Da Importância das Organizações Profissionais em Enfermagem
Ideias
2025-01-22 às 06h00
Em Portugal, nomeadamente em Braga, houve sempre, entre a cidade e o campo, uma relação física e social justificativa da presença constante da ruralidade na vida urbana. As antigas portas da cidade abriam-se para dar entrada aos alimentos vindos dos campos próximos e das hortas contíguas, e a cidade era o destino da atividade agrícola.
As searas, as hortas, os pomares, os olivais, as vinhas e, mais afastadas, as matas e ambientes florestais, organizavam-se num mosaico de diferentes espaços compartimentados, onde também surgiam os campos de feiras, as capelas votivas que justificavam as romarias, as “quintas de família” e as cercas dos conventos. As “quintas de família” dos arredores eram refúgios de frescura para quem podia fugir às temperaturas estivais e às pestes urbanas e reencontrar descanso e sossego
Sempre existiu nas nossas cidades uma relação física, social e económica de proximidade da cidade com o campo, constituindo um pequeno mundo onde se conjugavam a produção da horta e do pomar e o recreio e prazer dos percursos.
Os “Livros de Horas”, obras iluminadas medievais, atestam bem as relações existentes em toda a Europa, entre a cidade e o campo. Nesses calendários, a imagem correspondente a cada mês do ano representava o trabalho agrícola mais significativo que nele se realizava.
Este “anel verde”, que envolvia a cidade, permitia uma transição da zona urbana para o mundo rural onde predominavam os valores e componentes vivos da paisagem natural, enquanto a cidade era dominada pelo material inerte.
Nos subúrbios de Braga, e de muitas outras cidades, o mosaico suburbano da paisagem rural prolongava-se para o interior do aglomerado urbano, ocupando espaços dispersos, circunscritos, desligados uns dos outros. São representativas de áreas residuais da anterior ruralidade envolvidas pelo crescimento do casco urbano, e que repetem na cidade a ruralidade da paisagem envolvente.
É precisamente nesta perspetiva que o projeto educativo da Quinta Pedagógica de Braga representa um exemplo de sucesso comunitário da importância de uma estratégia inter-geracional de aprendizagem e relação com a natureza, enquadrada com os modernos princípios de sustentabilidade ambiental.
Honra seja feita a quem teve a capacidade de antecipar: foi há 21 anos, num mandato do Partido Socialista, que o então vereador do pelouro da Educação, João Nogueira, teve a visão de criar e desenvolver um equipamento que prolongava a relação entre o mundo rural bracarense e a cidade urbana, oferecendo à cidade um conjunto de experiências educativas diferenciadoras, com uma forte componente de sensibilização para a sustentabilidade ambiental,
Desde essa altura, várias tem sido as melhorias e constantes ampliações que permitiram aumentar a capacidade de acolhimento e diversificação da oferta em termos de atividades, resultando num reconhecimento social de largo espectro, mas também permitindo, por exemplo, ter recebido em 2024 o prestigiado prémio “Go Green” colocando a Quinta Pedagógica de Braga como um exemplo nacional na aplicação das Boas Práticas do Pacto Ecológico Europeu.
Os mais de 60.000 visitantes que o espaço teve no ano de 2024 participaram em iniciativas como o “Dia da Árvore”, o “Dia da Terra”, o “Dia Mundial da Terra” ou a “Semana Europeia da Prevenção de Resíduos”, mas ao mesmo tempo contribuíram para manter vivas algumas das nossas principais tradições como a “Desfolhada”, as “Vindimas” ou o fabrico da tradicional broa de milho que preserva até aos nossos dias os sabores ancestrais.
A ideia de construir e executar um qualquer projeto educativo, como a Quinta Pedagógica de Braga, passa pela conceção de uma oportunidade de mobilizar as pessoas em torno de um compromisso, de uma ação coletiva na qual todos os envolvidos se sintam implicados nas tomadas de decisão e que leve à integração das dimensões individuais no sentido coletivo de um determinado objetivo, com um papel relevante na implicação ativa dos Bracarenses.
Se a Quinta Pedagógica de Braga é um exemplo da importância dos projetos educativos nas cidades, em sentido oposto a Escola de Educação Rodoviária é ilustrativa do abandono e incúria da maioria do Executivo Municipal na resposta a algumas das mais importantes necessidades do nosso Concelho.
Criada em 1999, a Escola de Educação Rodoviária procurava desenvolver nas crianças de Braga uma nova conceção daquelas que deveriam ser as linhas orientadoras de uma política eficaz no combate e prevenção à sinistralidade. Chegava a ser conferida a cada uma das crianças que participava nas ações formativas um Certificado de Bom Condutor.
Mas não deixa de ser risível que no preciso momento em que a Câmara Municipal de Braga anuncia a contratação de um estudo para fazer uma avaliação mais sustentada das condições de segurança rodoviária no Concelho, como resposta às denúncias feitas pelos Vereadores do Par- tido Socialista que assumiram que perante os atropelamentos que se registaram nos últimos tempos na cidade seria “…urgente adoptar medidas para reduzir este número tão elevado de acidentes que envolvem peões na cidade…”, a Escola de Educação Rodoviária se encontre encerrada e abandonada!
É de facto muito difícil aceitar e compreender porque é que um equipamento municipal que deveria servir como um importante instrumento de educação e sensibilização rodoviária da popula- ção no âmbito de uma correta utilização da via pública, e da educação e segurança rodoviária esteja fechado e abandonado.
Quo Vadis, Braga?
13 Fevereiro 2025
13 Fevereiro 2025
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