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Ideias

2023-02-07 às 06h00

João Marques João Marques

A propósito das recentes declarações do treinador do Sporting, quando admitiu que apenas o jogador Pote, designado para marcar um penalti no último jogo contra o Braga, tinha agido como um adulto, lembrei-me de alguns episódios que recentemente abalaram o espaço público bracarense.
De um lado, tivemos a polémica do abate de árvores na rua Frei Caetano Brandão.
Mais uma vez, a agilidade das redes sociais provou ser diretamente proporcional ao nível de desacerto que geralmente refletem as publicações, coladas a cuspo, no mural de quem “faz intervenção cívica”.
É verdade que uma operação de abate generalizado, como a que ocorreu, tende a criar alguma surpresa e, até, incompreensão, recomendando-se, por isso, uma prévia comunicação que dê contexto ao acerto da operação. Tudo para que a justeza dos propósitos não seja anulada pela injusta e condenável verve dos oportunistas.
Agora, não cabe na cabeça de ninguém que uma autarquia que promoveu uma autêntica revolução na gestão do espaço arbóreo, que se autoimpôs a utilização de técnicas cientificamente validadas quer para a avaliação do estado das árvores, quer para as podas e abates, viesse, de repente, cometer um autêntico “arvoricídio” em plena luz do dia.
Importa assinalar, por isso, que o abate destas árvores, como já foi explicado pelo vereador Altino Bessa, teve em conta os melhores interesses do concelho e dos bracarenses. Após um diagnóstico fitossanitário que declarou o estado cadavérico do arvoredo daquela rua, podendo inclusive estar em causa a proteção de pessoas e bens, outra alternativa não restou senão ordenar a sua retirada do local.
É uma pena, porém, que a mesma pressa que alguns tiveram em denunciar não-casos, não seja compensada com igual velocidade na correção do tiro e na explicitação cabal do ocorrido. Até porque era muito simples não só explicar a situação, mas também acrescentar que o município irá plantar tantas árvores quanto as que foram cortadas, só que saudáveis e em condições de plena segurança para todos.
Convém, ainda, e para que se note a dificuldade que é governar um concelho como Braga, dizer que as solicitações não para o mero abate, mas para a remoção definitiva de árvores ultrapassam largamente os pedidos para a sua plantação.
Percebe-se a vontade maioritária de quem, por motivos tão pouco atendíveis, como a perda de vistas da sua casa, ou tão relevantes, como os problemas respiratórios de que sofram, pugna repetidamente pela desobstrução das vias, passeios e parques vizinhos ao seu domicílio. Todavia, esta maioria decai pela prioridade que há que dar à promoção do desenvolvimento harmonioso do concelho, harmonia essa que, não podendo desprezar relevantes interesses particulares, tem de se centrar na sustentabilidade a longo prazo de Braga. Assim manda a maturidade.
Um outro exemplo particularmente impactante é o do processo de desmantelamento de alguns parques infantis em todo o concelho.
Ao longo dos anos, Braga foi colecionando uma coleção impressionante destes equipamentos, supostamente para dar resposta às carências de espaços de lazer para crianças.
Escusado será dizer que, ainda sob a alçada do antigo regime (vulgo mesquitismo), a medida faraónica era a única pela qual se podiam validar projetos de “largo alcance”, isto é, de aliciamento eleitoral.
Como tal, a estruturação de uma rede de parques infantis por todo o concelho não obedeceu a nenhum critério de razoabilidade ou de serviço público, mas antes à costumeira “equação a olho”, onde se privilegiam bolsas de eleitores e interesses políticos de ocasião. Tudo para que se diga que muito foi feito, sem que nada de substantivo se tenha alterado no quotidiano de famílias e crianças.
Por essa razão, assistiu-se a um degradar progressivo de vários destes equipamentos, não tanto por incúria do município, mas por evidente e provada desadequação dos mesmos às necessidades e desejos da população.
Ao mesmo tempo, a legislação foi mudando e tornou-se de tal modo exigente quanto aos requisitos para a manutenção e segurança destes parques que a sua sustentabilidade financeira se tornou uma miragem.
Perante este cenário, e novamente de forma responsável, a autarquia encetou um processo híbrido de desativação de alguns parques e de remodelação de outros, assumindo, perante todos, que a manutenção da integralidade dos equipamentos existentes era insustentável.
Ao contrário do que por aí se vai ouvindo, este tem sido um processo aturado, contínuo e não terminado de auscultação das populações e dos presidentes de junta envolvidos, no sentido de se tentarem soluções que garantam a manutenção de espaços de lazer verdadeiramente uteis e comportáveis pelo conjunto da sociedade bracarense.
Esta forma de gerir a coisa pública ainda causa estranheza em alguns, sobretudo nos que se armam em paladinos e se servem de Braga para projetos políticos egoísticos e egotísticos. Felizmente que ao leme da autarquia está gente madura e séria, que sabe que o concelho (ainda) não se gere em redes sociais.

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