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A Logística do Concelho no PDM

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A Logística do Concelho no PDM

Ideias

2025-01-26 às 06h00

Mário Meireles Mário Meireles

A logística de bens e pessoas são essenciais para o dia a dia da cidade. Falo de tudo o que envolva operações de tomada e largada de passageiros e de cargas e descargas de mercadorias.
Sem o abastecimento de bens essenciais, uma cidade não sobrevive. A reposição de stocks em supermercados é feita através de uma cadeia logística complexa, porque o leite não nasce na prateleira do supermercado. Mas não são só os supermercados e as lojas comerciais que são abastecidos.
Por exemplo nas obras, sejam elas remodelações pequenas, grandes ou novas obras, há várias necessidades de transporte de material e bens. Todos estes materiais e bens ficam armazenados em algum espaço maior para depois serem distribuídos ou por diversos armazéns menores numa cidade, ou diretamente para o cliente.
A cidade tem de se organizar para ter centros de recolha e armazenamento colocados em locais estratégicos, para que desde esses pontos para os clientes finais a distribuição possa ser efetuada nas mais diversas formas, incluindo transportes sustentáveis e de baixo impacto na vida da cidade.
Desde a pandemia da COVID-19 as cidades ficaram a conhecer uma maior pressão da logística urbana. As encomendas aumentaram brutalmente, e as pessoas passaram a pesquisar as coisas nos telemóveis e nos computadores e passaram a agendar as entregas em lojas pick-up, em cacifos ou na própria casa.
Isto trouxe mais pressão de veículos comerciais às cidades, e Braga não é excepção. É certo que não há qualquer fiscalização nem estratégia para os lugares de cargas e descargas nas ruas da cidade. Esses lugares têm estado ocupados com veículos ligeiros estacionados, sem estarem a operar nenhuma carga ou descarga.
Não há nenhuma estratégia para a logística urbana neste PDM, para além da construção de dois parques de pesados em dois parques industriais do Concelho: Celeirós e Pintancinhos.
Estes dois parques são necessários, mas não são suficientes para dar resposta às necessidades logísticas da atualidade e, consequentemente, às necessidades logísticas do futuro, que se tornou digital e leva a uma sobrecarga do sector da distribuição.
Se não se organiza e se encontra uma estratégia para a distribuição logística, o espaço público torna-se caótico. Com os poucos lugares de cargas e descargas constantemente ocupados com carros estacionados, sem fiscalização, e muitas ruas sem oferta de lugares deste tipo, multiplicam-se as operações de cargas e descargas a serem efetuadas em cima de passeios ou em plena via de trânsito.
As entregas não se vão deixar de fazer porque os lugares de carga e descarga não existem ou estão ocupados de forma ilegal. E as pessoas dos autocarros turísticos não vão deixar de sair o mais próximo do centro para passearem na cidade tal como previsto no roteiro que adquiriram.
A tomada e largada de passageiros de autocarros turísticos, com excursões, a Braga faz-se sempre na via de trânsito, sem qualquer condição mínima. O mesmo acontece com grupos culturais de outro ponto do país, ou até mesmo clubes de futebol. Enquanto os turistas, ou grupos que visitam ou vêm atuar a Braga, percorrem a cidade, as viaturas ficam estacionadas numa qualquer rua que não foi pensada para receber o estacionamento destas viaturas.
Braga recebeu, no último ano, 600 mil turistas. Um número de visitantes igual ao que o Porto recebia em meados da década de 90. Este número vai continuar a crescer.
O Parque de viaturas pesadas nas traseiras do Pópulo não recebe um único veículo que efetua este tipo de serviços. Os mesmos, normalmente, param em frente ao Arco da Porta Nova, na Rua Frei Caetano Brandão, na Avenida Central, ou até ao longo da Rua Beato Miguel de Carvalho.
Neste momento, a entrada e saída de passageiros de autocarros turísticos tornam a vida da cidade ainda mais complicada, porque estas viaturas estacionam nos lugares das viaturas ligeiras, nas paragens dos transportes públicos e nos lugares de cargas e descargas, com o motorista a fazer o tempo de descanso obrigatório.
Um parque para pesados de passageiros, dedicado aos autocarros turísticos, próximo do centro histórico, tem de ser uma realidade para uma cidade como Braga que recebe dezenas de excursões. Nada está previsto nesta revisão do PDM neste sentido.
Quando as nossas ruas ficam desorganizadas e pressionadas com estas tomadas e largadas de passageiros, com as operações de cargas e descargas, também a mobilidade de uma forma geral fica condicionada.
Sendo isto uma realidade atual, e sabendo dos impactos que esta desorganização tem nas rotinas diárias e na mobilidade das pessoas, não se entende como não se prepara o futuro para dar resposta às necessidades e preparar para outras ofertas. Um PDM é um documento com a estratégia, a visão e as soluções para elas, ou pelo menos devia ser.
A cidade precisa de ser abastecida de bens. A cidade precisa dos turistas e dos grupos que nos visitam ou que vêm animar a cidade. Conseguindo organizar o espaço público tendo também em conta a logística, teremos uma cidade mais eficiente, mais eficaz e mais capaz de receber mais pessoas e de distribuir melhor os bens. Aliás, uma distribuição mais eficiente faz, também, reduzir custos.
A mobilidade induz-se, mas esta proposta de PDM ignora as necessidades da logística urbana.



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