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A luta de Ursula von der Leyen pela Igualdade de Género na Comissão Europeia

Analogias outonais

A luta de Ursula von der Leyen pela Igualdade de Género na Comissão Europeia

Ideias

2024-09-05 às 06h00

Alzira Costa Alzira Costa

Desde o início do seu mandato como Presidente da Comissão Europeia (Comissão), Ursula von der Leyen demonstrou um compromisso firme com a promoção da igualdade de género. Um dos seus objetivos mais ambiciosos e notáveis foi formar uma Comissão paritária em termos de género, algo que nunca antes havia sido realizado na história da União Europeia. Este esforço, apesar de louvável, não foi isento de desafios e surpresas, mas reflete uma mudança significativa na abordagem da União Europeia em relação à igualdade de género.
Quando Ursula von der Leyen assumiu a presidência da Comissão em dezembro de 2019, fez história ao ser a primeira mulher a ocupar o cargo mais alto da União Europeia. Desde o início, von der Leyen deixou claro que queria construir uma equipa de comissários que representasse a diversidade da Europa, começando pela igualdade de género.
Referir que a composição inicial da sua equipa de comissários incluiu 13 mulheres e 14 homens, o que, embora não fosse exatamente uma paridade, representava um avanço considerável em comparação com comissões anteriores.

A título de comparação, na Comissão Juncker (2014-2019), apenas 9 dos 28 comissários eram mulheres.
Alcançar a paridade não foi uma tarefa fácil para von der Leyen. A nomeação dos comissários é um processo complexo, que envolve negociações entre os Estados-Membros (EM) e a presidente da Comissão. Alguns países resistiram à pressão para nomear mulheres, o que complicou o objetivo de von der Leyen. No entanto, com diplomacia e firmeza, ela conseguiu persuadir vários EM a reconsiderarem as suas nomeações iniciais para incluir mais mulheres.
Salientar que um caso curioso é o da Roménia, que inicialmente nomeou dois homens para o cargo de comissário. Von der Leyen insistiu que o país nomeasse uma mulher, resultando na nomeação de Adina V?lean como comissária dos Transportes. Este episódio ilustra a determinação de von der Leyen em não ceder ao fácil e continuar a lutar pelo equilíbrio de género.
Importa realçar que a luta por uma Comissão paritária não é apenas simbólica, pois carrega implicações profundas para a política europeia. A presença de mais mulheres em posições de poder contribui para decisões mais inclusivas e representativas, refletindo melhor a sociedade europeia. Estudos têm mostrado que as organizações com maior diversidade de género nos seus quadros superiores tendem a ter melhores desempenhos, o que sugere que uma Comissão mais equilibrada pode ter um impacto positivo na governança da União Europeia. Além disso, a promoção da igualdade de género por von der Leyen tem um efeito cascata em toda a Europa, incentivando os EM e outras instituições europeias a seguirem o exemplo.

Salientar que a agenda de igualdade de género de von der Leyen inclui, entre outras medidas, a proposta de uma Diretiva Europeia para garantir a transparência salarial, a qual visa combater as disparidades salariais entre homens e mulheres, que ainda hoje persistem.
Em suma, referir que o esforço de Ursula von der Leyen para alcançar uma Comissão paritária em termos de género é um marco histórico e um passo importante na luta contínua pela igualdade de género na Europa. Embora tenha enfrentado desafios significativos, a determinação e a visão de von der Leyen mostraram que é possível promover uma mudança real e significativa nas instituições europeias. A sua primeira equipa de comissários, quase paritária, não é apenas uma conquista pessoal, mas um reflexo do avanço da sociedade europeia rumo a uma representação mais justa e equitativa. Este esforço, contudo, deve ser contínuo. A igualdade de género nas instituições europeias não pode ser vista como um objetivo atingido, mas como uma jornada em progresso. O legado de von der Leyen será julgado, em parte, pela sua capacidade de consolidar e expandir estas conquistas durante o seu mandato, garantindo que a paridade de género se torne a norma, e não a exceção, na União Europeia.

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