A responsabilidade de todos
Escreve quem sabe
2018-12-16 às 06h00
O conceito de amizade é discutível, nos dias que correm. Dizem que não há amigos. Mas a verdade é uma, a amizade é o oxigénio da alma. Por uma razão óbvia e compreensível, faz falta partilhar e desabafar na “tristeza e na alegria”. Há quem diga, “Eu não preciso de amigos/as para nada.”,ou, “Antes só do que mal acompanhado/a”. Não é assim linear, como se a linha fosse traçada a régua a esquadro. A amizade tem linhas tracejadas, onde muitas vezes o lápis que traça a linha é mais intenso no início e mais ténue no final. Amizades perfeitas não existem. Mas também não há nenhuma amizade que verdadeiramente genuína não tenha pelo menos algumas discussões pelo meio. Faz parte. Pode-se dizer que atualmente, a solidão e até mesmo a depressão são algumas das consequências de falta de uma boa amizade.
Sim, uma boa amizade, sobretudo quando se vive na sociedade do descartável. Quer-se com isto dizer que , se assiste a um novo fenómeno , onde as pessoas são tratadas como objetos, onde devem estar à mercê de vontades “do com quem, onde, quando, e como” se quer e se apetece. Vulgarizou-se a amizade. Não são amigos, são “amiguinhos”. Porquê que apelidamos de amigo/a aos que na verdade são incorretos/as e fazem mal? É um contrassenso. Mas na verdade existe uma explicação. É mais fácil mostrar uma falsa harmonia e ser politicamente correto do que dizer, “Eu não gosto de ti”.Porque fica mal, mostrar, afinal o que os outros poderiam pensar. E vivemos e sofremos assim nas falsas aparências. Escolhem-se os amigos com base no que mais adiante estes lhe possam oferecer, sobretudo status. Uma espécie de conceito de amizade narcisista secreta que se baseia em expressões tais como: “Eu gostava de ir para ali.” (porque dizer, “Eu quero” seria “dar nas vistas”),
“Apetece-me fazer isto, e a ti?.”(porque aqui também, não mostrar algum interesse nas vontades na outra pessoa, mesmo que falso seria demasiado óbvio) Etc. Também se manifesta em comportamentos subtis, escondidos e de falso “bem -querer” onde as palavras não expressam a verdade . A título de exemplo, a incentivação de um/a amigo/a para algo que este ultima quer muito. As palavras dizem: “Vai em frente amigo/a. Apoio-te”. Mas a realidade, é na verdade outra. “Não vai ser nada para ti, mas sim para mim.”, intentado à margem ou “pela calada”. Há amizades que adoram diminuir a autoestima. Há sempre uma das partes que lhe dá prazer ficar sempre em vantagem. Imagine que alguém na sua inocência, confidenciou ao “amigo” que não simpatizava com determinada pessoa na empresa. A empresa convida para o convívio de Natal ,e nessa mesma festa os colegas elogiam no/a a boa disposição. Se o “amiguinho” ficar enciumado vai contra- atacar com a informação anterior. Concretamente, não espere que lhe diga que é um mau comunicador/a. Isso seria demasiado óbvio e mentira perante os/as outros/as. Vai-lhe dizer os seguinte: O nosso colega, o que não simpatizas é tão sociável. Gosto da forma como se expressa”. Quem muito se destaca já não tem mais serventia, logo corta-se a amizade. E há pessoas que fazem desta nova forma de relacionamento social, um ciclo vicioso. Um ciclo tão complicado que tem consequências tanto para aquele que é destratado/a como aquele que infere e deturpa o real conceito de amizade.
A solidão acaba por atingir a médio ou a longo prazo todo aquele/a que tem comportamentos erróneos para com o outro. Ficam sozinhos/as e posteriormente dizem-se abandonados/as que ninguém os/as compreende. Um claro sinal é quando alguém muda de amizades com frequência e normalmente são muito empáticos num primeiro contacto. Basicamente, são pessoas extremamente calorosas e disponíveis num primeiro contacto mas depois não conseguem manter o mesmo registo. E um outro fator muito importante, é que nunca reconhecem a culpa, mas sim nos outros/as. O mais normal, é termos de lidar com este tipo de pessoas. Não sempre é possível afastarmo-nos, por motivos profissionais ou até familiares. Chatear e desgastar não vale a pena, estas pessoas já carregam a consciência pesada e o fardo de terem amigos passageiros e terem a necessidade de estarem consequentemente atrás de novas pessoas a fim de estabelecerem algum vínculo emocional. O verdadeiro significado da amizade é ser correto/a. Essa a verdadeira marca e o registo que deixamos em alguém e fazem de nós pessoas inesquecíveis.
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