Guterres: antissemita e russófilo?
Ideias
2011-02-23 às 06h00
O mês de Janeiro de 2011 foi fértil em notícias oriundas do norte de África e médio oriente, que davam conta da crescente onda de descontentamento, pacificamente liderada por uma juventude sedenta em remover o espartilho que lhes têm “roubado” as oportunidades no seu país. As revoluções pacíficas despoletadas na Tunísia e Egipto, alastraram-se a diversos países, nomeadamente: Argélia, Jordânia, Iémen, Sudão, Palestina, Iraque, Irão, Líbia, Bahrein.
É difícil antever o desfecho deste movimento, sendo importante destacar que é liderado por duas das mais poderosas forças motivadoras de mudanças: juventude e tecnologia. Aproximadamente 60% da população nessa região tem idade igual ou inferior a 30 anos! Eles têm expectativas fundadas para um futuro melhor, necessitam de oportunidades, mas persistem regimes oligárquicos e opressivos que não têm capacidade nem interesse na mudança.
Os jovens do norte de África e médio oriente têm demonstrado que pretendem apenas ser tratados como cidadãos e não como objectos de um regime sem perspectiva de desenvolvimento económico e social. No contexto actual a sociedade do conhecimento é indispensável para construir uma sociedade melhor e dar sustentabilidade às nações e gerações vindouras.
Num recente inquérito conduzido nesta região (médio oriente), o principal desejo manifestado pela juventude foi “viver num país livre”, sintomático. É simples atribuir a responsabilidade deste movimento às redes sociais, mas é evidente a relevância que as tecnologias: televisão por satélite, computadores, telemóveis, a internet, entre outras, tiveram na informação, educação e relacionamento das pessoas na região.
O alerta já tinha sido dado há demasiado tempo, as reduzidas perspectivas para juventude desta região foram mote de conversa, discussão em diversos contextos e fóruns, se bem que ignorados pela maioria dos governos e respectivos líderes. Na sociedade actual, é completamente descabido “cortar” o acesso à internet e as comunicações de um país, parece difícil perceber como este tipo de medidas é inconcebível na sociedade actual.
Como funcionaria a banca, a bolsa de valores, o “mercado” sem internet? Como se poderá alcançar desenvolvimento económico sem comunicações? Colapso ou sobrevivência, a juventude à rasca vai ajudar as nações decidir bem, eliminando a “má moeda” de forma a democratizar um bem comum, o respeito pelo ser humano.
E o que é que tudo isto tem a ver com o Taekwondo e a democraticidade, bastante. O Taekwondo tem a sua origem na Coreia, sendo atribuída a fundação do Taekwondo moderno, nos primórdios do século passado (1918), a uma general Coreano, Choi Hong Hi. A primeira competição internacional de taekwondo remonta ao ano de 1973. A modalidade desde então alcançou alguma notoriedade, com fortíssimo controlo pelos Coreanos, que conseguiram a integração do taekwondo como modalidade de demonstração nos jogos olímpicos de Seoul (1988), tendo mantido esse estatuto nos jogos de Barcelona (1992).
Os Coreanos domina-vam (e queriam) amplamente a modalidade nas suas diversas dimensões, mantendo-a num círculo bastante fechado, facto que provocou a ausência do Taekwondo nos jogos olímpicos no período entre 1992 e 2000. Nos jogos de Sidney (2000), o Taekwondo voltou a integrar o programa dos jogos olímpicos, tendo estado na base dessa decisão, o percurso que o Taekwondo realizou resultante da introspecção realizada à modalidade, nomeadamente pelo espartilho Coreano.
Existiam dois caminhos possíveis para o Taekwondo: a Internacionalização da modalidade ou, o fim anunciado devido às inúmeras manifestações de nepotismo manifestado pela nação dominante no controlo da modalidade. Felizmente para o desporto que o caminho elegido foi o da internacionalização e democratização.
Tenho sido um observador atento ao desenvolvimento do Taekwondo na região do Minho, muito particularmente em Braga. A elite nacional do Taekwondo, está sedeada em Braga, sendo a maioria destes atletas de alto rendimento e alunos da Universidade do Minho. Estes jovens têm alcançado resultados desportivos de excelência, cuja notoriedade não é nem de perto nem de longe a merecida.
Não teria sido possível a estes jovens traçar como objectivo uma participação nos jogos olímpicos, se na década de oitenta e noventa não tivessem sido tomadas as opções correctas pelos responsáveis do Taekwondo. A democratização do Taekwondo, permitiu à modalidade afirmar-se de uma forma impressionante em pouco mais de uma década, criando oportunidades aos seus praticantes.
Para concretizar o sonho/objectivo de participação nos jogos de Londres, os atletas de alto rendimento e alunos da Universidade do Minho: Pedro Póvoa, José Fernandes, Eduardo Rodrigues, Nuno Costa e Rui Bragança, entre outros, terão de superar um obstáculo difícil, o selectivo processo de qualificação. Este exigente processo de qualificação elimina à partida 3 dos 5 potenciais candidatos mencionados, dado que cada país tem uma quota de participação definida que não pode exceder, máximo de 2 atletas masculinos e 2 atletas femininos, em diferentes categorias de peso.
Para que fique clara a selectividade e grau de dificuldade do mencionado processo de qualificação para os jogos de Londres, ficam registamos dois parâmetros que poderão permitir uma qualificação directa aos nossos atletas:
− Qualificarem-se num lugar de medalha (1.º, 2.º ou 3.º) no torneio mundial de qualificação olímpica, que decorrerá em Julho de 2011 em Baku (Azerbaijão). Neste torneio participa a elite mundial, qualificando-se apenas os 3 primeiros de cada categoria de peso, considerando ainda que cada país poderá participar neste torneio com um máximo de 4 atletas (2 masculinos e 2 femininos).
− Qualificarem-se num lugar de medalha (1.º, 2.º ou 3.º) no torneio Europeu de qualificação olímpica, que decorrerá entre Setembro de 2011 e Janeiro de 2012. Neste torneio participa a elite Europeia, qualificando-se apenas os 3 primeiros de cada categoria de peso, considerando ainda que cada país poderá participar neste torneio com um máximo de 4 atletas (2 masculinos e 2 femininos).
Estou convicto que Portugal terá representantes do Taekwondo a competir em Londres.
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