A Cruz (qual calvário) das Convertidas
Ideias
2021-09-13 às 06h00
Portugal encaminha-se para o fim das restrições, mas isso não significa o abandono total das medidas de proteção individual. Pelo contrário. A partir de agora, ficaremos mais por nossa conta e isso significa que deveremos estar mais alertas. O nosso país é um caso de sucesso no que à vacinação diz respeito, mas o vírus não está erradicado.
Este fim-de-semana terminou o uso obrigatório de máscara na rua. Agora, apenas a devemos adotar em locais fechados. Claro que há interstícios que impõem alguma ponderação: os sítios onde se aglomeram muitas pessoas, os recreios, as festas, os concertos ao ar livre... Não podemos (não devemos!) abandonar abruptamente medidas que tanto nos protegeram desde o início desta pandemia.
Dentro de dias, depois da reunião já marcada para o Infarmed, o Governo irá anunciar o que nos espera no último trimestre do ano. A menos que haja uma inesperada nova variante, a vida tende a regressar àquilo que conhecíamos antes de março de 2020. E isso deixa-nos naturalmente satisfeitos. No entanto, será improvável um regresso integral aos nossos antigos estilos de vida. A Covid-19 impôs-nos outros cuidados quanto à proteção das doenças e isso irá prevalecer nos comportamentos de cada um, até mesmo daqueles mais relaxados. Pela minha parte, ficarei mais atenta à higienização das mãos, à ventilação dos espaços, à partilha de objetos comuns e, nos próximos tempos, sei que terei sempre à mão uma máscara para situações que considere de risco.
É isso mesmo que se espera de cada um: a máxima responsabilidade individual, até porque entraremos num tempo mais agreste, em que viveremos mais em espaços interiores e estaremos, por isso mesmo, mais vulneráveis à transmissão de vírus. Agora, podemos contar com um Serviço Nacional da Saúde mais robusto e um sistema médico mais bem preparado para responder a imprevistas adversidades, mas também deveremos sentir-nos mais interpelados a contribuir para que tudo corra bem.
Ontem de manhã passei pelo Centro de Vacinação do Altice em Braga. Nos minutos em que lá permaneci, emocionei-me bastante com a quantidade de jovens que ali estava para receber a vacina. Somos um caso de sucesso de vacinação a nível mundial e, no que diz respeito a Braga, temos razões para agradecer o esforço que toda a equipa de profissionais da saúde fez ao longo destes meses para que fosse vacinado um número elevado de cidadãos. Conseguiram-no e isso prova que ninguém nos vence na adversidade. Mesmo um estranho vírus desconhecido.
Esta é a primeira crónica que escrevemos depois de férias. Ao longo dos próximos meses aqui estaremos por esta ordem: eu própria, o advogado Carlos Pires, o médico e professor universitário Pedro Morgado e o professor universitário Pedro Camões.
Começamos em modo positivo, mas o registo adaptar-se-á sempre às circunstâncias e será ajustado à realidade em destaque.
Hoje, queremos apenas passar esta mensagem: chegou a nossa vez de sermos responsáveis, quando nos sentimos já desprendidos de restrições.
Está a chegar ao fim um conjunto de regras que mudou a nossa vida, mas a mudança foi de tal ordem que será improvável um regresso completo àquilo que já fomos. E ainda bem: porque neste tempo foram-nos dadas lições que devem ficar para a vida.
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