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A manutenção do equilíbrio

Os perigos do consumo impulsivo na compra de um automóvel

Ideias

2013-05-08 às 06h00

Analisa Candeias Analisa Candeias

Talvez não seja possível trazermos para os dias de hoje tudo aquilo que desejamos. Talvez seja correto que tal aconteça pois, possivelmente, era provável que surgissem vontades opostas, caminhos e percursos diversos e, dessa forma, as comunidades em que vivemos dificilmente iriam ter algo em comum. Aquilo que nos faz mais semelhantes relativamente ao Outro talvez também nos permita ser mais diferentes - afinal, será através do Outro que é possível parte da nossa realização e da nossa concretização.

Pertencendo a uma classe que me permite um contato privilegiado com esse Outro, (frágil ou não, doente ou são), entendo que a motivação para a minha direção a esse contato tem mesmo de partir de mim. Se o quero, porque o quero e qual o rumo do que quero. Porque será o Outro quem suportará as consequências do meu querer e das minhas ações. E, no fundo - em particular nas classes da área da saúde - é mais que suficiente a existência de ações menos pensadas e estruturadas, em que será o Outro, o comum, em quem as minhas vontades e atos se refltem.

Embora esta relação se estabeleça muitas vezes a partir do primeiro contato da outra pessoa, somos nós, enquanto profissionais de saúde, que muitas vezes devemos zelar para que essa ligação não se quebre, partindo do nosso plano profissional assegurar que o bem-estar e a qualidade de vida do Outro sejam mantidos. Existe (ou de-verá existir), da nossa parte, a voluntariedade de não fazer mal, visto que, através das nossas atitudes enquanto enfermeiros poderemos vir a prejudicar as pessoas que de nós necessitam de ajuda, ou que a nós recorrem.
Não é fácil, em especial hoje em dia e nos tempos conturbados em que vivemos, estarmos disponíveis. Aliás, se formos a analisar os diferentes tempos de forma concreta, nunca o foi.

Porém, dentro (dos possíveis) dos contextos sociais e económicos que fomos vivendo ao longo dos anos, podemos considerar que a Enfermagem portuguesa tem vindo a fazer um largo esforço nesse sentido. Da disponibilidade. E do intuito para se estender ao Outro, estabelecendo a relação que o poderá ajudar a avançar nas diferentes transições.

Não será apenas na dimensão técnica que seremos encontrados. A Enfermagem apresenta um papel privilegiado na atuação da promoção da saúde comunitária e da saúde dos diferentes tipos de sociedades - embora muitas vezes, nós os enfermeiros, não o queiramos assumir. Será provavelmente esse o futuro - promover para a vida saudável, para evitar situações de risco, e, no fundo, criar condições que possibilitem a cada um dos Outros a escolha da responsabilidade na saúde.

Após esta primeira intenção e interação, surge a necessidade de manter aquilo que foi efetuado pela própria Pessoa, com a nossa colaboração. Será esta manutenção que lhe permitirá a vivência do dia-a-dia com pleno bem-estar, equilíbrio e uma estável qualidade de vida. Igualmente aqui a Enfermagem assume funções, pois é na exploração e consolidação de estratégias que permitem ao Outro a sua funcionalidade e (re)adaptação que é possível obtermos ganhos (e mais valias) no cumprimento daquilo que é a nossa profissão.

De forma semelhante, esta manutenção não acontece de modo fácil ou rápido. É necessário tempo, paciência, esforço e trabalho, tanto da parte dos profissionais de saúde como da parte das pessoas que usufruem dos seus serviços. É necessária, e acima de alguns outros fatos, motivação. De ambos os lados, para um objetivo só. Situação que poderá não ocorrer de forma fluida e natural nos dias de hoje, com os constrangimentos de sempre - algo a que, lentamente e infelizmente, nos vamos habituando.

Cumpre-nos, no fundo, olhar para todas as dimensões da pessoa que temos perante nós, enfermeiros. E olhar de forma a ver, identificar, raciocinar, diagnosticar e intervir, para verificar o ganho que houve. Não nos compete apenas efetuar apenas aquilo que esperam de nós - isso será apenas a base da nossa ação - mas sim ir mais além, ir ao encontro do Outro de forma a que, ele próprio, sinta que somos Enfermagem.

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