A pandemia está a alterar negativamente a nossa mente – como combater?
Escreve quem sabe
2020-10-09 às 06h00
Curioso como o Tempo tanto nos escapa por entre os dedos como teima em se arrastar tão lentamente quanto um filme do Manoel de Oliveira. Pode ser apenas percepção associada ao prazer que obtemos daquilo que estamos a fazer. Mas há algo sobre o qual não tenho dúvidas, todos temos o mesmo número de horas no dia e a escolha, sobre como decidimos ocupar esse tempo, deve ser nossa. Sim, estou consciente que em sociedade, há sempre condicionamento externo ao nosso tempo.
Ocupamos o nosso precioso tempo de formas que podem ser tão diferentes. Se, para mim, o tempo passa rapidamente enquanto oiço o último álbum do Fausto Bordalo Dias e se arrasta durante uma qualquer cerimónia religiosa, para outros, a experiência é diametralmente oposta. E isso é maravilhoso.
Mas não quero ser mal interpretado. Não estou a dizer que devemos apenas fazer aquilo que nos dá prazer. Se assim fosse, em miúdo, nunca teria ido à escola nem estudado, nunca teria comido sopa e, se a memória não me falha, nem banho tomaria. Recordo-me vagamente de proferir estas palavras à minha mãe: “tomar banho, outra vez?! Ainda ontem tomei! Quando for grande não vou tomar banho”. Mesmo agora, adulto, muito provavelmente também não praticaria desporto ou trabalharia. Não tenho especial prazer pelo trabalho e o desporto é apenas uma arma contra a gordura abdominal que teima em não me abandonar.
Confesso que das poucas coisas que me tiram do sério, mas realmente do sério, é desperdiçar tempo. Não me refiro ao atraso elegante para um compromisso. Isso é facilmente ultrapassado com uns auriculares, música no telemóvel ou um livro. Refiro-me ao tempo desperdiçado em intermináveis reuniões a discutir frivolidades que mais parece o prolongamento de um jogo em que o Benfica esteja a perder; ter de me deslocar a um balcão de um banco para entregar um papel que poderia facilmente ser enviado por correio electrónico; ou ainda ter de fazer a cama ou aspirar a casa.
A minha querida irmão Joana, que tanto tempo já me fez perder, mas que ainda assim continua a ter o meu carinho, está de parabéns. Ela e milhares de miúdos que durante o ensino secundário se empenharam e ocuparam o seu tempo a estudar e a trabalhar para entrar no ensino superior.
Ela inclui-se no grupo daqueles que, tendo entrado, não o fizeram na primeira escolha. Estudou um pouco mais, trabalhou um pouco mais e voltou a tentar.
Deixo-te estas palavras que gostaria de ter escutado com a tua idade. O pai de certeza que as disse mas optei por não escutar. Também tu muito provavelmente não escutarás.
Agora que estás num curso que escolheste, importa continuar esse caminho. O das tuas escolhas. E que essas escolhas te levem até ao futuro que queres para ti.
Tem presente que o ensino superior não te deve preparar para um emprego. Esses estão e vão mudar sempre. Aproveita os próximos anos para te preparares para estar sempre a aprender, adaptar e antecipar. O teu tempo é precioso e as escolhas que fazes vão permitir que cries hábitos que te facilitarão o processo de aprendizagem no futuro.
Minha querida irmã Joana, aprender a aprender é a melhor forma de ocupares o teu tempo. Com isso e com a conta de netflix dos teus irmãos.
25 Janeiro 2021
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