Portugueses bacteriologicamente impuros
Escreve quem sabe
2019-03-19 às 06h00
O Homem é um ser social que não consegue viver sozinho. A ligação afetiva é-lhe intrínseca e razão da sua superior sobrevivência.
A família é o pilar base - de tudo - mas segue-se-lhe a amizade.
É comum ouvir dizer que a família não se escolhe, mas os amigos sim.
A família está ligada aos genes, as amizades dependem das circunstâncias.
Temos amigos em conformidade com o que fazemos durante a vida. Temos amigos: de infância; de escola; de vizinhança; de clube; de profissão; de associação cívica ou política. Por práticas desportivas ou de lazer. Por escolhas de amizade de família. Por… os amigos dos meus amigos, meus amigos são.
Há quem diga que os amigos verdadeiros são poucos. Os outros serão assim apenas conhecidos. Discordo. Conhecidos são aqueles a quem identificamos sem dificuldade e somos por eles reconhecidos. Muitos até os tratamos pelo nome e cumprimentamos com maior relevância, mas certamente não os incluímos nos bons momentos de confraternização. Claro que há distinção de amigos. Haverá sempre uns a quem atribuímos mais confiança. Outros de quem ficamos próximos na partilha de circunstâncias e momentos agradáveis de vida. Outros que trocaríamos por elementos que pertencem à nossa própria família. A todos chamo amigos.
A amizade traduz o que somos. Os amigos conhecem os nossos habituais comportamentos. Compreendem atitudes de circunstância. Não se engam sobre a nossa personalidade.
Há também quem diga: “quem tem muito amigos, não tem amigo nenhum”.
Tem sentido a frase, mas eu atribua-a aos mais desafortunados ou a pessoas com mau feitio. Este não é o entendimento de quem vive amizades. Sim no plural: amizades.
Entre os meus 6 e 16 anos de idade, por razões profissionais de meu pai, tive de mudar de local de residência quatro vezes. Senti fortemente a dor da perda de amigos feitos. Senti a dureza de ter que construir outras amizades. Tive o privilégio de conhecer muita gente de quem fiz amigos e amigas. Não me importo de continuar a conhecer mais.
Os amigos nunca são demais
A amizade tem que ser sentida e partilhada ao longo da vida. Se assim não for, ficam-se pelas boas recordações. Esta é a razão pelo qual os amigos mais recentes acabam por ser privilegiados, pois partilharmos momentos e não memórias. Isto é tão evidente que até parece que os mais recentes são os mais importantes. É verdade. Poderão até não ser os melhores que conhecemos, mas são os melhores que hoje temos. Como diz o ditado: “longe da vista, longe do coração”.
Nem todos permanecem na nossa memória e muitos nem a possibilidade de poderem partilhar o nosso quotidiano. Distinguimos porém os mais importantes. Aqueles com partilhamos momentos de vida de maior intensidade, tenham eles sido vividos na escola, na experiência de vidas fora do ambiente familiar (serviço militar, estudos ou profissão realizados fora no nosso habitat), nas opções de escolhas que nos juntam (clubes, associações, partidos),nas aventuras da vida e de lazer que permitem melhorar o conhecimento mútuo.
A amizade não é um direito que se adquire, mas oportunidades de escolha que vida nos dá. Isto implica à partilha de tempo para as presenças. Sem tempo, não há socialização e sem ela, troca de opiniões, de alegrias, de tristezas e lágrimas, de prazeres e satisfações como as partilhadas numa mesa de um bar ou restaurante.
A amizade tem porém obrigações:
Exige a liberdade da pertença; Quem não se sente bem com …, não pode chamar-lhe amigo;
Exige presença e disponibilidade para a vivermos com os outros; Quem apenas aparece a oportunidades, perderá lugar nos momentos em que ela melhor se proporciona.
Exige reciprocidade; Quem não dá quando pode, sentirá a amizade a fugir para o esquecimento educado, até ao limite da ignorância propositada;
Exige lealdade; Mesmo que tolerado pelo “socialmente correto” o oportunismo é o pior “pecado” da amizade. Mais cedo, ou mais tarde, haverá escolhas de recusa.
Exige equilíbrio social; Quem escolhe apenas privilégios e o bom viver, arrisca a sua presença por troca com gente mais importante e de posses maiores;
A amizade é o prazer de sentir que se existe com outros e não apena para outros e por outros. Essas tem outras designações.
Tenho o privilégio de ter muitos amigos. Tenho por isso oportunidades múltiplas de seleção entre quem partilho sentimentos pessoais daqueles com quem partilho bons momentos de convívio. Sei distinguir entre quem me acompanha no quotidiano, dos que me ajudam a ser mais feliz.
Obrigado a todos. Sem vocês a vida não tinha tanto sentido nem sabor.
15 Junho 2025
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