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Ano Novo

Indispensáveis são os bracarenses

Ano Novo

Voz aos Escritores

2024-01-12 às 06h00

Joana Páris Rito Joana Páris Rito

Quero um Ano Novo de Paz, o fim das guerras, o desmoronar das tiranias nos escombros dos prédios bombardeados, quero crianças felizes, crianças a quem não roubem a infância, os pais, os avós, as casas, as escolas, os hospitais, a quem não furtem a vida, não mais crianças de existências curtas, sopros de anjos esfomeados que se elevam aos céus poluídos das Guerras, meninos e meninas desconhecedores da condição Velho, porque a velhice é apanágio dos que não morrem jovens.
Quero um Ano Novo sem solidão e abandono, sem idosos a aguardarem a Morte em lugares vazios de Amor, velhos despejados nos hospitais, estirados em macas frias de corredores impessoais e tristes, velhos perdidos nas suas casas num doloroso desamparo, quero um Ano Novo em que a antiguidade não seja estorvo, mas fonte de sabedoria, e o aconchego dos Avós um doce que perpetuámos na ternura das memórias, quero renomear a terceira idade, chamá-la Maior Idade e aos anciãos os nossos Maiores.
Quero um Ano Novo de cura para os doentes, acesso à Saúde e cuidados médicos, que não escasseiem mãos curadoras e a ciência e a farmacologia deixem de ser negócios centrados nos lucros de biliões, se debrucem na sua essência, no bem-estar das crianças, homens, mulheres e animais, na busca da qualidade de vida e da longevidade salutar, quero que a Luz ilumine investigadores e cientistas, médicos, enfermeiros e auxiliares da Saúde, e que dessa Luz nasça a Esperança da salvação e da existência terrena minguada de dor.
Quero um Ano Novo de Abundância, oco da ditadura da fome, a fome que engole milhões de vidas, a fome que se empanturra de ossos tenrinhos, bebés e crianças quase sem carne, ventres bojudos e olhos secos, desorbitados, corpos que perderem todas as forças, até o alento para chorar, crianças de bocas abertas na vã espera do sustento que tarda, exaustas de espremerem seios secos, esquálidos, esvaziados do alimento da vida, Mães impotentes de filhos moribundos nos braços, pietás de carne humana escanzelada.
Quero um Ano Novo de Liberdade, libertação dos presos políticos, dos jornalistas e escritores calados pela absurda censura dos países ditatoriais, libertação dos que gritam por um Mundo Melhor e arriscam a vida ao apontarem as injustiças, as desigualdades, as violações dos Direitos Humanos, quero um Ano Novo de Democracia onde a Liberdade de Expressão é o sustentáculo do regime, quero Mulheres soltas de cabelos ao vento, Mulheres desencarceradas das burkas, com acesso à educação, ao trabalho, ao próprio pão, Mulheres de vozes elevadas sem Medo da prisão, da violência dentro e fora de casa, sem Medo do futuro das filhas, sem Medo da própria existência, da absurda religião que mais não é que um subterfugio do homem para a subjugação, quero um Ano Novo de igualdade de direitos e deveres, um Mundo onde ser Mulher não seja violação, parição e anulação.
Quero um Ano Novo de Justiça, essa senhora de balança desequilibrada na mão, cega, surda, muda e marreca, Abre os olhos, Senhora, vê a corrupção, a violência, a usurpação, escuta os gritos dos injustiçados, dos pequenos pelos grandes pisoteados, os grandes que se julgam donos de ti e da Terra, intocáveis, proprietários de bens e de vidas, endireita-te, Senhora, faz-te justa sem privilégios, defende os oprimidos na paridade dos Direitos, Deveres e Obrigações.
Quero um Ano Novo de Lar, que os errantes da Terra, fugidos das Guerras e da Fome, da Miséria e da Violência, encontrem um Porto de Abrigo, um lugar sem tiros, sem estrondos, sem míngua, que não mais sejam escorraçados, povos sem terra indesejados pelos que a têm, quero um Ano Novo de estender a mão, Tu, que tudo possuis, dá a mão ao que tudo perdeu, Tu, que vives num lar, num país livre e protegido, que tens pão, saúde, Paz, justiça e educação, não julgues o que chega, não o discrimines pela cor, fé, orientação sexual ou religião, é um ser humano que procura uma vida melhor, para si e para os seus, um trabalhador, uma trabalhadora que contribuirá para que o teu país cresça e prospere no amanhã que depressa se avizinha e um Ano Novo virá.
Quero um Ano Novo num Mundo sem Muros, sem Ódio, sem Maldade, sem a Devastação Ecológica, quero o respeito pela Mãe Natureza, a sobrevivência da Terra e a inviolabilidade do Sagrado Feminino.
Podes dizer que sou uma sonhadora, mas acredita, não sou a única, e talvez um dia, neste Ano Novo, nos unamos na irmandade dos Homens e das Mulheres e o Mundo será para sempre como o imaginado e cantado por John Lennon.

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