Correio do Minho

Braga, sexta-feira

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A obra do regime

Entre a vergonha e o medo

Ideias

2017-10-31 às 06h00

João Marques João Marques

Foi uma das críticas apontadas na campanha eleitoral, é uma reclamação recorrente da oposição e serviu, até, para que esta ilustrasse a “falta de concretizações” do anterior (e atual) executivo autárquico: a míngua de obra. Não vou repetir-me e voltar a demonstrar como não era por mais obra que Braga clamava, nem sequer me vou dar ao trabalho de relembrar que todo o pressuposto político de Ricardo Rio assentava justamente na mudança de paradigma, na superação desse modelo de betão. Prefiro concentrar-me na forma ajuizada, criteriosa e sustentada como foi delineada a política de investimentos em infraestruturas que levou à recondução pelo povo, por maioria absoluta reforçada, desta equipa de vereação.

No início do mandato anterior tínhamos, como é sabido, muitos esqueletos no armário, muita obra por pagar, mas também muita obra para acabar. Recordo o quartel dos bombeiros sapadores ou o campo de tiro como exemplos desse tipo. Ou por que havia que acabá-los, ou por que havia que pagá-los, ou por ambos os casos, eram infraestruturas que não podiam ficar paradas à espera de melhores oportunidades.

Sem prejuízo destas heranças do passado, apontou-se à renovação de equipamentos essenciais para projetar a marca Braga, donde resultaram os projetos de requalificação do Parque de Exposições de Braga e do Mercado Municipal. Sempre, como era condição essencial para todos os investimentos avultados, com recurso ao financiamento comunitário, para evitar desmandos orçamentais que, como no passado, impedissem a livre ação de futuros executivos, fossem eles quais fossem, com isso coartando a efetiva liberdade de escolha dos bracarenses.

Ainda assim, conseguiu-se dar vida e alma ao projeto do orçamento participativo e concretizar obras em que os cidadãos se reveem e que as comunidades ambicionam, sendo indiscutível a evolução positiva a que se tem assistido na qualidade dos projetos e na interiorização de uma ideia de bem comum na generalidade dessas propostas.

Foi, então, graças à escolha criteriosa do executivo que pudemos ver crescer, maturar e agora iniciar a concretização da requalificação do Parque de Exposições, como muito brevemente assistiremos ao arranque das obras no mercado municipal. Sem precipitações eleitoralistas e com o foco dirigido para a qualidade dos projetos, Braga assiste à segunda fase de transformação do concelho em polo agregador de investimento, criatividade e trabalho.

Há, no entanto, uma obra, também ela prestes a arrancar, que me parece que terá ainda mais visibilidade e ajudará decisivamente a cimentar a ideia de que este executivo trabalha para as pessoas e não para interesses obscuros ou agendas escondidas, completamente alheias à lógica do interesse público. Falo do caso da ampliação do Complexo Desportivo da Rodovia, cujas obras arrancaram ontem mesmo.

Bem sei que alguns estarão já, ironicamente, a apontar a permuta de terrenos (que permitiu a ampliação em 40% do espaço consignado a usufruto público neste complexo) como a contradição de parte do que disse. Presos a lógicas que me parecem preconceituosas e pouco centradas na realidade, os críticos do costume olham para os intervenientes da permuta - Câmara Municipal e empresa Rodrigues & Névoa - e retiram conclusões, na minha opinião, deslocadas. Admito visões diferentes, mas, ao contrário do que advogam, não vejo nessa permuta qualquer tipo de benefício para o privado, sobretudo se, no outro prato da balança, colocarmos o benefício público e para o público que representa podermos, enquanto comunidade, passar a usufruir de uma extensão de terreno útil muito significativa, harmoniosa e, de outra forma, impossível de concretizar.

O contínuo de espaço público que se alcança, a fruição das margens do rio Este em condições de mínimo conforto e o desenho e colocação dos equipamentos de apoio não seriam alcançáveis senão com esta permuta. E o valor económico do negócio, que seguramente não se destina a prejudicar o privado, não pode deixar de incluir no balanço este acréscimo patrimonial comunitário que é de enorme importância.

Apelido, por isso, esta obra, de obra do regime. Não apenas porque ajuda à dieta e forma física, mas sobretudo pelo ganho sensível que representa para o património usufruível dos bracarenses, por ser aquela mais facilmente acessível à generalidade dos cidadãos, mais próxima das suas rotinas diárias e de incremento de qualidade de vida, mas também por traduzir, na perfeição, o compromisso de Ricardo Rio com a potenciação do espaço público enquanto catalisador de hábitos de vida saudáveis, com o reforço das infraestruturas socializantes e com a premissa estratégica “Braga - cidade para investir, visitar e viver” plenamente cumprida.

É que são obras como esta que têm um reflexo decisivo na capacidade de atrair e fixar população. Se é bom ter um turista que nos visita, muito melhor será se ele entender que pode construir um projeto de vida e familiar no nosso concelho. Se é excelente termos a atenção de um investidor, muito melhor será despertar-lhe a vontade para aqui se mudar com os seus funcionários.
E isso só se consegue se se demonstrar que aqui não há só excelentes centros de feiras e negócios, ou grandes núcleos de investigação. É fundamental garantir que toda essa gente que pretenda mudar-se para um novo território tenha à sua disposição um conjunto de valências “pré e pós-laborais” que lhes despertem a vontade não só de cá vir, como sobretudo de cá ficar. Só assim se faz cidade, só assim se agrega um povo, só assim se constrói futuro.

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