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A Cruz (qual calvário) das Convertidas

Ideias

2013-11-10 às 06h00

Felisbela Lopes Felisbela Lopes

Afinal, somos felizes. Era assim o título ontem da revista do Expresso. No JN, titulava-se que o Ministro da Administração Interna tinha arrancado palmas a agentes em protestos: no DN destacava-se a história de Marine Antunes, uma jovem que teve um linfoma e que diz que não devemos desistir perante a adversidade.

Os números são impressionantes: 67 por cento dos portugueses consideram-se felizes e 79 por cento dizem-se optimistas. Parecem resultados inverosímeis, perante uma conjuntura de desalento e um ambiente de crescentes dificuldades económicas. Ora, este estado de alma resulta do facto de grande parte de nós encontrar a sua felicidade nas relações pessoais: nos filhos, na família, nos amigos. Poucos respondem que buscam uma realização na sua profissão. Aos poucos, lá vamos regressando ao essencial da vida de todos os dias: aos laços afetivos que nos atam uns aos outros, por vezes através de fios invisíveis, mas resistentes.

É claro que há também quem consiga transformar as contrariedade da vida em oportunidades para olhar o quotidiano de outra forma. É o caso de Marine Antunes, uma jovem de 23 anos que teve um linfoma e que ontem apresentou um livro intitulado “Cancro com Humor”.

Em declarações ao Diário de Notícias, dizia isto: “Não consigo encarar o cancro como uma fatalidade. É obrigatório ter esperança”. Reconheço que tenho uma profunda admiração pelos doentes oncológicos. São gente que viajaram até ao fundo e que, grande parte das vezes, consegue emergir com uma força extraordinária. Na verdade, é preciso perceber a precariedade da nossa existência para saber valorizá-la como deve ser, em vez de nos perdermos em gestos inúteis ou em futilidades dispensáveis.

Num outro plano, a imprensa destacava ontem a presença do Ministro da Administração Interna na Assembleia da República. À frente de agentes policiais que ocupavam as galerias do hemiciclo para protestarem, Miguel Macedo disse isto: “as pessoas da PSP não são funcionários públicos como os outros”, precisando, portanto, de um tratamento diferenciado. Perante esta inesperada declaração, as forças policiais aí presentes levantaram-se e aplaudiram o governante de pé. Algo inédito nos dias que correm, mas também não é comum ouvir determinada tutela a elogiar os respetivos corpos profissionais. Os polícias sentiram-se reconhecidos por quem tem sobre eles responsabilidade política e é exatamente isso que falta aos colegas de Miguel Macedo: olharem com mais atenção para aqueles que governam.

Em fim-de-semana de divulgação dos rankings das escolas, a minha atenção centrou-se na reportagem do Expresso que destacou a escola secundaria de Baião, situada num concelho deprimido, com poder de compra reduzido e com alto índice de desemprego. Há quatro anos estava na cauda dos resultados, agora está entre as 75 melhores do país e entre as 40 melhores públicas. Oiçamos o que diz o diretor da escola, José Alberto: “A forma de resolver os problemas do concelho, foi trazer o concelho para dentro da escola”, envolvendo os pais em cada etapa de aprendizagem dos filhos.

Mas há uma variável que importa aqui ponderar também e que este professor não esqueceu de sublinhar: “nada é possível sem o envolvimento dos professores, sem que se sintam bem na escola e estejam dispostos a remar para o mesmo lado”. Pois é, afinal é preciso estender a felicidade das relações pessoais para o campo profissional para que se consiga dar a volta a um doentio clima de austeridade que se instalou entre nós.

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