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ABC: 30 anos depois merece mais de Braga

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ABC: 30 anos depois merece mais de Braga

Ideias

2024-05-16 às 06h00

Artur Feio Artur Feio

Começo hoje, e num registo quinzenal, um ciclo de reflexões sobre Braga e sobre tudo o que nos rodeia. Escrever é também partilhar um pouco de nós mesmos, das nossas vivências e do nosso modo de ver o mundo, no caso e mais concretamente, o concelho e a cidade.
Pretendo, assim, neste espaço, mostrar um pouco da minha própria percepção e visão do que por cá vai ocorrendo, do que existe e que tantas vezes nem reparamos. Porque gosto de escrever, porque gosto de pensar e questionar sobre a nossa circunstância, a evolução desta minha cidade e concelho é, e será sempre, um excelente motivo para nos encontrarmos de 15 em 15 dias, o que naturalmente representa um motivo de enorme orgulho e compromisso.

Por estes dias tivemos oportunidade de celebrar e recordar os 50 anos de Abril. Foram diversas as alusões na imprensa escrita que tive oportunidade de ler, recordando diversas perspectivas e olhares de quem participou directa ou indirectamente nesse momento de viragem da nossa democracia, ou de todos quantos só colheram os frutos dessa liberdade.
Ao aflorar esta data histórica, nesta primeira crónica, decidi relembrar algo que não devemos e podemos esquecer.
Naquele dia inteiro e limpo de 23 de abril de 1994, há precisamente trinta anos, Braga viveu uma das maiores jornadas do desporto europeu, quando o Académico Basket Clube, o nosso ABC, recebeu a equipa do Teka-Santander, na primeira mão das Liga dos Campeões Europeus de Andebol, e empatou a 22 golos.

Foi uma noite memorável e ainda hoje singular, vivida no Pavilhão Flávio Sá Leite e protagonizada por jogadores como Bolotskikh (seis golos), Araújo (cinco golos), Rui Almeida (3), Dolgov (3), Tavares (2), Vítor Tchikoulaev (2), Álvaro Martins (1), Paulo Faria, Carlos Brito, Carlos Ferreira, Paulo Morgado e Carlos Galambas, entre outros. Estavam no Pavilhão mais de dois mil bracarenses que silenciaram uma equipa de estrelas com Xavier Rekondo, Salsamendo, José Vilaldea, Garrido, o “pequeno gigante” Dujshebaev, Fernandes Oceja, Hombrados Ibanez, Yuri Nesterov, o campeoníssimo guardião sueco Mats Olsson (mais recentemente selecionador de Portugal), Urdiales Marquez, Cabanas e Jakimovich.

Ainda hoje diversos vídeos disponíveis na internet, que atestam como este jogo ainda figura como um dos jogos históricos do Andebol europeu em que os bracarenses transformaram o Flávio Sá Leite num inferno à medida que os espanhóis não conseguiam acertar na baliza de Carlos Ferreira.
No banco, pontificava a serenidade do treinador Alexander Donner e do dirigente Artur Monteiro, que assistiam aos golos de Paulo Faria e às defesas de Olsson aos livres de sete metros apontados por Vitor Tchikoulaev.
Erguiam-se bandeiras e soltavam-se balões, que simbolizavam uma cidade e uma região em festa, quando Rui Almeida transformava um livre de sete metros por entre as pernas do gigante Mats Olsson e a dupla Carlos Ferreira-Paulo Morgado travavam mais um, mais um e mais um ataque do Teka-Santander.

Foi um jogo disputadíssimo e nos últimos minutos, o ABC arrancou para um empate final quando estava a perder por 19-21, com um fabuloso golo de Dolgov, na marca dos nove metros e que surpreende a muralha defensiva adversária.
Era o momento maior do desporto colectivo de uma equipa de Braga, da qual não podemos esquecer dirigentes como Francisco Monteiro, António Xavier, a família Peixoto Rodrigues e treinadores como Carlos Resende e Jorge Rito.
Depois desse marco histórico, o ABC de Braga é hoje um clube na mão de alguns, numa cidade de todos. Há uma renovada ambição de recuperar este histórico clube da nossa cidade, num projecto actualmente liderado por Carlos Matos, mas de que também é obrigatoriamente necessário salientar o trabalho e dedicação de Luís Teles e das suas sucessivas direcções, dignas de especial reconhecimento e homenagem colectiva.
Se por um lado, o nosso desporto viveu muitos outros momentos marcantes, e todos os bracarenses devem orgulhar-se da vitalidade dos clubes que fizeram, fazem e farão parte da nossa memória coletiva, por outro lado, importa não só recordar, sim, mas também viver o presente e preparar o futuro.

E preparar o futuro implica que olhemos para o que é que ainda está por fazer ao nível das políticas municipais de apoio ao desporto, aos clubes e às associações. E há muitos campos para trabalhar, com vista ao cumprimento destes objetivos, de dignificar o desporto bracarense.
Celebrar este momento ímpar do desporto bracarense é sensibilizar a Câmara Municipal de Braga para dotar um dos mais emblemáticos clubes de Braga — quer pela sua história quer pela formação de centenas e centenas de jovens — de instalações condizentes com a sua grandeza através da concretização da requalificação do Pavilhão Flávio Sá Leite, e de toda a sua envolvente, incluindo a reabilitação do Estádio 1.º de Maio, garantindo, como postulado no programa eleitoral da maioria Juntos Por Braga no seu compromisso eleitoral com os bracarenses. “…a salvaguarda da estrutura e a utilização para fins coletivos de diversas modalidades…”.

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