Os perigos do consumo impulsivo na compra de um automóvel
Ideias
2020-01-21 às 06h00
No início de cada ano é habitual fazerem-se uma série de reflexões sobre como correu o ano anterior e o que poderá vir a acontecer no novo ano.
Da vida de cada um saberá o próprio, mas da vida de todos parece que só conta a vida mediática, ou seja, aquela que as rádios, as TVs e os jornais vão escolhendo como importantes.
Parece que o futuro de Portugal se resume ao Orçamento de Estado. O aumento de riqueza, ou o seu inverso, a melhoria da qualidade de vida, a modernização do país e as respostas a imensas necessidades de todos, desde a habitação à saúde, passando pelo emprego, educação, investimento e lazer (turismo), tudo se foca no que o Estado prevê vir a fazer.
Para quem nos aprecia de fora parece que vivemos de facto totalmente dependentes do Estado. Poderá ser também por erro do mensageiro - a imprensa – que apenas se preocupa com o que o Estado faz, alimentando assim o mundo dos comentadores e analistas, agora superados pelos seus homólogos do futebol.
O resto das nossas vidas parece resumir-se a um processo autómato simples e rotineiro, adaptado a um modelo de economia circular em que se vive para produzir algo a troco de alguma retribuição que nos permitirá desempenhar o papel de consumir. Trabalhamos para ter alimento, roupa, alojamento, cuidados de saúde, momentos de lazer, bens, propriedades, valor e riqueza. Cada um produz a sua parte em excesso, pois só assim será possível aos outros aceder ao que eu produzo satisfazendo todos os que puderem aceder ao preço que dá direito à posse ou usufruto. Simples. Aí temos a nossa sociedade de consumo, também designada de capitalista.
Mas, se tudo depende do Estado, onde está a sociedade capitalista?
Temos ambas: a social-democracia assim o permitiu. Nós, portugueses, somos um povo muito especial a lidar com este modelo de sociedade. Parece que queremos que o Estado trate de tudo, mas desde que não nos incomode nem peça para pagarmos a conta, esquecendo que o Estado que queremos ter precisa de muitos recursos que não lhe queremos dar.
Criamos um paradoxo onde exigimos cada vez mais ao Estado, sem nos darmos conta que este nos pedirá ainda mais do que o já tem. Assim andamos. Tudo o que falta, falha ou corre menos bem; a culpa é do Estado e dos políticos. Revindiquemos! Se não viermos para a rua, ou para as TVs, o Estado não nos ligará nada. Quantos mais formos e mais dependentes do Estado estivermos melhor, pois podemos paralisar o próprio Estado, criando-se uma divisão injusta e errada entre função pública e o resto da sociedade. O Estado assim tratado é coagido a fazer, atuando sob pressão do curto prazo, gastando por conta, tal com muitos de nós fazemos, ou seja endividando-se, ou trata de arrecadar mais dinheiro junto dos cidadãos, sobretudo dos já pagam impostos, aumentado o esforço fiscal sobre as famílias.
Apesar de aumentarem cada vez mais os cidadãos desiludidos com este modelo político e social, visível na abstenção crescente nos momentos de votação, na crítica fácil a todos os que dedicam as suas vidas à causa pública e no aparecimento de salvadores populares, temos uma Democracia viva que pode dar-nos melhor resposta. Para isso, temos que mudar de atitude. Temos que saber escolher entre pedir mais ao Estado sujeitando-nos a que este nos peça mais dinheiro, ou o seu contrário, colaborando para as soluções e respostas de que precisamos, sem colocar tudo dependente do Estado.
Temos que saber distinguir qua há partidos que defendem prioritariamente o primeiro modelo, atribuído em Portugal ao PS e restantes partidos da esquerda e, outros que defendem mais o outro modelo, começando pelo PSD situado mais ao centro estendendo-se aos partidos à sua direita.
A vida contínua, mas não podemos andar sempre na mesma. É importante que saibamos distinguir o modelo para lá chegar. Podemos escolher entre participarmos mais diretamente na solução, com mais empenho politico, maior envolvimento na procura de soluções, procurando fazer, criar riqueza, inovar processos. Podemos também escolher deixar que o Estado nos substitua, aumentando a necessidade de recursos humanos que o Estado precisará para o executar, pedindo mais dinheiro para os concretizar. A diferença é que colocamos a definição de prioridades a quem parece depender de pressões e não em função de escolhas racionais estudadas e fundamentadas.
A Democracia é isto - Escolhas.
Querer o melhor dos mundos, é pedir que nos enganem. Distribuir riqueza sem primeiro a criar, é receber o que não é nosso. Deixar de pagar o que nos deveria competir como cidadãos é sujeitar quem não o pode fazer a esforços injustos. Pedir agora aquilo que poderia ser melhor e em maior quantidade no futuro, é retirar recursos ao investimento para a melhoria futura. Prometer dar e fazer muito e deixar que o futuro dos dias faça esquecer o prometido, é dar valor à esperteza em vez de o dar à inteligência.
Temos que saber fazer escolhas. Em Democracia os modelos de governança não são iguais, mas também não são antagónicos. Criticar tudo e abandonar preocupações de todos, reclamando que outros o façam, nomeadamente abstendo-nos nos momentos em que nos é dado essa oportunidade é, legitimar minorias que se tornarão maiores sem crescer, dando-lhes o poder das maiorias.
Não deixemos que fatidicamente deixemos a vida continuar igual, fazendo da crítica e do mal dizer a justificação da nossa incapacidade de agi. Temos que participar mais na vida política do país. Os partidos não são coutadas de alguns, mas também não podem obrigar ninguém a dar um pouco do seu tempo e da sua sabedoria à causa pública. Participemos. Não podem dizer que não há escolhas. Seremos mais fracos se continuarmos no caminho da incerteza que adivinhamos poder acabar em nova crise.
Saibamos escolher entre o que podemos querer e o que conseguiremos obter, sem deixar de ser exigentes, sonhadores e empreendedores.
Não se foquem em quem tudo oferece, mas sim, em quem vos merece credibilidade pelo exemplo e pela racionalidade do que promete.
Um bom ano!
15 Junho 2025
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