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As Bibliotecas e a preservação do património da imprensa local

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As Bibliotecas e a preservação do património da imprensa local

Voz às Bibliotecas

2021-05-27 às 06h00

Rui A. Faria Viana Rui A. Faria Viana

Foi há dias noticiado por vários meios de comunicação social, a aquisição pela Câmara Municipal de Viana do Castelo da colecção e do espólio do jornal vianense “A Aurora do Lima”. Actualmente em publicação, este jornal foi fundado em 15 de Dezembro de 1855 e, para além de ser o periódico mais antigo de Viana do Castelo, presentemente é também o que se edita há mais tempo em Portugal continental e o segundo no país, logo a seguir ao “Açoriano Oriental”, diário insular que se publica regularmente na ilha de São Miguel desde 18 de Abril de 1835.
A colecção do jornal “A Aurora do Lima”, correspondente a 165 anos de edição, é um espólio de enorme valor histórico e documental para o país, e um património importantíssimo para Viana do Castelo e a região. No seu percurso de vida consegue sobreviver às convulsões políticas do fim da Monarquia Constitucional e dos primeiros anos da I República; prossegue, controlado pela censura nos 42 anos da Ditadura Nacional, e integra-se com independência no regime democrático surgido da “Revolução de Abril de 74”. Presentemente, tenta sobreviver à “revolução” tecnológica imposta pela internet.
Este periódico, ao longo dos tempos, tem reunido interessante colaboração. Dos colaboradores que mais se destacaram nas páginas do jornal, começamos por Camilo Castelo Branco. Colaborou com regularidade e «esteve a viver em Viana do Castelo, na qualidade de responsável da redacção (…). A sua permanência na cidade do Lima vai de 7 de Abril a 28-5-1857, despedindo-se abruptamente. Continuou todavia a prestar a sua colaboração (…) tendo publicado com a chancela do jornal dois romances: Cenas da Foz (1857) e Carlota Ângela (1858), publicados ambos originalmente em folhetins» ( CABRAL, Alexandre – Dicionário de Camilo Castelo Branco. Lisboa: Caminho, 1989, p. 42). Ainda sobre Camilo, por altura do 54.º aniversário deste periódico, refere-se: «Camillo usou neste jornal o pseudonymo de João Junior e ainda outros como Barão gregório e Nunes de Carvalho e as iniciais C.C.C. e J.G. São delle diversos folhetins escriptos em 1858 com o pseudonymo de Enxota cães da Matriz, engraçadas conversas com Faustino Xavier de Novaes, que usava a rubrica de Enxota cães da Sé de Braga».
Mas, outros distintos colaboradores assinaram o seu nome nas páginas deste jornal. Faustino Xavier Novaes, Miguel de Lemos, Bolhão Pato, Costa Goodolphim, Guerra Junqueiro (ao tempo Secretátio Geral do Governo Civil de Viana do Castelo), António Feijó, João da Rocha, João Verde, Abílio Maia, Avelino Dantas, Alberto Cruz, Álvaro Pinheiro, Domingos Tarroso, José Caldas, Figueiredo da Guerra, Abúndio da Silva, Cláudio Basto, Júlio de Lemos, Severino de Faria, Alfredo e Óscar de Pratt, os jornalistas Paulo Osório, Amadeu Cunha e Rodrigo Solano, os escritores galegos Noriega Varela, Alvaro de Las Casas e Rodrigo Solano. Também Sampaio Bruno, Maria Amália Vaz de Carvalho, Ramalho Ortigão, Francisco Viriato de Carvalho e Cam- pos Monteiro, entre muitos outros, escreveram neste periódico.
Sobre este jornal referiu Artur Anselmo: «a colecção da Aurora do Lima, valorizada pela colaboração de numerosos escritores e jornalistas de projecção nacional, é um repositório de informações cuja consulta se torna imprescindível para o estudo da história de Viana desde meados do séc. XIX» (In Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa: Verbo, 1979. Vol. 19, p. 347).
Atendendo às características e à longevidade do jornal (cobre os acontecimentos e notícias da cidade e da região da segunda metade do século XIX, de todo o século XX e dos inícios do século XXI), a “A Aurora do Lima” é um periódico que desperta imenso interesse aos investi- gadores e possui uma relação afectiva muito forte no seio da comunidade vianense.
A sua conservação fica agora ao cuidado da Biblioteca Municipal que vai proceder de imediato à sua digitalização e respectivo tratamento técnico com vista a proporcionar uma consulta mais alargada a todos os interessados de forma a não comprometer a sua preservação.

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