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Voz às Bibliotecas
2025-02-06 às 06h00
As bibliotecas públicas guardam nas suas coleções documentos dos mais variados assuntos e, ao carácter generalista dos seus fundos, juntam-se outros de índole local em resultado da preocupação de reunir conhecimento relacionado com a história, a vida e a memória da comunidade. Surge assim, no âmbito da biblioteca pública, uma informação especializada considerada também uma secção própria ou específica voltada para a satisfação dos estudos locais. Por isso, estes documentos devem ser considerados especializados, porque são específicos de determinado local ou região assumindo um estatuto memorativo por serem testemunhos privilegiados do passado. Trata-se de uma coleção composta por documentos muito diversos, podendo ser raros e até valiosos, geralmente constituídos por espécies documentais produzidas pela comunidade ou relacionadas com ela, destacando-se os mais variados assuntos que vão desde as origens, a história, a economia, os costumes e tradições, o património às figuras de relevo e de destaque no meio social.
Por muitos consideradas como os parentes pobres do livro, neste conjunto documental de cariz local, as revistas assumem uma importância assinalável dado o seu valor informativo, predominantemente factual, sobre determinada época, independentemente do mérito cultural ou científico dos trabalhos nelas insertos. Apesar de muitas vezes efémeras, devido ao seu caráter precário e à dificuldade de acesso a coleções completas, as revistas permitem-nos perceber a mentalidade predominante em certo período de tempo, possibilitando-nos informação pertinente relativa ao universo dos colaboradores, à orientação dos editores, aos procedimentos de ordem técnica presentes na composição e impressão, e ao pulsar do tecido socioeconómico muitas vezes retratado em anúncios publicitários. Enfim, dão-nos uma visão de diversos aspetos que enformam o curso da história.
Neste âmbito, falamos, a título de exemplo, do Roteiro de Viana, uma publicação surgida em Viana do Castelo, entre os anos de 1959 e 1988, editada e dirigida por J. Camilo Pastor. Inserida no conjunto de publicações cuja abrangência se circunscreve aos interesses locais e regionais, podemos afirmar que se trata de uma edição que contribuiu sobretudo para o desenvolvimento do espírito bairrista e o aumento do prestígio local dos colaboradores.
Ao longo da sua vida, o editor do Roteiro de Viana, J. Camilo Pastor, dedicou-se ao jornalismo, sendo, para além de redator e administrador do jornal “Notícias de Viana”, correspondente dos jornais “Faro de Vigo”, “Diário da Manhã”, “Novidades”, e também da “Emissora Nacional”. O facto de ser encarregado do Posto de Turismo da Câmara Municipal terá facilitado, e até contribuído, para que viesse a fundar o Roteiro de Viana, uma vez que se trata de uma publicação essencialmente voltada para a promoção turística.
Com o subtítulo de revista de cultura regionalista e de turismo, o Roteiro de Viana, possuía um formato de 23x16,5 cm, com mais de uma centena de páginas não numeradas, e quase sempre uma capa elaborada com base numa fotografia a cor, com um motivo relacionado com o património cultural, ou religioso da cidade, ou do seu concelho. Em geral, a sua tiragem compreendia os 5.000 exemplares que se destinavam à oferta e distribuição gratuita durante o mês de agosto, por ocasião das Festas de Nossa Senhora da Agonia. Assim, não só a periodicidade anual do Roteiro estava estritamente ligada à data da realização das Festas d’Agonia, porque a elas era dedicado, como também a sua estrutura apresentava algumas particularidades, justificadas pelo momento em que surgia, como seja a inclusão do respetivo programa das festas, tornando-o único no género na região. Na sua estrutura gráfica, evidencia-se uma certa homogeneidade, mantendo-se como elemento caraterizador uma forte presença de anúncios publicitários que extravasam os limites da região e eram o seu suporte financeiro, intercalados, aqui e ali, por diferentes textos, na sua maioria de âmbito turístico-cultural, versando temas relacionados com a arqueologia, a etnografia, a etnologia, o artesanato, a história, o património e a literatura. Os trinta volumes publicados, constituem hoje um valioso repositório de interessantes trabalhos de natureza local e devem ser entendidos como um importante património bibliográfico do Alto Minho.
20 Fevereiro 2025
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