A História é difícil e não é “sexy”?
Ideias Políticas
2024-06-25 às 06h00
O desejo não é novo. O reconhecimento não é novo. As dificuldades não são novas, mas se há coisa que parece ser quase certa, mesmo ao fim destes longos meses, é que podemos mesmo conseguir indicar António Costa como Presidente do Conselho Europeu.
Muito se falou deste cargo nestas ultimas eleições europeias. Os especialistas do sofá sairam do conforto das almofadas e vieram para a comunicação social explicar o terrível que seria ter o perigoso europeísta António Costa a substituir Charles Michel. Mas não foi suficiente. E ainda bem.
O Conselho Europeu, que é a instituição da UE que define as orientações e prioridades políticas gerais da União Europeia, é um cargo demasiado importanto para não perdermos nas partidarites nacionais. É preciso refletir na qualidade do candidato que, por diversas vezes, em diferentes contextos e cenários, provou ser um dos melhores da sua geração.
A qualidade de António Costa é inegável e nunca é demais recordar o papel significativo na cena europeia. Os esforços para coordenar a resposta à pandemia, promover uma agenda social robusta, reforçar a autonomia estratégica da UE e fomentar transições justas e sustentáveis tiveram um impacto imensurável na União Europeia e estes avanços só refletem o seu compromisso com uma União Europeia mais coesa, resiliente e socialmente inclusiva.
Talvez por saber reconhecer a qualidade e o mérito de António Costa, o nosso primeiro-ministro, Luís Montenegro, que tem assento no Conselho Europeu, (e que por conseguinte é o único português a ter uma palavra a dizer na escolha do próximo Presidente do Conselho Europeu) se prontificou a informar a sua familia politi- ca europeia do apoio ao nome do ex primeiro-ministro. Mas todos os caminhos são espinhosos e por mais viável que seja esta indicação, há desafios a superar. Uma divisão a meias do mandato de presidente do Conselho Europeu entre os dois maiores grupos políticos. Foi esta a proposta que saiu do seio do PPE (familia politica do PSD) que não agradou, em nada, os Socialistas e Democratas. É importante recordar que uma divisão deste cargo só traria instabilidade política e poucas vantagens para a União Europeia e é hora de regressar à seriedade da questão.
Não esqueçamos a pouca vergonha que o Ministério Público promoveu, ao divulgar escutas sem qualquer relevância política ou criminal, numa clara tentativa de manchar o nome de António Costa. Podemos até não gostar de António Costa, mas estes ódios não podem contribuir para mais um ataque ao Estado de Direito. Ninguém, absolutamente ninguém ligado ao Ministério Público veio a terreiro dar uma explicação, continuando este orgão a agir com agenda própria, sem escrutínio, mas com cada vez menos apoio popular e político.
Agora é aguardar, pelas próximas rondas negociais, com a serenidade que devemos ter neste momento diplomaticamente denso. É essencial não fazer deste momento um caso de vida ou morte no futuro de Portugal e deixo aqui uma verdade de La Palisse: há mais vida para além da nomeação de António Costa. Mas deixo também outra certeza: no contexto atual, de necessidade da mobilização dos moderados para a luta pela defesa dos valores europeus, em que a luta contra a extrema direita se faz por toda a Europa, necessitamos mais do que nunca de lideranças fortes. A nomeação de António Costa poderá ser uma motivo de orgulho para os Portugueses, mas a sua indicação pode também ser um farol na defesa dos valores europeus e isso vale mais do que qualquer patriotismo.
25 Março 2025
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