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A transparência e a generosidade da palavra

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A transparência e a generosidade da palavra

Voz às Bibliotecas

2023-12-28 às 06h00

Aida Alves Aida Alves

Nesta altura, entre o Natal e Ano Novo, onde bruxuleiam inúmeras luzes no exterior, há uma escuridão que espreita às vezes no silêncio do coração de alguns Homens. É tempo de parar, observar, escutar e agir com generosidade e compreensão, para que essa sombra escura não permaneça muito tempo no interior das pessoas que nos rodeiam.
É importante uma reflexão global sobre os últimos doze meses, sobre o que fizemos e pensámos e percebermos as consequências de algumas das nossas ações, atitudes e palavras que podem ser responsáveis por uma transformação interior, uma mudança de atitude, de percurso pessoal, académico ou profissional. É importante perceber as ações que mais ofenderam os outros, aquelas que ignoraram ou desprezaram determinado contexto. Perceber se o que dissemos e fizemos em cada ocasião, nos enobreceu enquanto seres humanos, ou, ao contrário, nos empobreceu.
Por outro lado, há uma consciência global de que as ações de cada ser humano e de alguns em particular, sobretudo aqueles que têm o poder de arrastar multidões, nos podem fazer mergulhar num forte negrume, obscurantista e trágico, atravessado por laivos vermelhos de sangue. São as palavras e são as ações as donas destas misérias dos seres humanos, aquelas que nos salvam ou nos arrastam para um lento calvário ou um rápido cadafalso.
Ao traçarmos um paralelo entre as tradições de Natal e Ano Novo, queremos dar valor à relação entre as palavras e as ações e dar nota que a palavra dita ou escrita tem um enorme poder e que se inscreve na origem do mundo e do homem. É por intermédio da palavra e da capacidade de nomear as coisas que nos rodeiam, que cada indivíduo se afirma no mundo e dá vida a tudo o que o circunda. A palavra é fruto da transformação do tempo, das sociedades, das modas, é tão antiga como o tempo, contém o mundo na sua história.
É preciso saber usá-la no contexto certo, não a silenciar ou adulterar. Em cada ocasião, o uso das palavras certas torna a nossa perceção mais nítida sobre uma determinada circunstância. Quando se trata de uma palavra de compromisso, é preciso honrá-la, não a usando como escudo da nossa pouca coragem de encarar o que não queremos ou do que temos receio, retirando-lhe a transparência que ela tem. A palavra usada no seu contexto sintagmático é a mais exata e transparente forma de estarmos em sociedade. Sela um acordo, lança pontes e honra-nos. Onde procuramos as palavras certas? Se estivermos atentos à leitura da informação e formos críticos, se tivermos na nossa posse o pensamento extraído dos livros e da sua história, se formos consumidores de palavras, de bibliotecas e livrarias, perceberemos de imediato que os livros preservam nas suas páginas palavras que são autênticos instrumentos de memória. As peripécias das histórias narradas do saber humano transmitem um conjunto de infor- mações que nos ligam ao passado, presente ou futuro. Ajudam-nos à compreensão da nossa existência, abrindo caminhos que são consistentes com a nossa ação.
Os livros são produto da imaginação e do compromisso sério dos seus autores com a perpetuação da palavra e do saber, injetando nas narrativas literárias criação e imaginação. Os livros são porto seguro para todos os delírios, sonhos, paixões, aventuras e desventuras do humano. É através das coleções das bibliotecas que acedemos às experiências comuns a toda a humanidade, ao verdadeiro repositório de tudo e de todos.
Cada biblioteca oferece em si mesma um espelho que reflete os anseios, interesses e fraquezas dos seus autores e leitores, bem como a sua maravilhosa pluralidade identitária.
Quais são as suas palavras mais autênticas?
Que a esperança seja verde e luminosa para todos vós em 2024. Que as palavras generosas e transparentes surjam conscientes e comprometidas com os novos dias do ano bissexto, em situações que vos acrescentem. A música, um livro, um local, uma refeição, um quadro pintado, uma fotografia, um espetáculo, um abraço. Incorporadas serão novas memórias. Todos devemos gostar de viver.

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