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Agradecer aos Enfermeiros

Entre a vergonha e o medo

Agradecer aos Enfermeiros

Escreve quem sabe

2022-05-10 às 06h00

Analisa Candeias Analisa Candeias

Os dias de sol convidam-nos a deixar para trás aquilo que foi a situação pandémica que todos vivemos. É apetecível o esquecimento da máscara, dos desinfetantes e das distâncias. Os dias de sol lembram-nos que a seguir ao Inverno vem a Primavera, e com ela novas possibilidades, que talvez nos ajudem a ter mais esperança naquilo que poderá vir a ser. É também apetecível a praia e a esplanada, assim como são favoráveis neste tempo os gelados e os piqueniques. Faz parte das rotinas do ano, este apetecível; ajuda-nos a transitar, mas, ao mesmo tempo, manter rotinas que nos permitem situar dentro daquilo que são os ciclos do tempo.
Ainda assim, estes dias de sol não nos devem fazer esquecer aqueles que têm sido os grandes heróis do período menos bom que passámos, e que são os profissionais de saúde. Sim, é certo que estiveram a desenvolver as suas responsabilidades profissionais, mas, ainda assim, durante os últimos dois anos fizeram muito mais do que aquilo que era um mero e simples dever relativo ao seu ofício. Durante os últimos dois anos foram mais além daquilo que lhes competia e entregaram à sociedade uma doação que não pode ser esquecida.
No próximo dia 12 de maio celebra-se o Dia Internacional do Enfermeiro e, com a instituição deste dia, o Conselho Internacional de Enfermeiros pretendeu dar relevo ao que tem vindo a ser a evolução da enfermagem e a ação dos enfermeiros por esse mundo fora. Celebrado no dia de nascimento de Florence Nightingale, este dia não deve surgir de forma isolada, mas sim integrado no destaque que os enfermeiros merecem, e que deve ser mantido ao longo de todo o restante ano.
A profissão de enfermagem nasceu como tal nos finais do século XIX, embora a figura do «enfermeiro» existisse desde o momento em que alguém necessitou de ajuda e/ou cuidados ao nível da sua saúde. Crescendo de forma sólida ao longo do século XX, hoje em dia encontra-se mais que consolidada a ideia de que, exercer enfermagem, vai muito para além da noção de vocação ou entrega, sendo necessário para a mesma a obtenção de um sólido corpo de conhecimentos que advêm do desenvolvimento científico.
Se esta é uma profissão que apresenta um envolvente mandato social, pela sua natureza, de igual modo é igualmente uma disciplina que exige rigor na sua consecução. Tendo como principal foco de atenção a pessoa, os grupos e as comunidades, a enfermagem deve ser vista com autonomia no âmbito da saúde, tendo em conta a prevenção de complicações e a promoção de comportamentos que visem o melhor bem-estar de todos. Existe um dever perante aqueles a quem a enfermagem assiste, que pressupõe os melhores cuidados de saúde possíveis.
No entanto, além dos seus deveres, a enfermagem apresenta também direitos, que por vezes são esquecidos no emaranhado que é estabelecido pelas exigências da sociedade, pelas questões políticas e pelos impasses económico-financeiros. E, se por vezes a enfermagem pode não ter a força suficiente para zelar pelos mesmos, embrenhada que se encontra no cumprimento das suas responsabilidades, então, cabe a essa mesma sociedade e a todos os cidadãos olhar por ela e protegê-la, e consequentemente cuidando dos interesses que dizem respeito à sua saúde. Sim, porque defender os direitos dos enfermeiros significa uma defesa da saúde, da sua qualidade e da sua otimização.
É necessário, mais do que nunca, olhar pela nossa enfermagem e pelos nossos enfermeiros.
Não sabemos os tempos que aí vêm, tampouco existem bolas de cristal para nos colocarem de sobreaviso, mas tendo em conta o panorama bélico que temos vindo a viver e a acompanhar, e as suas respetivas consequências, é realmente urgente cuidarmos melhor daquilo e daqueles que nos poderão ajudar melhor no presente e no futuro. Não é esta a altura para esquecimentos: é o momento para darmos atenção aos que deram de si para que todos estivéssemos bem.
É verdade que os dias de sol já chegaram e, com eles, talvez também tenha chegado um maior usufruto da vida. A nossa disposição melhora, somos chamados ao ar livre e a viver mais entre comunidade. Ainda assim, há que tomar conta dos outros de maneira a que os mesmos possam igualmente cuidar de nós. Agradeça ao/à seu/sua enfermeiro/a – com certeza ele/a também irá agradecer.

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