Correio do Minho

Braga,

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Ação, ou a vã glória de mandar (?)

Os perigos do consumo impulsivo na compra de um automóvel

Ideias

2017-11-14 às 06h00

João Marques João Marques

Há duas formas de reagir perante um problema: resolvê-lo ou ignorá-lo. A resposta escolhida diz muito de quem a toma e reflete, de forma genérica, a sua atitude perante as contrariedades que enfrenta. Na história portuguesa muitos casos existem de maus exemplos de decisões pouco acertadas que condenaram, não raras vezes, todo um povo ao adiamento do seu sucesso histórico.

Na obra de Manoel de Oliveira (“Non, ou a vã glória de mandar”) compilam-se algumas dessas decisões e frustrações nacionais que também ajudaram a formar a nossa consciência comum e resposta perante a vida. A portugalidade é isso mesmo, tudo o que de bom e mau nos define e que se vê tanto numa escala maior (a do país) como menor (da região, da cidade ou da freguesia).
No plano autárquico, que é o que me interessa focar, passa-se exatamente assim. Todos sabemos que nem tudo corre bem quando se exerce o poder. Como em tudo na vida, há momentos melhores e piores e perante as adversidades há que reagir, sempre com o interesse público como horizonte.

Em 2013 iniciou-se um caminho de rutura com o passado, assente nas prioridades dos bracarenses, nas suas reais preocupações e na recuperação da imagem do concelho como liderante no contexto nacional. Havia e continua a haver uma clara aposta na potenciação do bem-estar da população, com medidas tão simples como a passagem dos transportes públicos junto ao hospital ou tão estruturantes como as obras de requalificação e ampliação do complexo desportivo da Rodovia. Estas foram, são e continuarão a ser, por certo, marcas identitárias do atual executivo.

Sabemos, todavia, que nem tudo correu bem no mandato anterior, o que foi, de resto, reconhecido pelo Presidente da Câmara Municipal durante a campanha e nos sucessivos balanços que foi convidado a fazer. Porventura a área mais fustigada por críticas foi justamente a da gestão do espaço público, conhecendo-se os reparos sobre a necessidade de incrementar a capacidade de resposta do município às queixas dos cidadãos em matéria de ordenamento do espaço comum.

Como disse no início, a resposta aos problemas define a personalidade e o caráter de quem enfrenta as contrariedades. Se é sempre de salientar a honestidade intelectual de quem reconhece a existência de questões a melhorar, sobretudo quando ocupam lugares de relevo, mais importante é verificar que a acompanhar essa honestidade vem a proposição de soluções para essas dificuldades. No último ato eleitoral, os bracarenses escolheram reforçar, de forma expressiva, a maioria da Coligação Juntos por Braga, traduzindo-se esse reforço no crescimento de mandatos para o executivo camarário, passando a equipa de vereadores a contar com 7 membros quando antes eram apenas 6.

O sinal de confiança (histórico) dado por Braga à equipa da coligação merecia uma reação à altura, tão magnânima quanto lógica. E foi isso mesmo que aconteceu.
À boleia da atribuição de mais um mandato, Rio aproveitou a oportunidade e criou o pelouro da “gestão e conservação do espaço público”, justamente vocacionado para colmatar os pontos menos conseguidos do anterior mandato.

Para o lugar foi eleito João Rodrigues, anterior presidente da JSD Braga, um dos quadros políticos mais promissores do concelho, já com uma vasta experiência local, distrital e nacional nos órgãos da JSD e do PSD. Nos seus ombros fica a responsabilidade por uma das mais exigentes empreitadas deste mandato, mas ficam também amplos poderes para a concretizar. De resto, o despacho de delegação de competências permite confirmar o grau de dificuldade que espera o novo vereador. Entre as matérias sob a sua alçada estão não só aquelas ligadas diretamente à gestão do espaço público, em sentido estrito, mas também outras, menos óbvias, como as relativas ao exercício do direito de reunião ou à regulação do estacionamento ou ainda à autorização de acesso à área pedonal (para lá das que menos têm que ver com a nomenclatura do pelouro).

São muitas e vastas as competências e é grande a expectativa sobre os resultados desta reorganização orgânico-política do executivo camarário. Julgo que o que mais se espera, quanto a resultados, é uma ação ainda mais atenta no cuidado com que é tratado o espaço público de todo o concelho, um ordenamento efetivo do estacionamento, uma disponibilidade tão imediata quanto possível para acudir aos pedidos e reclamações da população e um entrosamento referencial com os vários executivos das juntas de freguesia.

Este será, por excelência, o pelouro da proximidade, da presença e da ação e estará nas mãos de quem lhe toma as rédeas concretizar não só o imenso potencial que este encerra como as legítimas expectativas que os cidadãos acalentam.
É a medida dessa concretização que nos permite conhecer, enfim, a diferença entre o exercício democrático, mas eficiente, do poder, por um lado, e, por outro, a “vã glória de mandar”, que tantas e infelizes vezes vimos no passado. E quem está ao leme, garanto, conhece bem essa distinção.

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