôr um ponto final nas rábulas de certos actores, acabar com “operetas” de teor burlesco-popular e um “teatro revisteiro” de pantominas ridículas e de manifesto embuste. Aliás as últimas cenas exibidas no teatro de marionetas e circo de papagaios em que a assembleia se transmudou são de todo elucidativas de que o país não carece de tais actores, produtores e encenadores.

Nem dos que, pretendendo ter humor, se dizem “sacerdotes cívicos” e se queixam da crise, quando naturalmente não se ficam na contagem dos cêntimos nas idas à “cantina” do “Solar do Leão”, às ”tascas” do Bairro Alto, ao Snob, Foxtrot, Xafarix, etc., ainda que para beber tão só um Ice Tea e “esticar”a noite.
Aliás de gente desta e de tais actores está o país cheio, impondo-se de todo em todo uma total e séria 'desinfestação”. Para bem de Portugal e do futuro dos seus filhos!...

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