Conhece a frase: “Comportamento gera comportamento”? De facto, o ser humano é, por natureza, um ser social, com uma necessidade intrínseca (ou seja, que faz parte naturalmente) de se conectar com os outros. Pessoas que têm dificuldades em estabelecer ligações sociais tendem a sofrer mais com a solidão ou a tristeza. Muitas vezes, isso pode ser reflexo da própria personalidade (desconfiada, exagerada ou submissa entre outras características) que nem sempre se reconhece. Todavia, também pode ser consequência das pessoas que “atrai” para a sua vida. Uma espécie de ciclo, em que parece haver uma tendência que se repete, e em que muitas vezes se questiona: por que razão se atrai determinados tipos de pessoas? Neste sentido, pessoas que, por exemplo, "sobreviveram" a uma infância marcada pela falta de compreensão por parte dos pais, pela ausência de afeto e cuidados, ou que não foram escutadas nem atendidas nas suas necessidades emocionais, tendem a ter (não sendo todos os casos, pois existem muitas histórias de superação e sucesso) uma visão mais "nebulosa" da sua vida.
"Nebulosa", no sentido de como é realidade percebida à sua volta (nem sempre mais clara ou correta). A ideia de que o que “liga” é a “linguagem emocional” que se procura e se encontra nos outros. Pessoas que tendem (supostamente) a compreender melhor, muitas vezes porque as suas histórias de vida são muito semelhantes ou até idênticas ao que já se viveu. Mas nem tudo que “reluz é ouro” tal como diz a expressão popular.
Pessoas com personalidades mais submissas, por exemplo, tendem a procurar preencher a lacuna emocional em relações com pessoas que, frequentemente, não as ajudam verdadeiramente. Ao perceberem a fragilidade mais profunda, tendem a aproveitar-se disso. Por outro lado, as personalidades mais explosivas, que têm dificuldades em manter amizades, tendem a identificar "defeitos" nos outros que, na realidade, também fazem parte da sua própria personalidade.
Importa salientar que ,não se pode mudar pessoas a menos que as próprias queiram mudar. Contudo, pode-se, e deve-se até, terminar ciclos com pessoas que prejudicam ou causam desconforto. Os sinais são claros. Na eventualidade de não se sentir bem, na companhia de determinadas pessoas, talvez seja o “sinal” de se afastar e procurar novas relações. Nunca é tarde para recomeçar. A vida, com as suas experiências, boas ou más, flui sempre, impactando processos de felicidade ou tristeza.
Reflita sobre as razões que levam a atrair certos tipos de pessoas. Será que a baixa autoestima? Será o medo de ficar sozinho/a ou o sentimento de não ser amado/a por ninguém? A verdade é que quem realmente “gosta” e/ou tem carinho, não ilude, não maltrata e não procura quando não tem a companhia de mais ninguém. Embora lhe, seja difícil de aceitar ou de perceber isso, saiba que existe sempre alguém que o/a valoriza e o/a estima verdadeiramente. O problema, muitas vezes, está no facto de não se conseguir ver essas pessoas ou de não lhes ser dada a oportunidade de entrarem na sua vida. Num outro ponto de reflexão, não se engane quem pensa que as pessoas vão respeitá-lo/a mais, apenas porque diz "sim" a tudo e nunca diz "não". Muitas vezes, as pessoas ganham mais respeito quando se estabelece limites claros. Se, mesmo assim, não o/a respeitarem e ainda comentarem algo como: "Mudaste tanto, não esperava isso de ti...", é sinal de que essa pessoa não deve fazer parte da sua vida. Nesse caso, afaste-se! Não é essa pessoa que deve estar perto de si.
Está disposto/a a recomeçar e a conhecer novos ambientes e novas pessoas? Frequente locais que correspondam verdadeiramente aos seus interesses. Por exemplo, se gosta de caminhadas e de estar em contacto com a natureza, inscreva-se numa associação que organize essas atividades. Os gostos semelhantes atraem afinidades, e as afinidades desenvolvem relações sociais genuínas.
Por fim, aceite que o que viveu com outras pessoas, especialmente os momentos mais difíceis, não o define como pessoa, nem define as pessoas que ainda vai conhecer. Permita-se receber novas pessoas na sua vida. Esteja aberto/a ao novo. A vida é feita de recomeços e oportunidades, e há que saber aproveitá-las.