Entre a vergonha e o medo
Escreve quem sabe
2021-11-23 às 06h00
Aadaptação do ser humano à adversidade é algo de espantoso, digno de admiração e de contemplação. A nossa forma de evolução, de ajuste e de habituação é realmente surpreendente, tanto a nível coletivo como a nível individual.
Essa adaptação foi essencial durante a pandemia – aliás, ainda está a ser. Num instante passaram dois anos e num instante os hábitos e as formas de viver mudaram.
O uso de uma máscara tornou-se rotineiro, a higienização das mãos também e o distanciamento é já prática corrente. Pelo menos assim o espero, pois estou a contar com a maioria. Se nos tivessem informado previamente que isto iria acontecer não iríamos acreditar e, com certeza, o choque seria semelhante ao que realmente foi. Todavia, aqui estamos nós, adaptados e conformados. Uns mais do que outros, vá.
As dificuldades ajudam no crescimento, isso já sabemos. Sabemos igualmente que a experiência também é preciosa para esse processo, tornando-se também o mesmo mais enriquecido se as relações entre as pessoas forem ingredientes desse cozinhado.
O que talvez não estivéssemos à espera (alguns de nós, pelo menos), e que aconteceu, é que esse crescimento ocorresse devido a um centrar maximizado no «eu».
O «eu» que tem de viver e trabalhar em casa, o «eu» que tem de ter cuidado consigo para não contaminar os outros, o «eu» que afinal não é assim tão feliz quanto pensava e agora tem de lidar com isso.
Esse «eu» que nos deixou meios à toa porque, talvez, não estávamos habituados a lidar connosco próprios – o que foi, e ainda é, obrigatório fazer. Esse mesmo «eu» que deve trabalhar para o «nós» e para o «eles», e que deu conta da sua insignificância.
Mas, na verdade, esse crescimento é indispensável para a nossa evolução, pois permite que existam ajustes ao que é necessário fazer para a sobrevivência, para a vida em sociedade e para a nossa vida pessoal.
Talvez esta pandemia tenha servido como uma alavanca para a aprendizagem, não só no plano das nossas circunstâncias individuais, mas identicamente no âmbito social, profissional e até na esfera ecológica.
Apercebemo-nos de que a nossa saúde depende da saúde de uma família, que por sua vez depende de grupos e da comunidade, que por sua vez dependem de diretrizes nacionais e que por sua vez são reguladas por órgãos internacionais. E que depende similarmente da saúde do nosso planeta, que se encontra tão frágil que até mete dó.
Não venho aqui enfatuar a pandemia, tampouco as consequências económicas que a mesma tem deixado.
Mas, já que ela existe, e está para ir ficando, mais vale encontrar o seu lado mais ameno e aquele que nos pode ajudar a aprender para evoluir.
Aquele que nos permite encontrar o ponto de equilíbrio na saúde e no cuidado connosco, assim como no cuidado com a(s) casa(s) comum(uns).
Porque a pandemia está aí, mais vale estarmos atentos e aprendermos com esta experiência.
De facto, a forma como nos temos vindo a ajustar, a adaptar e a evoluir tem sido admirável.
Essa forma pode e deve ser contemplada, deixando que seja assumida como uma coisa que nos pode ajudar a melhor transitar este período. Daqui a trinta anos, quem sabe - e se ainda existir um planeta Terra -, alguns de nós estarão a descrever às outras gerações aquilo que vivemos durante estes anos, e com a sensação de um passado longínquo no discurso, que, sim, é muito presente e real para nós.
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