Ser ou não ser
Ideias
2018-02-05 às 06h00
A reconfiguração do eixo da Rodovia de Braga tem sido periodicamente notícia ao longo dos últimos quatro anos. Mais recentemente, o tema voltou a estar no centro do debate político com o anúncio da intenção de transformar esta via de atravessamento rápido da cidade numa avenida mais humanizada que possa congregar o automóvel individual, a bicicleta, os transportes públicos e a circulação pedonal.
Depois de décadas de privilégio à construção de vias rápidas para a circulação de automóveis de uso individual, a cidade de Braga tem agora a oportunidade de voltar a construir avenidas que sejam pontos de contacto entre as diferentes áreas que compõem a malha urbana. Apesar da sua reconhecida utilidade em termos de fluidez da circulação viária, a verdade é que o aumento do tráfego e as elevadas velocidades médias que ali se praticam transformaram a Rodovia num muro que separa duas cidades dentro de uma mesma cidade de Braga.
Além do impacto negativo na fruição da urbe pelos cidadãos, a manutenção destes eixos viários de atravessamento rápido da cidade comporta riscos de saúde muito relevantes: dos atropelamentos à poluição sonora, visual e ambiental. Na semana em que soubemos que Braga mantém níveis muito preocupantes de poluição do ar, um problema invisível que afeta essencialmente as três maiores áreas urbanas do país (Lisboa, Porto e Braga) e que já vitimou 6630 pessoas desde 2014, a urgência de medidas de controlo do tráfego tornou-se ainda mais premente.
A redução das vias de circulação automóvel, o aumento verdes e dos espaços dedicados aos peões, a criação de ciclovias, a reserva de vias de exclusivamente dedicadas aos transportes públicos, a eliminação das passagens aéreas e a consequente redução das velocidades de atravessamento das cidades pelos automóveis particulares é uma tendência seguida em toda a Europa ao longo das últimas duas décadas. Apesar das resistências iniciais, maioritariamente relacionadas com o medo de um possível impacto negativo das medidas de redução da circulação automóvel, a verdade é que as populações acabam por aderir às transformações quando percebem que o efeito é exatamente o oposto: a compatibilização do uso do automóvel individual com os outros meios de transporte, o aumento dos espaços dedicados às pessoas apeadas e a melhoria das condições de operação das empresas de transporte público coletivo traduzem-se, invariavelmente, num aumento da qualidade de vida, numa valorização económica das áreas intervencionadas e numa melhoria das condições gerais de mobilidade.
Para responder às necessidades dos cidadãos, o eixo da Rodovia necessita de alterações profundas e, de algum modo, disruptivas. Tratando-se de um projeto fundamental para o futuro da cidade, é imperioso que a sua execução seja determinada e a sua implementação efetivamente coletiva. Para isso, a proposta que o Município vai apresentar deve ser solidamente fundamentada em pareceres técnicos, científicos, independentes e especializados, eficazmente comunicada às pessoas (para conter a contra-informação) e genuinamente aberta ao debate e à participação de todas/os. Só assim será um projeto verdadeiramente participado e inclusivo, capaz de se tornar numa obra de (e para) todos os bracarenses.
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