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A Martins Sarmento e as Festas Nicolinas em Tempo de Pandemia

A responsabilidade de todos

A Martins Sarmento e as Festas Nicolinas em Tempo de Pandemia

Voz às Escolas

2020-11-26 às 06h00

Ana Maria Silva Ana Maria Silva

As Festas Nicolinas são uma das festividades académicas mais antigas de que há memória, sendo, simultaneamente, uma das manifestações com mais tradição na cidade e no concelho de Guimarães. Estas festividades com mais de 124 anos de existência foram conhecendo diversos formatos. Desde 1896, que as Nicolinas fazem parte do Liceu de Guimarães, a actual Escola Secundária Martins Sarmento. Os estudantes de então apropriaram-se delas e nunca mais as deixaram de celebrar.
As Nicolinas conheceram muitas mudanças políticas, mas sempre souberam adaptar-se às convulsões sociais que lhes seguiram. Foram capazes de se democratizar e chegar a todas as escolas, o que possibilitou a criação de um elo entre os novos e os antigos estudantes das escolas de Guimarães.
O ano de 2020 trouxe uma nova mudança. Tal como a Martins Sarmento, que ao longo da sua existência de quase 130 anos se soube adaptar a todas as mudanças, também as Nicolinas se terão de adaptar e não deixar que o espírito Nicolino dos estudantes de Guimarães fique refém desta pandemia que assola a nossa cidade, o nosso país e o mundo em que vivemos.
Estes festejos decorrem de 29 de novembro a 7 de dezembro e são constituídos por vários números que são fundamentais para conhecer e para entender o espírito das Nicolinas: Novenas, Ceias, Pinheiro, Posses, Magusto, Roubalheiras, Pregão, Maçãzinhas, Danças de São Nicolau e Baile Nicolino.
Tudo começa com o Pinheiro, na noite de 29 de novembro. Este ano, o tradicional desfile do Pinheiro pelas ruas da cidade será substituído por um toque simbólico nas janelas e varandas dos vimara- nenses. Tudo vai acontecer pelas 23 horas. O convívio será certamente diferente, mas muito forte.
No dia 4 de dezembro, temos as Posses. Este ano a Posse será dada pelo Dízimo de Urgeses e na Martins Sarmento. Este número vai realizar-se sem o acompanhamento de populares e a tradicional banda. Os bens comestíveis e bebíveis que serviam para fazer o Magusto, um banquete, aberto a todos, na Praça de Santiago, serão substituídos por víveres não perecíveis, a serem entregues a entidades que procederão à sua distribuição por famílias carenciadas da nossa cidade.
Na tarde do dia 5, acontece o Pregão Académico que é a desculpa de quem o escreve para maldizer tudo. O pregoeiro não irá percorrer as ruas e as praças da cidade a proclamar as novas ao povo de Guimarães. Ficará confinado ao Claustro da Câmara Municipal de Guimarães e será transmitido em direto através das redes sociais.
A Biblioteca da ESMS vai lembrar este número com uma exposição de Pregões de anos anteriores a decorrer de 24 de novembro a 9 de dezembro.
As Maçãzinhas acontecem na tarde do dia 6. Os Nicolinos oferecem na ponta da sua lança uma pequena maçã à sua amada ou pretendida, que se encontra na varanda, recebendo em troca chocolates ou outras lembranças. A pandemia e o confinamento não permitem que este número se realize no formato habitual. Apenas as capas e as camélias irão enfeitar algumas varandas da praça de S. Tiago.
Na ESMS será feita uma representação simbólica com os membros da Comissão de Festas a entregar maçãs a alunas, nas varandas da fachada principal da escola. Não haverá público e tudo será feito em horário que permita cumprir o confinamento obrigatório.
Todos os outros números serão cancelados à exceção das Roubalheiras. As Roubalheiras não têm nem data, nem local, e muitas vezes, nem rumo. A Comissão de Festas rouba vários pertences da população e concentra-os no Largo do Toural. No dia seguinte, os lesados têm de ir buscar os seus pertences à praça pública. Este ano a acumulação de bens no Largo do Toural também vai acontecer de forma simbólica.
Mais uma vez, estas festividades mostram a sua originalidade e peculiaridade, o que as diferencia de todas as festas académicas do nosso país. Como dizia o Engenheiro Hélder Rocha, pregoeiro em 1935 e 1936, “Originais, só as Nicolinas. As outras [festas estudantis] copiam-se umas às outras”.

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