Entre a vergonha e o medo
Escreve quem sabe
2021-01-10 às 06h00
Ele é o PS aos esses, ele é o Benfica aos esses, ele é Trump, varrido de todo, completamente aos esses. O charivari é tanto que cidadão atento entra em vertigem com o carrossel. Salva-se, neste panorama, a marcha triunfal das Bitcoins, engodo de que vão falando alguns jornais em capa, quase com aquela esclarecida acutilância como nem há um ano se vendiam as façanhas de J. J. por Terras de Vera Cruz. Nem um décimo vem tendo o não menos esclarecido e luzente em Abel Ferreira. Filhos e enteados, é o que é.
Escândalo! Qual escândalo? A senhora Van Dunem agiu de acordo com o estado da arte, e só não o vê quem anda por aí a denegrir a Nação. Se no PS são todos bons, no PSD sobram bandalhos. Traidores, é o que é.
Socialista que se vitimiza, socialista que uma vez mais está acima de qualquer suspeita, quanto à honorabilidade, quanto à defesa incondicional do que melhor seja para a República. Eu sei que é um clássico, que é filme que já vimos. Não é por nada, mas este Costa indignado até me parecia o Trump. Ah! E o Sócrates, lembram-se, também era uma fera.
Vejamos: qual é a Nação que se respeita que admite que os critérios de um concurso sejam afinados quando já se conhecem os candidatos? Na TV, e vi e ouvi um senhor, que deve ser muito importante, quanto mais não seja pelo «e» que Silva junta a Magalhães. Havia três parâmetros base, dizia a insigne figura, pelo primeiro e pelo terceiro levaram os candidatos com a mesma pontuação, pelo segundo, que seria «experiência e antiguidade», pois que o júri, na sua douta decisão, teria deixado cair a experiência, valorando apenas a antiguidade. E aí, o que ganhava, ganhou. Resumindo: um «e» que nada vale, que nada junta.
Eu, só por descargo de consciência, gostava que o Júri, com transplantada isenção, qualificasse agora os candidatos, mas valorando por cotação corrente a experiência factual. Ganhava o mesmo: tanto melhor! Mas não ganharia, pois não? Teorema demonstrado.
Indicamos nós uma figura, querem os pares europeus outra. Mas quem manda, afinal? Porque é que o Júri externo há de ser melhor que o interno? A patriótica pergunta é do mesmo cavalheiro. Tudo bem, mas não é o PS – no seu todo – um campeoníssimo do ideal europeu, do mais Europa, do cada vez mais Europa? Se Bruxelas apara o nosso Orçamento, porque é que um organismo europeu não há de ter a prerrogativa de escolher entre as virgens que levamos a altar? Se é para ser frouxo, que o seja o PS em tudo. É porque a tese do «em nós, mandamos nós» é exactamente a tese da Madame Le Pen, que decalca a tese do Ventura no «vai para o Golfo da Guiné, ó gaga».
Em suma: a senhora ministra pode nada ter a ver com a promoção de um e o arrumar de outra. Mas a grande família socialista, essa, terá. Sabe o senhor Costa que tem, como o sabem os que vêm passando pelas televisões em defesa da honra. Em frases sucessivas, na mesma alocução, no mesmo parágrafo, ouvimos Costa dizer que não havia «incorrecções», mas que a senhora ministra já tinha expedido uma carta para «corrigir». É a semântica flutuante do «lapso», do «erro por simpatia». João Soares empurrou mesmo para a «sintaxe». Ele saberá o que é a sintaxe?
No essencial, está-se o povo nas tintas para quem vai para Procurador Europeu, se este, se aquela. É um tacho, e está tudo dito. No resto, nem nós descalçamos a bota, nem o PS aperta os cordões. Calcam sempre as mesmas pontas soltas, caem em cima de nós, e depois, como sabemos, fomos nós que empurramos os meninos. Que pestes somos!
PS. Não se esqueçam: os monstros, somos nós que os criámos.
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